Reajuste na mensalidade de escolas particulares no DF deve chegar a 14%
Levantamento feito pelo “Metrópoles” revela que aumento ficará acima da média nacional, prevista para 11%
atualizado
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Alerta aos pais que têm filhos em idade escolar: em 2016, a mensalidade dos colégios particulares deverá ter um aumento entre 12% e 14%, segundo levantamento feito pelo Metrópoles com grandes escolas do Distrito Federal. O índice é mais alto que a média nacional prevista e bem acima da inflação, hoje em torno de 9,5%.
A porcentagem oficial para 2016 ainda não foi anunciada pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF). Em São Paulo, a entidade paulista prevê acréscimo entre 10% e 13%. A Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep) estima que o reajuste médio das escolas do país fique em torno de 11%.
Em cerca de um mês, as escolas começam a fazer a rematrícula e abrem vagas para novos alunos. É quando os pais recebem o valor do reajuste e começam a fazer cálculos e projeções. No ano passado, com inflação na casa de 6,41%, o aumento apontado pelo Sinepe-DF ficou entre 8% e 14%.
Em quatro grandes escolas do DF – Marista, Galois, Pódion e Serios -, que juntas somam quase 3 mil alunos, os reajustes serão de 12% a 14%, índices semelhantes aos praticados em 2015.
Inadimplência
Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 19% das pessoas que ficaram inadimplentes neste ano citaram o atraso nas mensalidades escolares como o responsável pelo nome sujo. É o dobro em relação ao ano passado, quando essa taxa foi de 8%.
“Educação, juntamente com transporte, é um dos grandes vilões da economia brasileira. São custos que pesam cada vez mais no orçamento familiar”, avalia Roberto Piscitelli, especialista em economia doméstica da Universidade de Brasília (UnB).
Deveria ser feito um estudo para analisar se os aumentos se justificam.
Roberto Piscitelli
Transparência
Assim como o especialista, Luis Claudio Megiorin, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF), acredita que transparência é fundamental. “É essencial que as escolas sejam obrigadas a mostrar aos pais o motivo do aumento e como ele é calculado”, afirma.
Segundo Clayton Braga, diretor do Sinepe-DF, a folha salarial das escolas particulares do DF corresponde a cerca de 50% dos gastos de cada instituição de ensino e é um grande peso no valor da mensalidade. O último reajuste de salários, válido para os anos de 2013 a 2016, ficou entre 23% e 77,25% – sendo o maior número para os colégios que pagam o piso da categoria aos funcionários.
“No cenário de crise que estamos vivendo, não tem como não repassar o aumento da folha para a mensalidade. Se os salários e os impostos têm alta, a única solução é aumentar os preços”, afirma Braga. É importante ressaltar que os ajustes são válidos para o ano inteiro.
As escolas não têm autonomia para realizar novas mudanças ao longo do período de vigência do contrato.
Clayton Braga
Forte impacto
Mãe de duas alunas em idade escolar, Daniela Nicaretta, 44 anos, ainda não recebeu a planilha de reajuste do colégio, mas acredita que o preço deve ficar ainda mais salgado. “O último aumento foi bombástico”, conta a professora de educação física.
A designer Manuela Bertoletti, 38 anos, tem dois filhos na mesma instituição de ensino e sente o peso das mensalidades. A ideia era matricular o terceiro filho, de 1 ano, em agosto último. Mas o plano foi adiado.
“Adiei o início do caçula em seis meses justamente pela questão financeira”, revela. “Quando planejamos ter o terceiro filho, o cenário era diferente. Vou tentar diminuir os custos onde for possível e apertar a escola para que garanta o desconto.”
A orientação de Piscitelli para que a situação seja amenizada é que os pais se organizem e façam uma avaliação das contas de escolas que alegam precisar de ajustes sistemáticos. Segundo o especialista em economia doméstica, os responsáveis pelas crianças deveriam apresentar propostas às instituições de ensino para que os reajustes sejam feitos de forma mais parcimoniosa ou mesmo para que as condições de pagamento para famílias com mais de um filho matriculado sejam mais acessíveis.