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A inteligência artificial é uma tecnologia que pretende dotar máquinas de inteligência. Na educação, por meio dela é possível proporcionar um ensino mais personalizado ao estudante, uma necessidade cada vez mais gritante nas salas de aulas.
“A personalização é a palavra-chave da educação, para isso seria necessário que cada estudante tivesse um tutor ou um professor para criar soluções e métodos de aprendizagem personalizados. Como não é possível, precisamos de um robô para ajudar nesse processo. Eu, por exemplo, não quero minha filha estudando igual todo mundo, sendo que ela tem dificuldades e facilidades diferentes, é necessária uma atenção especial”, explica John Paul Hempel Lima, coordenador acadêmico dos cursos de Engenharia da Computação e de Inteligência Artificial do Centro Universitário FIAP.
Na prática, em um curso de ensino a distância, com ajuda da inteligência artificial, é possível entender em quais conteúdos ou disciplinas um estudante precisa de mais apoio e deve passar por uma nova rodada de exercícios, ou, ainda, já assimilou tudo que é necessário e pode avançar para a próxima etapa.
Lima reforça que os conteúdos podem ser produzidos a partir da análise de dados e do comportamento do usuário ao acessar vídeo, como os horários de maior visualização ou a quantidade de vezes que deslizou pela barra de rolagem.
“A partir dessas informações é possível identificar padrões e automatizar o processo”, diz o coordenador acadêmico.
“Hoje o professor chega na sala de aula, dá um exercício e mesmo sabendo que alguns terão dificuldades, não dá para olhar um a um. A inteligência artificial consegue resolver esse problema. Se o aluno acertou tudo, beleza, mas se teve dificuldade posso personalizar outros exercícios. Estamos falando de um futuro onde isso será mais avançado, a proposição de novos exercícios vai partir da análise de dados”.
John Paul Hempel Lima
Outro exemplo do uso da inteligência artificial é no funcionamento dos chatboxs, que são assistentes virtuais que tiram dúvidas com uma linguagem humanizada e de forma mais personalizada, do que uma lista de perguntas frequentes.
A inteligência artificial também pode ser aplicada em outros setores da educação, além do ensino. No caso da FIAP, a instituição utiliza o vetor dentro de um sistema preditivo que analisa uma série de dados, entre eles frequência e notas dos estudantes.
Quando os indicadores começam a cair, a plataforma gera um alerta para que a faculdade acione o aluno, entenda sua situação e ofereça o apoio necessário para evitar evasão.
Apostas até 2030
Um estudo feito pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) aponta as tendências de uso das tecnologias educacionais baseadas em inteligência artificial nas escolas até 2030.
As entidades preveem cada vez mais a utilização de sistemas inteligentes que mensuram o conhecimento adquirido pelo aluno sobre determinado tema e conseguem entender, ainda, se ele está feliz por ter conseguido resolver um problema ou cansado por não ter concluído a missão.
Outra tendência apontada pela publicação é a geração de livros didáticos customizados que levam em conta o perfil do estudante. Dessa forma, uma edição pode ser mais visual enquanto a outra terá mais recursos textuais, embora os conteúdos sejam iguais.
Óculos inteligentes que mostram informações ao usuário e interpreta comando de voz com linguagem natural e fones de ouvido wireless, que captam o que a pessoa falou traduzindo instantaneamente, se for o idioma não for o mesmo, são outros recursos elencados pelo documento como tendências na educação nos próximos anos.
Robô escritor
Mas nem só de vantagens é feita a tecnologia baseada em inteligência artificial.
Lançado em novembro do ano passado, o ChatGPT, um robô capaz de gerar textos, poemas, músicas e até capítulos inteiros de livros de forma similar à humana tem gerado polêmica. Seu uso já foi restringido dentro de algumas escolas dos Estados Unidos porque educadores receiam que estudantes possam aproveitá-la, indevidamente, para redigir respostas de exercícios e produzir trabalhos.
“A grande questão é que não sabemos se é tudo verdade o que o ChatGPT pode produzir. A inteligência artificial na educação é uma área gigantesca, mas vai ter esse problema, como o combate a fake news. Será preciso criar soluções de segurança cibernética e da informação. Já há uma série de estudos para lidar com esse tipo de problema”.
John Paul Hempel Lima