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Inovação mantêm médico recém-formado no Brasil

Nem sempre jovens talentos têm boas oportunidades de atuação, por isso procuram opções no exterior; comunidade morando fora é recorde

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Fatores como crises econômica e política e falta de valorização em áreas como ciência, pesquisa e tecnologia nos últimos anos se tornaram impeditivos para que profissionais altamente qualificados atuassem no Brasil.

O número de brasileiros no exterior bateu recorde e chegou a 4,2 milhões em 2020, segundo dado mais recente do Ministério das Relações Exteriores. O aumento foi de mais de 32% em relação a 2009. 

O destino preferido dos brasileiros são os Estados Unidos onde está a maior comunidade brasileira no exterior com mais de 1,6 milhão de pessoas. Em seguida aparecem países como Portugal, Paraguai, Reino Unido e Japão. 

As inovações presenciadas pelo médico Guilherme Cuoghi Bellato, de 25 anos, recém-formado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), no interior de São Paulo, fizeram com que ele voltasse ao Brasil com ainda mais afinco, sem planos de fazer carreira fora.

Bellato aposta em uma parceria entre poder público, privado e instituições de ensino para a criação de um ecossistema de inovação que fomenta o empreendedorismo, desenvolve ideias e projetos, como forma de apoiar e reter jovens talentos no país.

“Acredito que temos muito a crescer e que vamos conseguir oferecer condições de trabalho, pesquisa e assistência a saúde semelhante aos países referência”. 

Guilherme Cuoghi Bellato

O médico atua como clínico geral e quer se especializar em psiquiatria. Durante o período na faculdade, o estudante criou uma empresa júnior com intuito de reduzir o número de mortes evitáveis, que ocorrem em decorrência de ações que a população em geral pode evitar, como engasgos, por exemplo.

Inicialmente a empresa ministrava cursos de primeiros socorros aos moradores, mas a ideia se expandiu e hoje ela oferece outros serviços, em parceria com a FMJ e a Prefeitura de Jundiaí, com intuito de disseminar conhecimento na área da saúde.

Para o clínico, é esse o modelo de negócio que precisa ser replicado como estratégia para evitar a ‘fuga de cérebros.’

“Promover a aliança entre o setor público, o terceiro setor e as instituições de ensino é essencial no fomento da inovação. Essa foi a lógica que pude entender e participar durante o intercâmbio que realizei em um grande centro de saúde em Madrid. Lá tem empresas trabalhando dentro de hospitais públicos fazendo pesquisas e intercâmbio de pessoas”.

Guilherme Cuoghi Bellato

Outro atrativo para ficar no Brasil, além da questão ideológica de contribuir com o desenvolvimento do país, é a aposta de que a tecnologia vai abrir muitas oportunidades profissionais.

“Estamos passando por um grande momento na área da saúde, com o entendimento de que a inovação traz benefícios. Estamos na era das ‘health techs’ (empresas que unem inovação e saúde) e já conseguimos mais apoio, oportunidades e credibilidade ao apresentarmos uma ideia inovadora”, diz o médico.

Novos rumos

Após conhecer as inúmeras facetas da medicina e presenciar as constantes inovações na área médica, Bellato crê num futuro próspero para a saúde no Brasil, que, segundo ele, poderá acolher cada vez mais grandes talentos.

“Acredito que, com a articulação entre diversos setores da sociedade, possamos criar um espaço propício para mantermos nossos talentos no país. Este seria um grande passo para uma promissora assistência à saúde, cujo processo de transição já teve início, por meio da telemedicina, wearables [dispositivos eletrônicos que monitoram a saúde] e prontuário eletrônico, por exemplo”. 

Guilherme Cuoghi Bellato

O médico lembra que a profissão pode ir muito mais além das funções clássicas de clinicar e medicar.

“Quando entrei na faculdade, pensava que o médico atuava somente no atendimento direto de pacientes. Com o tempo, aprendi que a medicina abre diversas portas, permitindo atuação em gestão, desenvolvimento, pesquisa, inovação e docência, entre tantas outras áreas”, finaliza.

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