UnB passará tesoura em gastos com terceirizados, água, luz e telefone
Com queda no orçamento, a universidade prevê corte de 25% no total de funcionários, como seguranças, o que vem causando polêmica
atualizado
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Com a queda de 45% no orçamento prevista para este ano, a Universidade de Brasília (UnB) procura de todas as formas cortar gastos. E a fatura da crise deve cair no colo dos funcionários terceirizados, de estudantes e professores. Pelo menos é isso que estima o relatório apresentado pela Comissão de Ajustes da instituição, responsável por analisar alternativas financeiras, e aprovado pelo Conselho de Administração (CAD). As medidas, porém, vêm causando polêmica.
O documento prevê cortes na ordem de 25% em contratos vigentes de terceirizados, que atualmente representam 75% dos gastos da universidade. A diminuição nos valores é prevista legalmente e representaria economia de aproximadamente R$ 1 milhão a cada mês. Para isso, a UnB teria que abrir mão de porteiros, copeiras, contínuos, seguranças, entre outros funcionários, que somam um contingente de quase 2 mil pessoas.
Para a área de segurança e vigilância desarmada, por exemplo, uma das principais medidas será a elaboração de novo edital, com base na política de segurança da universidade. “Sabemos o quanto isso é delicado. A comunidade se sente muito vulnerável no campus (da Asa Norte). Nossa proposta é que a segurança associe pessoas e tecnologias, e que o trabalho esteja adequado ao nosso orçamento”, diz a decana de Orçamento, Planejamento e Gestão da UnB, Denise Imbroisi.“Pedimos a compreensão de todos, pois a nossa situação financeira e orçamentária é muito grave”, acrescenta a reitora da universidade, Márcia Abrahão. Segundo ela, a instituição está tentando, junto ao Ministério da Educação (MEC), recompor o orçamento, bem como liberar recursos próprios, mas sem sucesso até agora. Atualmente, a UnB não pode extrapolar o teto orçamentário estabelecido pelo MEC.
Preocupação
Apesar da necessidade de cortes nos gastos, há quem tenha receio de que as mudanças possam piorar ainda mais a situação da UnB. “Sabemos que a culpa não é da reitoria, mas do governo federal, que diminuiu os repasses. Entretanto, acreditamos que haja outras formas de cortar os gastos. Atualmente, o quadro de funcionários da universidade já é escasso, está no limite. Não temos sequer um bombeiro hidráulico”, aponta Mauro Mendes, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub).
O coordenador da Diretoria de Segurança (Diseg), Maurício Rocha, acredita que é possível propor reduções até maiores do que 25%, mas sem mexer no efetivo. “O pessoal que está nos campi 24 horas por dia pode ser peça fundamental na política de economia, fiscalizando se há luzes acesas, vazamentos”, sugere.
Para tentar reverter a situação, Mendes afirma que tem se reunido com representantes da reitoria. “Queremos apontar a importância dos funcionários. Sem eles, a universidade não tem condições de funcionar”, alega.
Uma das propostas, por exemplo, era a redução na periodicidade da limpeza externa dos prédios. Mas a medida foi vetada pela Comissão de Ajustes, pois, segundo o grupo, poderia acarretar no aparecimento de animais, insetos transmissores de doença, além de piorar a percepção de cuidado da própria comunidade acadêmica.
Outros cortes
Os gastos com água, luz e telefonia também são alvo dos cortes. Segundo o relatório apresentado ao CAD, apenas com a conta cobrada pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), a UnB gastou R$ 6,7 milhões no ano passado, valor 15,6% maior que no ano anterior.
Para diminuir o desperdício, as sugestões aprovadas pela comissão são evitar irrigar os jardins nos períodos de seca (estimativa de economia de R$ 2.319.285,97/ano); lavar as áreas internas somente com pano molhado (redução de R$ 669.180,16/ano); não usar mangueiras para limpar as áreas externas, apenas a vassoura; promover campanhas para o consumo consciente de recursos hídricos, assim como estudos adicionais para execução das sugestões feitas, avaliando custos e benefícios de cada sugestão.
As contas de luz também devem ser revistas. Um dos principais vilões, segundo o relatório, são os aparelhos de ar-condicionado. A intenção é instalar as chamadas cortinas verdes para manter ambientes mais frescos e racionalizar o uso dos aparelhos. Além disso, caberá à reitoria negociar os contratos com a Companhia Energética de Brasília (CEB), considerados defasados.
Quanto aos telefones, o plano é reduzir o número de linhas móveis disponibilizadas aos servidores e implementar uma interface telefônica que transforma chamadas de fixo-móvel em móvel-móvel. A economia com a compra do equipamento seria de R$ 276 mil anuais.
Confira o número de terceirizados por profissão na UnB:
Porteiros: 406
Limpeza: 643
Vigilantes: 206
Manutenção: 78
Contínuos: 85
Copeiras: 35
Recepcionistas: 23
Total dos listados: 1.476