Professores de colégio em Taguatinga anunciam greve a partir de terça
Docentes da escola Madre Blandina alegam que há recorrente atraso de salários
atualizado
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Os professores do Colégio Madre Blandina, em Taguatinga, decidiram, na sexta-feira (09/08/2019), entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta terça (13/08/2019). O recorrente atraso de salários desde janeiro, quando a instituição passou a ser coordenada pela rede Colégio Marechal Duque de Caxias (CMDC), é o principal motivo da paralisação.
De acordo com uma professora do Ensino Fundamental I da escola, que pediu para não ser identificada, os pagamentos que deveriam ser feitos todo quinto dia útil do mês estão saindo apenas após metade do mês. “Em julho, por exemplo, nós recebemos apenas no dia 19. Saímos de recesso sem nenhum tostão no bolso”, reclama.
A professora aponta também que não há um diretor na instituição que possa dar informações sobre os motivos pelos quais os atrasos estão acontecendo. “Desde que as freiras passaram a escola para o CMDC, só uma vez um representante apareceu lá. Estamos entrando de greve, mas não sabemos nem a quem buscar diálogo”, diz.
Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), ressalta que, além da demora no pagamento, alguns profissionais estão sendo contratados sem carteira de trabalho assinada. “Estão fazendo isso para pagar menos”, denuncia.
Ainda segundo Rodrigo, o sindicato organizou uma mobilização com os pais na manhã desta segunda-feira (12/08/2019). “Fizemos uma panfletagem bem cedinho para conscientizar os pais da situação. E, a partir de amanhã, não tem aula”, ressalta o representante do sindicato.
O Metrópoles entrou em contato com a escola, mas ninguém na instituição quis se pronunciar sobre o assunto até a última atualização deste texto.
Veja o comunicado do Sinproep-DF:
Caso Alub
Esta foi a segunda vez, nas últimas semanas, que professores de uma escola particular no DF se recusaram a trabalhar. Na última terça (06/08/2019), os alunos do Colégio Alub da 913 Norte ficaram sem aula. Os docentes reclamam que estão sem receber salários e se recusaram a trabalhar. Os estudantes só puderam sair com autorização da escola, então foram levados à quadra do colégio para esperar os pais irem buscá-los. Alguns pularam a cerca para sair da instituição.
“Já estávamos sem aula de sociologia e redação desde semana passada. Ficamos sem aula, porque os professores se recusaram a entrar na escola, pois estão há meses sem receber. E alguns funcionários já se demitiram, como a psicóloga e a coordenadora”, ressaltou uma estudante.
Uma mãe que foi buscar as filhas se mostrou irritada com a situação. “Elas me ligaram porque estavam sem aula. Meu medo é que percam o ano. Elas já estão no último do ensino médio”, destacou. Outra disse que a crise no colégio preocupa. “O problema é mais no ensino médio. O fundamental parece que não está sendo muito afetado. Mas a própria estrutura da escola já vem apresentando problemas. Tiraram o ar-condicionado, estão sem professores, daqui a pouco não vai ter nem água e luz”, pontuou.
Uma professora, que preferiu não se identificar, confirmou que o pagamento dos salários de maio e junho está atrasado. “Paramos na unidade da 913 Norte para ver se damos um choque de realidade. Mas a ideia é fazer o movimento em outros colégios da rede também”, disse.
Mãe de um aluno, uma servidora pública diz ter sido pega de surpresa. “Tinha acabado de comprar um monte de uniformes, gastei uma fortuna e nem me avisaram nada. Meu filho tem síndrome de Asperger, a adaptação para ele é muito difícil. Aí tem esses boatos que a escola vai fechar? Como que eles não avisam nada, o que vou fazer?”, questionou. Conta ainda que, na semana passada, teve que mandar Uber três vezes para buscar o filho na escola, pois ele estava sem aula. Explica que não pôde ir porque tinha acabado de realizar um procedimento cirúrgico.
O diretor jurídico do Sinproep, Rodrigo de Paula, confirma que a paralisação é resultado do atraso de salários. “Eles só voltam quando o pagamento cair na conta”, afirma. De acordo com Rodrigo, outras unidades podem parar. “O sindicato enviará uma nota aos pais pedindo compreensão e o apoio deles. Afinal, pagam mensalidade e esse salário precisa sair. ”
Rodrigo diz que a situação no Alub está crítica há algum tempo. Com os salários dos funcionários atrasados, a entidade entrou com ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o colégio. A ata da audiência pública realizada em 11 de julho revela que o Alub estaria endividado com o Banco Bradesco e os salários dos meses de maio e junho deste ano estariam atrasados, além do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), não recolhido desde setembro do ano passado.
O colégio retomou as atividades na última quinta (08/08/2019), após a direção se comprometer a depositar os dois meses de salários atrasados até o próximo dia 15.
O outro lado
Em nota, o Alub esclareceu que houve um problema pontual envolvendo um grupo de docentes do ensino médio da unidade da Asa Norte que estão preocupados com a situação financeira. “A paralisação momentânea gerou informações desencontradas envolvendo os professores, os alunos e os pais”, ressaltou.
Como medida, a instituição resolveu suspender as aulas de quarta e chamar os pais e professores para dialogar com o objetivo de esclarecer os fatos. A direção informou ainda que é importante lembrar que o problema não irá gerar prejuízo pedagógico para os alunos, que terão reposição do conteúdo que seria ministrado nesses dias letivos e que irão continuar as atividades normalmente.
“Estamos tomando todas as medidas necessárias para superar essas questões, inclusive no que tange à contratação de novos professores. Temos um compromisso com a qualidade e de comprometimento com a educação”, diz o texto.