Reitora rebate ministro: “UnB não compactua com ilícitos”

Em reunião do Conselho Universitário (Consuni), colegiado máximo da Universidade de Brasília (UnB), na tarde desta quarta-feira (18/12/2019), a reitora e presidente do Consuni, Márcia Abrahão, disse que instituição “não é produtora de qualquer tipo de droga nem compactua com quaisquer tipos de ilícitos”.

A afirmação é uma resposta à recente declaração do ministro da Educação, Abraham Weintraub, na qual afirmou, no final de novembro, que existem plantações de maconha na área da universidade.

Criticado por não apresentar provas do que disse, Weintraub usou as redes sociais para atacar a UnB e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Postou reportagens sobre o consumo de maconha e drogas sintéticas nas instituições.

Entre os pontos discutidos na reunião, os membros do Consuni propuseram moções que peçam a demissão de Weintraub e uma retratação formal do ministro. No entanto, não houve decisão sobre nenhuma dessas propostas.

Sobre as supostas plantações de maconha, a reitora da UnB ressaltou que, em 2017, houve uma apreensão de pés de maconha próximo ao campus da Asa Norte, mas que as plantas não estavam localizadas na área pertencente à instituição.

“Isso realmente aconteceu. Mas imediatamente constituímos uma comissão interna, presidida por uma docente da Faculdade de Direito. A comissão trabalhou paralelamente ao trabalho da polícia. Durante as investigações, ficou comprovado que a área não pertence à Universidade de Brasília. Tudo isso está nos autos”, destacou.

“O processo foi extinto, e os três estudantes não foram condenados. Com base nisso, a comissão sugeriu o arquivamento do processo no âmbito interno. A nossa comunidade é bastante comprometida com a missão institucional e, quando há casos isolados como esse, tomamos as medidas cabíveis”, completou Márcia Abrahão.

Durante a reunião, os membros do Consuni assistiram a vídeos em que Weintraub fez ataques à UnB e discutiram as declarações. De acordo com a reitora, no dia 9 de dezembro deste ano, a UnB recebeu e-mail relatando que o ministro teria se reunido naquele dia com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues para pressioná-lo a não aprovar as contas de 2017 da instituição de ensino brasiliense.

“Nós, universidades federais, temos sido alvo de questionamento de uma parte da sociedade com relação à nossa importância. E isso começou mais fortemente no final de abril deste ano, quando o atual ministro da Educação fez o bloqueio orçamentário com argumentos de que estávamos fazendo balbúrdia”, disse a reitora.