metropoles.com

Ibaneis defende gestão compartilhada: “Chega de esquerdopatas. Se quiserem, vão à Justiça”

Governador do DF manteve nesta segunda (19/08/2019) decisão de implementar participação da PM mesmo nas escolas que rejeitarem proposta

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/Metrópoles
ibaneis
1 de 1 ibaneis - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), disse nesta segunda feira (19/08/2019) que vai manter a decisão de implementar a gestão compartilhada com a Polícia Militar nas escolas que rejeitaram o novo modelo: “Chega de esquerdismos, chega de esquerdopatas… Se quiserem suspender, que vão à Justiça”.

Ao Metrópoles, o chefe do Executivo local antecipou, no domingo (18/08/2019), que implementaria o novo modelo mesmo com a derrota no pleito, realizado no sábado (17/08/2019). As comunidades escolares do Gisno (Asa Norte) e do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 407 de Samambaia disseram não à militarização: “Fizemos os estudos, todos os indicadores demonstram que o novo modelo vai melhorar a condição das escolas. Por isso, vou implementar a medida. Na legislação, observamos que a votação tem efeito apenas consultivo, e não vinculante. Nossa área jurídica já está preparando os pareceres que vão amparar a implementação”.

Segundo Ibaneis, o processo de consulta vai continuar, mas não é determinante para a adoção do novo modelo. O objetivo dos plebiscitos, de acordo com o governador, é explicar à comunidade o sistema de administração compartilhada entre a Secretaria de Educação e a pasta da Segurança. “Eu não vou deixar a cidade ser aprisionada por uma esquerda que ficou no passado. Teve a oportunidade de governar e não fez nada pela cidade”, completou, em referência às críticas feitas pelo Sindicato dos Professores (Sinpro) e de parte dos deputados da Câmara Legislativa.

O fato de um estudante ter sido esfaqueado em frente ao CEF 407 de Samambaia motivou Ibaneis a seguir em frente com a sua decisão.

“Isso não é uma disputa entre sindicato e governo. Entre esquerda e direita. O governo tem a sua posição. E vai implementar as escolas [compartilhadas]”, argumentou. Até o final do mandato, o emedebista planeja instalar pelo menos 40 colégios militarizados no DF.

As declarações de Ibaneis foram dadas no início da tarde desta segunda (19/08/2019), durante solenidade de entrega de cadeiras de rodas no Hospital da Criança. Em seguida, ele foi à Câmara Legislativa entregar aos distritais projeto de lei para criar a Secretaria da Pessoa com Deficiência. Na Casa, acabou abordado por parlamentares contrários à implementação da gestão compartilhada em escolas que rejeitem o modelo.

“O governo federal está implementando escolas militarizadas. E eu não vi ninguém do PT ser contra”, afirmou Ibaneis. O clima esquentou entre ele e Fábio Felix (PSol), que insistiu em debater o assunto com o chefe do Executivo local. Ambos começaram a discutir (veja vídeo abaixo).

Félix perguntou se o GDF não poderia adotar o novo modelo em outras escolas que não fossem aquelas que haviam rejeitado a proposta. O emedebista ficou irritado e se levantou. “Vocês não cumpriram o acordo”, disparou, em referência à polêmica sobre a suposta interferência do Sinpro na eleição do Gisno, na Asa Norte.

Na interpretação de Félix, não é uma questão de direita ou esquerda, mas de desrespeito a uma posição da maioria das comunidades escolares, que rejeitou o modelo: “Repudio a postura do governador. Ele foi desrespeitoso não comigo, mas com a Casa”.

Manifestações

Na manhã desta segunda (19/08/2019), um grupo de cerca de 40 pais e alunos do CEF 407 protestou contra o resultado da votação que rejeitou a adoção da gestão compartilhada com a Polícia Militar (PM) na unidade da rede pública de ensino do DF.

“Esse resultado negativo ocorreu apenas por parte dos professores e de alguns alunos que foram influenciados por eles. Tive boas referências quando matriculei meu filho de 11 anos aqui e também ouvi que a escola passaria pelo processo de militarização. As nossas crianças aprendem coisas absurdas e participam de festas com funk e baixaria dentro do colégio. Com a nova gestão, acreditamos que eles ficarão mais educados”, disse Sabrina Ferreira da Silva, mãe de um estudante do 6° ano do CEF 407.

