Sem água, sem aula. Escolas do DF se preocupam com o racionamento
Redes pública e particular de ensino já avaliam que medidas adotar caso os colégios fiquem sem água. Aulas podem ser suspensas
atualizado
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Com o fim das férias e o retorno dos alunos às escolas, colégios das redes pública e particular de ensino do Distrito Federal começam a se preocupar com o racionamento. Mesmo cientes da necessidade da medida adotada, alguns estabelecimentos não descartam a redução de horários e até a suspensão das aulas caso não haja água. A medida é extrema e será adotada em última instância.
É o caso da rede pública de ensino, que tem retorno previsto para o próximo dia 10. Pelo menos a princípio, não existe plano B se as caixas d’água ficarem vazias. A Secretaria de Educação (SEDF) informou que “os diretores dos colégios foram orientados sobre a necessidade de se economizar água.” Ainda segundo a pasta, “se alguma escola ficar sem o recurso hídrico, o diretor tem autonomia para suspender as aulas”.
Na rede particular, a situação é um pouco melhor em função da disponibilidade maior de recursos financeiros, mas não menos grave. Clayton Braga é diretor do CCI Sênior, colégio de Samambaia Norte, que retomou as aulas na quarta-feira (24/1). Ao mesmo tempo em que fala de apoio ao racionamento, demonstra preocupação com o futuro.
Estamos apoiando a medida e buscando conscientizar alunos e funcionários sobre a importância de economizar água. Mas a preocupação maior é quando chegar o período da seca. Não sabemos se nossa caixa d’água será suficiente para abastecer o colégio
Clayton Braga é diretor do CCI Sênior
O CCI atende, atualmente, 1.800 alunos, da educação infantil ao ensino médio. A caixa d’água do local tem 18 mil litros, o que, de acordo com o diretor, é suficiente para abastecer a unidade e atender a demanda de alunos. Mas, caso não consiga suprir a necessidade, um plano B será adotado. “Iremos comprar galões de água mineral para abastecer o colégio”, relata Clayton.
Mas não são todas as escolas que apoiam o racionamento. O assistente administrativo do Colégio Êxito, em Ceilândia Sul, Newton Marcos de Almeida, critica a adoção do racionamento e diz que o problema poderia ter sido evitado. “O governo deveria ter atuado melhor no sentido de interligar os mananciais do DF e evitar que chegasse a esse ponto. O estranho é que a medida só afeta a periferia, caso de Ceilândia”, reclama.
A escola retomou as aulas na segunda (30/1) e como medidas para minimizar a falta de abastecimento, Newton conta que a instituição acrescentou outra caixa d’água e criou um sistema para captar a água da chuva, além de incentivar a economia por parte de alunos e funcionários.
Vítimas
O presidente do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), Álvaro Domingues, falou sobre a necessidade de se adequar à medida. “Somos vítimas de uma péssima gestão por parte dos últimos governos. Agora, o que nos resta é nos adequarmos ao racionamento”, desabafa.
Ele diz ainda que o sindicato tem orientado as escolas particulares no sentido de redução do consumo e reutilização da água. Álvaro fala sobre a adoção de medidas como a captação de água da chuva, checagem de possíveis vazamentos em descargas e torneiras, além de possuir um reservatório que suporte, pelo menos, 48 horas sem abastecimento.