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A tecnologia modificou rotinas profissionais e criou oportunidades de trabalho e novas ocupações.
Um estudo feito pelo Senai, em fevereiro de 2021, apontou que o setor da saúde será um dos grandes impactados pela transformação digital, seja no aspecto econômico, já que a utilização de tecnologias digitais pode aumentar a eficiência da aplicação de recursos, seja no âmbito social, ampliando o atendimento com ajuda da internet e monitoramento de dados que possibilitam ações preventivas.
Cirurgias conduzidas por robôs que viabilizam procedimentos menos invasivos, próteses feitas em impressoras 3D, e uso de inteligência artificial e big data para antecipar diagnósticos e definir as melhores condutas médicas já são realidade da medicina.
“Temos visto cada vez mais melhores equipamentos para diagnósticos minimamente invasivos, bem como o uso de inteligência artificial para detecção de alterações em exames, propiciando a descoberta precoce de enfermidades, o que propicia uma maior chance de cura. Também presenciamos o aprimoramento de sistemas de apoio à decisão clínica que se baseiam em inteligência artificial para obter diagnósticos diferenciais e condutas por meio da análise de dados”, explica Vinícius de Oliveira Querencia, coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ).
Atualmente, segundo o coordenador, a FMJ tem trabalhado em alguns projetos que utilizam inteligência artificial em saúde, por exemplo, para a triagem de pacientes com base em histórico de lesões de pele e na busca por padrões de movimento para otimizar as próteses que serão produzidas.
“Nessa linha, estamos desenvolvendo projetos que utilizam a impressão 3D em saúde, tanto no estudo de próteses personalizadas quanto para a impressão de tecidos biocompatíveis. Ainda estamos num estágio bastante embrionário dessas tecnologias, porém já é possível imaginar que a interface entre tecnologia e saúde será cada vez maior no futuro”.
Vinícius de Oliveira Querencia
Querencia aposta que as ferramentas digitais não vão apenas sofisticar o atendimento e trazer mais eficácia, mas, sim, colaborar com a ampliação do atendimento médico.
“Se conseguirmos aliar esta tecnologia com a internet de alta velocidade, prometida pelo 5G, e a tecnologia de realidade virtual, poderemos conseguir levar atendimento médico de alta complexidade a locais remotos. A teleconsulta também tem permitido ampliar o acesso à saúde na medida em que permite que os profissionais em formação que estejam em locais distantes de um centro de maior complexidade sejam orientados por especialistas, melhorando, assim, a possibilidade de desfechos positivos nas condutas”, ressalta.
Novas especialidades e olhar humano
Os médicos em formação já estão sendo treinados e capacitados para estas novas tecnologias, segundo Evaldo Marchi, diretor, professor de cirurgia e membro do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ).
“Os residentes em cirurgia, por exemplo, já realizam procedimentos minimamente invasivos assistidos por videoscopia ou por cirurgia robótica, como um aprendizado adicional às cirurgias ‘abertas’ que são tradicionais”.
Vinícius de Oliveira Querencia
Segundo Marchi, tais transformações possibilitaram a criação de novas especialidades dentro da medicina como “medicina de estilo de vida, telemedicina, telecirurgia e aconselhamento genético.”
Entretanto, ele reforça, que estes novos campos têm por finalidade qualificar o médico no cuidado integral à saúde dos pacientes, e que o alicerce da profissão se faz com o contato direto com o paciente.
Querencia concorda e reforça que embora as inovações cheguem para transformar, o contato humano nunca poderá ser substituído.
“É primordial para os profissionais envolvidos no cuidado da saúde entender que este é um momento dos quais as pessoas estão mais vulneráveis e que uma máquina ou software não irão substituir o atendimento humanizado, com empatia e olho no olho de um profissional com seu paciente”.