No Gisno, a manifestação foi contrária a militarização. Professores e estudantes promoveram um abraço simbólico na escola. “Chegamos hoje [19/08/2019] para dar aula e os nossos alunos estavam muito revoltados. Eles sentiram que foram desrespeitados. Se a Educação disse que iria respeitar as nossas decisões, por que não estão fazendo isso?”, questionou o professor de fisiologia Henrique Fróes.

No Centro de Ensino de Samambaia, o placar foi 58,49% para a não adoção, enquanto 41,38% dos pais, professores, funcionários e alunos optaram pela implantação da medida. No Gisno, os votos negativos somaram 57,66%; os positivos, 42,33%.

No sábado (17/08/2019), outras três escolas fizeram consulta à comunidade escolar e obtiveram aval para adotar a gestão compartilhada: CEF 1 do Núcleo Bandeirante, CED 1 do Itapoã e CEF 19 de Taguatinga. No último dia 10, a mudança também foi aprovada pelo CED Estância III, de Planaltina.

A intenção da Secretaria de Educação é que o novo modelo entre em vigor nas próximas duas semanas. Atualmente, 7 mil alunos de quatro escolas são atendidos no novo modelo. Com a entrada de novas escolas, o número vai dobrar.

Reação

Professores, servidores, alunos e deputados receberam com surpresa o anúncio feito nesse domingo (18/08/2019) pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Na ocasião, ele informou que irá implantar a gestão compartilhada com a Polícia Militar em duas unidades nas quais o plebiscito teve resultado negativo para a proposta governista.

Uma das queixas é de desrespeito à Lei nº 4.751, de 7 de fevereiro de 2012, conhecida como Lei de Gestão Democrática. A norma, que baseou regras para o pleito de sábado (17/08/2019), prevê autonomia das unidades escolares sobre os aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros. Mas, segundo o chefe do Executivo local, a votação tem apenas efeito consultivo, e não vinculante.

A diretoria do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) se reunirá nesta segunda-feira (19/08/2019) para avaliar possíveis ações contra a decisão do emedebista. “O processo contou com participação do governo, da PM e da comunidade. Agora, o GDF desconsidera esse conjunto da sociedade e o joga na lata de lixo”, criticou Cleber Soares, um dos diretores da entidade representativa.

“As escolas precisam de melhorias. O Batalhão Escolar é fundamental no portão da unidade, mas dentro da escola tem que ser os professores. O governo precisa se preocupar em contratar mais profissionais e investir em educação. Isso sim vai melhorar a situação. Intervenção militar não resolve o problema”, disse o diretor do Sinpro, Samuel Fernandes.

Alguns deputados distritais responderam a provocação do governador, que orientou os insatisfeitos a irem à Justiça. “A democracia também se funda na participação social e se constrói com uma relação livre entre Estado e sociedade. Se for o caso, vamos à Justiça, como ele mesmo propôs”, disse o parlamentar Leandro Grass (Rede).

“Não aceitaremos que Ibaneis Rocha rasgue os preceitos da Gestão Democrática, fruto de uma pactuação coletiva em prol da educação pública de qualidade”, afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, Fábio Felix (PSol).

Já o presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa (CLDF), Jorge Vianna (Podemos), avaliou ser uma prerrogativa do governador a adoção ou não da gestão compartilhada. “É uma atitude exclusivamente do Executivo e não cabe a mim, neste momento, questionar essa conduta porque é um ato discricionário dele”, assinalou.

Pesquisa

Em junho, a Secretaria de Segurança Pública divulgou pesquisa realizada com 1,2 mil pessoas, sendo 962 estudantes. O balanço aponta que 75% dos professores entrevistados querem que os militares permaneçam nas escolas em que o modelo funciona. Do total, metade dos alunos e 86,9% dos servidores mostraram-se favoráveis.

Quanto à sensação de segurança, quase 90% dos estudantes avaliaram o ambiente escolar como seguro (53,3%) ou muito seguro (36,5%). Nesse mesmo quesito, 88,8% dos professores e 98,8% dos servidores têm a mesma impressão.

De acordo com balanço da Secretaria de Educação, 55,21% dos professores entrevistados acreditam que o novo modelo “tornou as escolas um lugar melhor para se trabalhar”, e 75,6% dos educadores querem que os militares permaneçam.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?