Educação oferece nova creche para menino que quebrou braço em escola
Estudante de 2 anos tem diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autista. Segundo a família, houve negligência do colégio, mas direção nega
atualizado
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A Secretaria de Educação do Distrito Federal ofereceu vaga em uma nova creche para Benjamin Dutra, o garoto 2 anos e 8 meses diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) e vítima de um acidente no Centro Educacional Samar, em Santa Maria. A família da criança acusa a escola de negligência, mas a direção pedagógica da unidade de ensino nega.
O menino estuda no colégio com uma bolsa pública da Secretaria de Educação do Distrito Federal. “Agradecemos a secretaria de antemão. Nossa intenção era mudar Benjamin de escola. Eu vi a agonia do meu filho”, afirmou o pai do menino, o empresário Diego dos Santos, 41.
A Secretaria de Educação do DF prometeu fazer uma diligência na creche Samar para apurar o episódio. “Adicionalmente, a secretaria entrará em contato com a família da criança, oferecendo a possibilidade de transferência de matrícula para outra unidade de atendimento. Tal medida visa assegurar o suporte necessário tanto para a criança quanto à família, contribuindo para a plena recuperação do estudante”, argumentou a pasta.
Segundo Diego, por se tratar de uma bolsa pública, a família não teria autonomia para transferir o filho. No entendimento do empresário, a escola não tem profissionais preparados para lidar com crianças com diagnostico de TEA. “Este o segundo acidente do meu filho neste ano”, ressaltou.
Benjamin quebrou o braço direito na última quinta-feira (28/11). Segundo a família, o menino não recebeu atendimento médico e o devido cuidado. Diego conta que no dia do acidente recebeu uma ligação da creche via WhatsApp, pedindo para que os pais fossem buscar o garoto e levá-lo ao hospital. A direção da unidade nega qualquer tipo de negligência.
“Minha esposa perguntou o que havia acontecido e nos informaram que ele teria deslocado o braço após cair de um escorregador do parquinho, mas sem entrar em detalhes”, conta Diego. “Acontece que é a segunda vez que eles informam que o Benjamin cai desse brinquedo”, completa.
De acordo com o pai disse, Benjamin já havia caído desse brinquedo uma vez, em 16 de setembro. Na ocasião, ele ficou com a testa roxa. “A diretora afirmou que foi um fato isolado e se comprometeu em garantir a segurança dele”, relembra. “Apesar de a minha esposa não ter concordado com aquela justificativa, nos acalmamos, pensando que estava tudo resolvido. Agora, tivemos essa triste surpresa”, diz.
A esposa de Diego e mãe de Benjamin está esperando o quarto filho do casal. Grávida de três meses, ela ficou desesperada ao ver a criança com o braço quebrado. “Ela queria trocar de lugar com ele, aliviar a dor do filho de qualquer jeito. Ele chorava de um lado, e ela do outro. Até a chegada ao hospital, foi muito sofrimento”, afirma o homem.
Papelão e atadura velha
Diego alega que a creche não prestou os primeiros socorros ao Benjamin e nem acionou Corpo de Bombeiros ou Samu. “Não tinha ninguém na creche preparado para esse tipo de ocasião. Chegando lá, procurei algo que pudesse servir como uma tala improvisada para imobilizar o braço dele, e não havia nada”, comenta.
“Alguns minutos depois, me deram um pedaço de papelão e uma atadura usada”, revela o pai. “Se não me engano, foi a própria diretora que arrumou esse material, a creche não tinha.”
“É triste, porque, do momento da ligação até a nossa chegada — o que durou quase uma hora, o Benjamin ficou agonizando de dor. Eu deixei o meu filho lá pela manhã sem nenhum arranhão, e agora ele está aqui sem poder se mexer direito”, lamenta.
Benjamin passou por cirurgia na última sexta-feira (29/11), pela manhã, e recebeu alta no dia seguinte. Ele recebeu três pinos para correção óssea no cotovelo direito e deverá ficar assim durante um mês. “Passará por acompanhamento toda semana para saber se o quadro está evoluindo bem. Caso contrário, poderá ter que fazer outra operação”, comenta o pai.
“Serão 60 dias. Depois, ainda vai ter que passar por reabilitação para recuperar a força e os movimentos”, lamenta.
Respostas
Em nota enviada ao Metrópoles, a creche lamentou profundamente o acidente e negou, mais uma vez, negligência. “O Centro Educacional Samar nega veementemente qualquer acusação de negligência. Todos os monitores e professores da instituição são devidamente treinados para lidar com crianças de todas as idades e com necessidades especiais, incluindo aquelas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”.
O centro educacional afirmou que segue um protocolo específico para garantir a segurança de alunos com TEA, que inclui monitoramento constante e a adaptação das atividades para o bem-estar e desenvolvimento. “No momento do acidente de 28 de novembro, Benjamin estava sob supervisão da professora a qual o acolheu no momento da queda”, garante a escola.
Segundo a direção, o colégio segue rígidos critérios de segurança, tanto em atividades pedagógicas quanto recreativas, e sempre realiza uma avaliação de risco antes de autorizar qualquer atividade. “A equipe pedagógica estava atenta e acompanhava os alunos durante o período em questão, conforme evidenciam os registros de supervisão de rotina”, reforçou.
Leia a nota completa:
De acordo com a escola, o acidente ocorreu em um momento em que a criança estava participando de atividades recreativas, que são parte do plano pedagógico de desenvolvimento motor e social. “Durante o evento, Benjamin foi acompanhado pelos profissionais da escola e a família foi comunicada no mesmo instante do acidente. A escola se ofereceu para levar a criança até o hospital, porém, os pais alegaram que estavam chegando à escola naquele momento e que eles mesmos se encarregariam de fazê-lo. Benjamim foi acolhido, tratado com todo carinho e cuidado que o momento exigia, não havendo, portanto, nenhuma negligência por parte da escola”, declarou a instituição.
Em relação ao acidente ocorrido em 16 de setembro, a escola afirmou que também tomou todas as medidas adequadas. Após o acidente de 28 de novembro, a escola garantiu que se colocou à disposição da família e a comunicação com os responsáveis. “A instituição está sempre revisando seus procedimentos internos de segurança e, em caráter preventivo, reforçará ainda mais a capacitação de sua equipe pedagógica. A escola também está sempre vistoriando as condições físicas para identificar áreas que possam ser aprimoradas, garantindo um ambiente ainda mais seguro para todas as crianças”, frisou.
Os pais protocolaram uma reclamação na ouvidoria do Ministério da Educação (MEC), que ainda não deu retorno à família.