Pais fazem carta aberta para manter escolinha em biblioteca pública
Apelo é para que não haja mudança no projeto desenvolvido no local, o qual está ameaçado, segundo responsáveis, após publicação de portaria
atualizado
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Os pais de cerca de 200 alunos matriculados na Escolinha de Criatividade, que funciona na Biblioteca Infantil da 104/304 Sul, estão preocupados com a manutenção das atividades no local.
Segundo eles, o projeto – que nasceu para compor a educação integral, promovendo atividades pedagógicas de fomento às artes, criatividade, leitura, informação e cultura – está ameaçado.
A causa seria a Portaria nº 364, de 24 de agosto de 2017, da Secretaria de Educação, a qual tira a obrigatoriedade de os professores da escolinha serem formados em artes e literatura. Aqueles que estiverem afastados por problemas de saúde, por exemplo, podem ser lotados no espaço independentemente de sua área de atuação.
A jornalista Malu Naves, 38 anos, divulgou na internet uma carta aberta em defesa da escolinha. A ideia é recolher 5 mil assinaturas. Até o momento, já são cerca de 1,2 mil inscritos a favor da causa. Os interessados em ajudar podem acessar o texto, clicando aqui.
Na página da biblioteca no Facebook, também há publicações pedindo o apoio e a participação dos brasilienses na assinatura da carta.
“Fizemos essa carta para alertar aos pais, responsáveis e à comunidade que frequenta o local sobre o risco que a escola corre. A ideia é, também, mostrar à Secretaria de Educação que todos queremos que a atividade continue com professores capacitados”, disse Malu.
De acordo com ela, a grande questão é enviar professores que não são habilitados para continuar a atividade na Escolinha da Criatividade. “Não temos nada contra os profissionais reabilitados. Mas precisamos assegurar que sejam aptos a fazer esse tipo de trabalho que hoje é desenvolvido”, acrescentou a jornalista.
O filho de Malu Naves, Henrique, 8, faz atividades na escolinha, que é ligada ao Movimento de Arte do Brasil (MEA), no contraturno escolar. As turmas são divididas em duas faixas etárias: de 6 a 7 e de 8 a 10 anos. Os encontros acontecem duas vezes por semana (segunda e quarta ou terça e quinta), com aulas de manhã ou à tarde, com duração de uma hora e meia. A instituição existe desde 1969.
As vagas são restritas e este é o primeiro ano de Henrique na Escolinha de Criatividade. “Nós já frequentávamos lá. Tenho sobrinhos e primos adultos que desenvolveram várias habilidades enquanto estavam na atividade. Meu filho ama livros e arte. Essa é uma bagagem que, tenho certeza, ele levará para o resto da vida”, acredita a jornalista.
Acionada pela reportagem, a Secretaria de Educação esclareceu que não haverá nenhuma mudança no atendimento das bibliotecas escolares comunitárias em 2018. “Todos os projetos desenvolvidos pelas unidades terão continuidade e serão mantidos. Sendo assim, a Escolinha de Criatividade que funciona na Biblioteca Infantil 104/304 Sul permanecerá com suas atividades normalmente”, destacou a pasta.
“Com relação ao questionamento sobre os profissionais readaptados (que poderão ser lotados na escolinha), segundo a LC 840/2011, são servidores efetivos que sofreram redução da capacidade laboral, comprovada em inspeção médica, e por isso, devem ser proporcionadas atividades compatíveis com a limitação sofrida, respeitada a habilitação exigida no concurso público”, assinalou a nota.