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Por medo de paralisação de professores, Alub cancela aulas de quarta

Rede tradicional de colégios de Brasília enfrenta uma profunda crise financeira e tem atrasado salários de professores

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1 de 1 alub - Foto: Google Street View/Reprodução

Em meio a uma profunda crise financeira, a Rede Alub cancelou as aulas desta quarta-feira (16/10/2019) em todas as unidades. Temendo uma paralisação geral de todos os professores da rede, que estão com os salários atrasados há meses, a empresa se antecipou a essa possibilidade e resolveu avisar aos pais sobre a suspensão das atividades.

No comunicado, o Alub informa que irá se reunir com o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino no DF (Sinproep) e com os docentes da instituição para tratar sobre o término do semestre letivo e da regularização dos pagamentos em atraso.

A situação de aperto pela qual passa o tradicional colégio do Distrito Federal foi revelada pelo Metrópoles em agosto deste ano. Muitos pais temem que os filhos não consigam concluir o ano letivo, diante da dificuldade em garantir os salários em dia.

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Professores da escola na 913 Sul chegaram a cruzar os braços no dia 6 de agosto. Na época, uma professora, que preferiu não se identificar, confirmou que o pagamento dos salários de maio e junho estava atrasado. “Paramos na unidade da 913 Norte para ver se damos um choque de realidade. Mas a ideia é fazer o movimento em outros colégios da rede também”, disse.

Mãe de um aluno, uma servidora pública diz ter sido pega de surpresa. “Tinha acabado de comprar um monte de uniformes, gastei uma fortuna e nem me avisaram nada. Meu filho tem síndrome de Asperger, a adaptação para ele é muito difícil. Aí tem esses boatos que a escola vai fechar? Como que eles não avisam nada, o que vou fazer?”, questionou.

Na ocasião da paralisação em agosto, o diretor do Sinproep, Rodrigo de Paula, falou à reportagem que a situação no Alub está crítica há algum tempo. Com os salários dos funcionários atrasados, a entidade entrou com ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o colégio.

A ata da audiência pública realizada em 11 de julho revela que o Alub estaria endividado com o Banco Bradesco e os salários dos meses de maio e junho deste ano estariam atrasados, além do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), não recolhido desde setembro do ano passado.

Uma das medidas tomadas foi o bloqueio imediato de uma quantia de R$ 2,7 milhões, que corresponde aos salários atrasados de maio e junho, para garantir o pagamento aos 523 funcionários. Segundo Rodrigo, havia um acordo para um parcelamento do FGTS. O diretor afirma que ele não foi cumprido.

Outro lado

O Metrópoles não conseguiu contato com o Alub na noite de terça-feira (15/10/2019). Contudo, na época da paralisação de agosto, em nota, o colégio disse que estava com índice de inadimplência alto, na casa dos 30%, o que comprometia a saúde financeira da instituição.

“A gestão vem trabalhando arduamente para reverter o quadro com soluções que serão implantadas nos próximos meses, entre elas o pedido de parcelamento do FGTS. Mesmo com toda dificuldade atual, o Alub continua com um dos melhores resultados em número de aprovados em vestibular e com uma educação de ponta. São mais de 644 aprovados no Sisu, 33 aprovados em medicina em 2019 e sete prêmios de reconhecimento, entre eles o Top of Mind”, informou a rede na ocasião.

Prisão na Lava jato

O empresário carioca Arthur Mário Pinheiro Machado, dono do Alub, foi preso pela Polícia Federal no dia 12 de abril de 2018, no âmbito da Operação Rizoma, um desdobramento da Lava Jato. A ação mirou em crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção por meio de fraudes que geraram prejuízos aos fundos de pensão.

Machado possui várias empresas e holdings no país. Uma delas, a Educar Holding, adquiriu, em outubro de 2017, o Alub, conhecido grupo educacional do DF. O empresário assumiu também a presidência da instituição desde então.

De acordo com informações da força-tarefa da Lava Jato, o esquema gerou pelo menos R$ 20 milhões em propinas. Machado seria o cabeça e a prática, que vigora ao menos desde 2011, segundo o Ministério Público Federal, foi descoberta em colaboração premiada espontânea.

De acordo com a PF, o executivo é ligado ao lobista Milton de Oliveira Lyra Filho, também alvo de mandado de prisão. Ele é tido como operador do MDB no desfalque do Postalis e nega todas as acusações. A PF foi à casa de Lyra, no Lago Sul, na manhã desta quinta (12).

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