Efeito pandemia: 34 mil alunos, ou 20% do total, cancelaram matrícula na rede privada do DF em 2020
Muitos migraram para a rede pública, enquanto outros optaram por colégios com mensalidades mais baratas
atualizado
Compartilhar notícia
A pandemia do novo coronavírus dobrou o percentual de cancelamento de matrículas de estudantes nas escolas particulares no Distrito Federal.
Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), os colégios particulares tinham 170 mil estudantes. Deste total, 20% cancelaram as matrículas em 2020. Ou seja, 34 mil deixaram as unidades para estudarem em colégios com mensalidades mais baratas ou migrarem para a rede pública.
Pelas contas do sindicato, em 2019, o percentual de cancelamento de matrículas foi de 10%. Em 2018, orbitou entre 10% e 12%.
Segundo o diagnóstico da presidente do Sinepe, Ana Elisa Dumont, a evasão foi maior na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
Retorno
Apesar do dado alarmante, Dumont diz que o setor começou a perceber um retorno ainda discreto de alguns estudantes. “Muitos decidiram retornar, mas o censo do regresso só estará pronto no final de janeiro de 2021”, contou.
Ainda sob o ponto de vista da presidente do Sinepe, o regresso tem diferentes explicações. Parte dos pais mostrou confiança no modelo híbrido com aulas remotas e presenciais. Outra parcela se viu obrigada, por imposição da Constituição Federal.
“Muitas pessoas desconhecem a Carta Magna que determina a matrícula obrigatória a partir dos 4 anos”, explicou Dumont. Pais que mantiverem os pequenos fora da escola podem ser convidados a se explicar ao Conselho Tutelar.
Segurança
Ainda na avaliação de Dumont, a rede particular mostrou estar preparada para a volta das aulas com segurança na pandemia. “Não tivemos números expressivos de contágio”, celebrou, sem estimar percentuais.
Transferência
Na análise do diretor do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinproep-DF), Rodrigo de Paula, os estudantes, em sua maioria, estão migrando para as escolas da rede pública.
“Veremos o aumento da disputa pelas vagas públicas, ainda mais nas creches, que já têm um déficit. Faltam incentivos para as particulares atravessarem a crise”, pontuou.
Confira as regras de segurança sanitária nas escolas particulares:
Mensalidades
Na leitura do presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Alexandre Veloso, a evasão das escolas particulares é resultado dos constantes aumentos de mensalidade.
“A questão da mensalidade está ficando insuportável. Todo ano tem reajuste. Neste temos de 5% a 10%, dependendo da escola”, apontou.
Conforme aponta Veloso, famílias das classes média e alta tendem a permanecer nos colégios particulares. O mesmo não ocorre nas casas mais humildes.
“Quem tem filho em escolas menores, com mensalidade de R$ 300 a R$ 600, está enfrentando dificuldades e tirando a criança para colocar na rede pública”, pontuou.
Fazendo as contas
A Secretaria de Educação recebeu 31.048 de inscrições de novos estudantes interessados em ingressar na rede pública em 2021.
“O número foi menor do que o registrado no ano anterior, quando ocorreram 38.579 pedidos, uma diferença de 7.531 estudantes”, informou a pasta, em nota enviada ao Metrópoles.
Mas, em relação à migração de alunos da rede privada para a pública, a área técnica da secretaria ainda prepara o levantamento total.
Segundo a pasta, o resultado das inscrições está previsto para o dia 21 de janeiro, a partir das 18 horas, no site da secretaria e nas escolas. As informações a respeito da efetivação de matrículas serão divulgadas no fim de janeiro.