Ocupação pode atrasar salários de professores e funcionários, diz UnB
Instituição afirma que tomada de setores administrativos impede acesso a dados de servidores. Pagamento de terceirizados já foi comprometido
atualizado
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A ocupação da Universidade de Brasília (UnB) por estudantes insatisfeitos com a política educacional do governo Michel Temer (PMDB) pode prejudicar os trabalhadores da instituição. A reitoria já considera a possibilidade de haver atraso no pagamento dos salários de professores e funcionários e nos repasses aos alunos que dependem de bolsas de estudo.
O problema, diz a UnB, é que a ocupação dos universitários se estendeu a uma série de instalações, como o setor administrativo. Dessa forma, a diretoria responsável pelos pagamentos não consegue consultar a folha de ponto dos docentes e dos demais servidores para calcular os valores que devem ser transferidos.
No caso dos terceirizados, a situação é mais grave, pois já há atrasos. “Temos o dinheiro, mas não há como pagar, porque estamos impedidos de assinar os papéis. Todos os dias, assino 300 documentos. Hoje não pude assinar nada. O prejuízo é enorme”, disse o reitor Ivan Camargo ao Metrópoles.
Por causa da ocupação, a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcadas para o sábado (5) e o domingo (6), pode ser comprometida.Por meio de nota divulgada nesta terça-feira (1°/11), a UnB disse que “reconhece o caráter nacional das manifestações estudantis em curso. Entretanto, posiciona-se contrária à ocupação dos prédios da instituição”. O documento foi distribuído à imprensa após reunião entre o reitor Ivan Camargo e os diretores da universidade.
Confira na íntegra a nota da UnB:
Até o momento, o prédio da reitoria, a Faculdade de Comunicação (FAC), o Instituto de Artes (IdA) e o Bloco de Salas de Aula Sul (BSA) estão ocupados por estudantes. Na Faculdade de Comunicação (FAC), um acordo entre direção e os alunos prevê a manutenção do calendário de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), a seleção para mestrado e os serviços essenciais. As aulas, no entanto, estão suspensas.
Reivindicações
O Metrópoles acompanhou a ocupação da reitoria na noite de segunda (31) e as movimentações ao longo desta terça (1°). A reportagem conversou com cerca de 20 alunos, mas nenhum quis se identificar por temer algum tipo de represália. Os universitários explicaram que a pauta de reivindicações não se restringe às críticas à Proposta de Emenda à Constituição que estipula um teto para os gastos públicos
Os alunos também são contra a medida provisória que provocou mudanças no ensino médio e criticam os projetos de lei que compõem a “Escola sem Partido”. Entre outras medidas, essas iniciativas preveem que a educação nacional atenderá a princípios da “neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado”. Para os universitários, os projetos ferem o princípio da liberdade de pensamento.
Plantão
Em locais ocupados onde há barricadas, como o acesso às salas da reitoria, os alunos organizaram escalas para “vigiar” as portas. Especialmente nos locais onde há objetos pessoais ou estudantes dormindo. Na noite de segunda (31), por exemplo, muitos universitários ficaram de plantão. Dentro dos banheiros, há bilhetes pedindo para que todos mantenham a limpeza e organização.