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GDF começa a implantar escolas bilíngues em parceria com embaixada

Governo pretende firmar acordos com representações diplomáticas e estender o ensino de idiomas no DF. Inglês continua obrigatório

atualizado

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Mary Leal / Secretaria de Educação
escola no Paranoá
1 de 1 escola no Paranoá - Foto: Mary Leal / Secretaria de Educação

O Governo do Distrito Federal pretende iniciar a implementação de escolas interculturais bilíngues já neste mês. O projeto começará pelo Centro Educacional do Lago Norte (Cedlan), colégio de ensino médio em tempo integral. Na unidade, onde mais de 90% dos alunos são do Varjão, Itapoã e Paranoá, o francês fará parte do currículo regular. A iniciativa integra o plano estratégico para a educação na capital. A previsão é que o processo seja concluído gradativamente ao longo de três anos.

O memorando de entendimento para a implantação da primeira escola intercultural bilíngue da rede pública da capital foi assinado nesta quarta-feira (08/05/2019), no Palácio do Buriti. O projeto faz parte da estratégia de fortalecimento do ensino médio e tem a intenção de incentivar os alunos a permanecerem na escola até o fim do ciclo básico.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse esperar que bons resultados possam ser expandidos, alcançando todas as 14 coordenações regionais da capital. “Sempre achei que os governos não souberam aproveitar da melhor maneira a presença de tantos organismos internacionais em Brasília”, opinou.

O embaixador francês, Michael Miraillet, elogiou a implementação de escolas bilíngues. Para ele, este é o primeiro passo para um estreitamento entre Brasil e França. “Acredito que a Embaixada vai se dedicar tanto que estou confiante de que alunos de Brasília farão fila para disputar lugar nesta escola selecionada”, disse.

Meta de parcerias
Rafael Parente, secretário de Educação, revela que a meta é fechar acordos com 10 embaixadas até o fim do ano, para que abranjam todas as regionais de ensino. Até o momento, há diálogo com seis organismos. No primeiro momento, as escolas em potencial serão identificadas a partir do perfil de ensino médio e com modalidade integral. A seleção, porém, passa pelo crivo da direção e comunidade escolar. Todo o projeto é patrocinado pelas embaixadas, sem custos extras para o GDF.

“Estamos criando uma metodologia piloto para que possamos ampliar com segurança no ano que vem. A intenção é que o projeto não cause pressões desnecessárias para docentes e discentes”, disse Parente.

O Centro de Ensino Médio 03 de Taguatinga será a próxima unidade a receber o projeto, com alvo na língua espanhola. O memorando de entendimento com a Embaixada da Espanha está em fase final de redação.

A implantação total do projeto, em cada escola que fizer parte, será executada em etapas concluídas três anos após o início. A articulação com as embaixadas para a realização das parcerias teve a participação da Secretaria Extraordinária de Relações Internacionais. O currículo da Secretaria de Educação não é modificado e o inglês continuará obrigatório.

Mary Leal / Secretaria de Educação
Governo pretende começar projeto de escolas bilíngues ensinando francês no Centro Educacional do Lago Norte

 

Alunos em vulnerabilidade
Segundo a Secretaria de Educação, a escolha do Cedlan para se transformar no primeiro colégio bilíngue da capital por meio do projeto não é por acaso. A pasta esclarece que o colégio do Lago Norte é uma das unidades que apresenta maiores problemas de abandono, repetência e distorção idade-série, além de baixas notas nas avaliações institucionais.

A unidade atende 360 alunos de ensino médio no diurno, que farão parte do projeto, além de outros 94 no noturno e 151 na educação de jovens e adultos (EJA).

Ali, quase todos os estudantes vivem em comunidades vulneráveis. São 85% do Varjão e os demais principalmente do Itapoã e do Paranoá. A renda familiar média é inferior a dois salários mínimos e a maioria não recebe auxílio de programas sociais. Em situação de risco social, há realidades de violência familiar, bullying e uso de drogas.

Vice-diretora do colégio, Isabella Barbosa Araújo conta que o projeto foi recebido com ânimo pela comunidade escolar. “Quando falamos da proposta, acharam muito legal. Vai ser um diferencial e uma oportunidade para eles que perpetuará pela vida.”

Implementação gradativa
O acordo, assinado agora, é o pontapé inicial para a implementação do novo idioma no colégio (veja calendário abaixo). A previsão é que, em 2021, o francês faça parte das disciplinas em horário regular e no contraturno, compreendendo metade do período letivo diário. Para isso, os professores do Cedlan passarão por curso de formação realizado pela Aliança Francesa a partir de julho.

Professores de francês da rede pública de ensino serão deslocados para ministrarem as aulas específicas. Aos demais será exigido apenas rudimentos, como prestar cumprimentos ou ver as horas. Gerente da Bandeira Escolas de Excelência e responsável pelo projeto das escolas bilíngues, David Nogueira defende que é preciso envolvimento na nova realidade bilíngue do colégio para que a imersão seja efetiva.

Aos alunos, o processo também começa em julho, quando eles começarão a frequentar as salas de vivências no início do segundo semestre. Trata-se de espaços que fogem do formalismo das salas de aula tradicionais, com objetos decorativos e sofás no lugar das carteiras.

Aulas nesses locais acontecerão no contraturno três vezes por semana, com turmas de, no máximo, 20 estudantes, que começarão a ter contato com o idioma. Em agosto, começará a imersão, em português, na cultura e a história da França, também no contraturno.

No primeiro semestre de 2020, acontecerá a primeira oficina de uma disciplina na língua alvo. No segundo semestre, começarão aulas em francês no turno regular. Na segunda metade do ano seguinte, 2021, todos os componentes ministrados no contraturno serão ofertados na língua estrangeira. Ao mesmo tempo, parte das disciplinas do turno regular adotará a língua.

“A aprendizagem de outros idiomas influencia vários outros aspectos. As pessoas bilíngues conseguem aprender mais facilmente qualquer outra coisa, as conexões cerebrais são mais complexas. A escola também ficará muito mais interessante para os alunos do ensino médio”, diz o titular da Secretaria de Educação. (Com informações da Agência Brasília)

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