Sem água, sem aula. Escolas do DF se preocupam com o racionamento
Redes pública e particular de ensino já avaliam que medidas adotar caso os colégios fiquem sem água. Aulas podem ser suspensas
atualizado
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Com o fim das férias e o retorno dos alunos às escolas, colégios das redes pública e particular de ensino do Distrito Federal começam a se preocupar com o racionamento. Mesmo cientes da necessidade da medida adotada, alguns estabelecimentos não descartam a redução de horários e até a suspensão das aulas caso não haja água. A medida é extrema e será adotada em última instância.
É o caso da rede pública de ensino, que tem retorno previsto para o próximo dia 10. Pelo menos a princípio, não existe plano B se as caixas d’água ficarem vazias. A Secretaria de Educação (SEDF) informou que “os diretores dos colégios foram orientados sobre a necessidade de se economizar água.” Ainda segundo a pasta, “se alguma escola ficar sem o recurso hídrico, o diretor tem autonomia para suspender as aulas”.
Do total das 667 escolas da rede pública, mais da metade, cerca de 350, estão localizadas nas regiões que foram atingidas pelo racionamento (Águas Claras, Ceilândia, Taguatinga, Candangolândia, Gama, Guará, Park Way, Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, Vicente Pires e Santa Maria).Na rede particular, a situação é um pouco melhor em função da disponibilidade maior de recursos financeiros, mas não menos grave. Clayton Braga é diretor do CCI Sênior, colégio de Samambaia Norte, que retomou as aulas na quarta-feira (24/1). Ao mesmo tempo em que fala de apoio ao racionamento, demonstra preocupação com o futuro.
Estamos apoiando a medida e buscando conscientizar alunos e funcionários sobre a importância de economizar água. Mas a preocupação maior é quando chegar o período da seca. Não sabemos se nossa caixa d’água será suficiente para abastecer o colégio
Clayton Braga é diretor do CCI Sênior
O CCI atende, atualmente, 1.800 alunos, da educação infantil ao ensino médio. A caixa d’água do local tem 18 mil litros, o que, de acordo com o diretor, é suficiente para abastecer a unidade e atender a demanda de alunos. Mas, caso não consiga suprir a necessidade, um plano B será adotado. “Iremos comprar galões de água mineral para abastecer o colégio”, relata Clayton.
Mas não são todas as escolas que apoiam o racionamento. O assistente administrativo do Colégio Êxito, em Ceilândia Sul, Newton Marcos de Almeida, critica a adoção do racionamento e diz que o problema poderia ter sido evitado. “O governo deveria ter atuado melhor no sentido de interligar os mananciais do DF e evitar que chegasse a esse ponto. O estranho é que a medida só afeta a periferia, caso de Ceilândia”, reclama.
A escola retomou as aulas na segunda (30/1) e como medidas para minimizar a falta de abastecimento, Newton conta que a instituição acrescentou outra caixa d’água e criou um sistema para captar a água da chuva, além de incentivar a economia por parte de alunos e funcionários.
Vítimas
O presidente do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), Álvaro Domingues, falou sobre a necessidade de se adequar à medida. “Somos vítimas de uma péssima gestão por parte dos últimos governos. Agora, o que nos resta é nos adequarmos ao racionamento”, desabafa.
Ele diz ainda que o sindicato tem orientado as escolas particulares no sentido de redução do consumo e reutilização da água. Álvaro fala sobre a adoção de medidas como a captação de água da chuva, checagem de possíveis vazamentos em descargas e torneiras, além de possuir um reservatório que suporte, pelo menos, 48 horas sem abastecimento.