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Educação do DF apura distribuição de livro com teor político em escola

Material entregue por um professor de sociologia no Cean faz críticas ao governo federal. Sinpro diz que cartilha não tem vínculo partidário

atualizado

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Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles
Placa azul em frente a portão verde
1 de 1 Placa azul em frente a portão verde - Foto: Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles

A Secretaria de Educação do Distrito Federal apura a distribuição de uma cartilha com teor político a alunos do Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean), na 607 Norte. O material foi entregue por um professor de sociologia aos estudantes e contém críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

O livro conta com tirinhas da Niara, personagem de uma campanha chamada Tributar os Super-Ricos e que fala sobre distorções na cobrança de impostos no Brasil. Nessa terça-feira (26/4), a deputada distrital Júlia Lucy (União Brasil) enviou ofício à Secretaria de Educação pedindo informações sobre a distribuição do material.

No Instagram, Júlia Lucy publicou um vídeo de uma advogada criticando a cartilha. Para a parlamentar, “a parcialidade dos temas tratados, a linguagem e as expressões pejorativas mostram o viés político da publicação”.

Veja:

 

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O que diz a Secretaria de Educação

Segundo a Secretaria de Educação, “a cartilha foi distribuída por um professor de sociologia, sem o conhecimento da direção da escola, da Coordenação Regional de Ensino nem da Subsecretaria de Ensino Básico”. Veja a íntegra da nota da pasta:

“A Secretaria de Educação tomou conhecimento da distribuição de uma cartilha com apologia política no Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean) e encaminhou o caso imediatamente à Corregedoria.

A referida cartilha não só faz oposição aberta ao atual presidente da República como promove uma dirigente sindical que se declara pré-candidata ao Governo do Distrito Federal por um partido de oposição.

A Secretaria de Educação esclarece que a cartilha foi distribuída por um professor de sociologia, sem o conhecimento da direção da escola, da Coordenação Regional de Ensino nem da Subsecretaria de Ensino Básico.

A Secretaria repudia um ato como esse e informa que não permitirá proselitismo político de nenhuma espécie nas escolas públicas do DF e que fará cumprir fielmente o Regimento da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, que em seu artigo 304 estabelece como “vedado ao professor”:

I – envolver o nome da unidade escolar em manifestações estranhas às suas finalidades educativas;
II – ferir a suscetibilidade dos estudantes no que diz respeito às convicções políticas, religiosas, etnia, condição intelectual, social, assim como no emprego de apelidos e/ou qualificações pejorativas;
III – fazer apologia à política partidária no interior da unidade escolar.”

O Metrópoles apurou que, nessa terça, houve uma reunião no colégio para discutir o caso. Segundo ata da reunião, escrita à mão e assinada pelos gestores da escola, o material teria sido confeccionado pelo Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF).

O professor teria dito que a cartilha foi usada em aula como complemento, aproveitando dados e números do conteúdo de desigualdade e concentração de renda que estava sendo ministrado. Ainda segundo a ata, após a reunião, o docente se comprometeu a recolher o material para não infringir a legislação.

Veja:

O que diz o Sinpro

O Metrópoles também procurou o Sinpro para um posicionamento. De acordo com Rosilene Corrêa, diretora do sindicato, a campanha Tributar os Super-Ricos é “nacional, coordenada por profissionais que entendem de tributação, professores de universidades e que tem algumas entidades, como é o caso do Sinpro, como parceiras”.

Rosilene, que representa o Sinpro na coordenação da campanha, diz que a cartilha não faz defesa partidária. “O cartunista que é contratado pela campanha cria as tirinhas da Niara semanais. Não há nenhum vínculo partidário, nenhum vínculo com a pessoa da Rosilene. Essa cartilha foi feita quando juntamos as tirinhas e montamos a revista”, argumenta.

“Neste caso, o professor utilizou o conteúdo, que é riquíssimo e superatual para ajudar no trabalho em sala de aula. Não é uma campanha de oposição ao governo, mas uma campanha de combate à desigualdade no Brasil. Além disso, o Sinpro não fez a distribuição para as escolas de forma orientada. Nós entregamos em assembleia e quem se interessou buscou mais com a gente”, completou Rosilene Corrêa.

O que diz a Associação de Pais

Já para a Associação de Pais e Alunos do DF (Aspa-DF), a escola deve ser um espaço neutro no campo da política. “Nós não admitimos qualquer tipo de interferência como essa dentro da escola. Os pais precisam tomar conhecimento do que está sendo ensinado em sala de aula. A escola não é um espaço para se fazer política”, pontuou Alexandre Veloso, presidente da entidade.

“Aguardamos um posicionamento da Secretaria de Educação por meio de sua Corregedoria para que esse caso possa ser amplamente esclarecido”, afirmou.

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