Falta de manutenção, espaços ociosos e evasão afetam IFB
As 10 unidades do Instituto Federal de Brasília sofrem os efeitos dos cortes sucessivos no orçamento
atualizado
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Salas de aula vazias, falta de professores, de manutenção, espaços ociosos e evasão. A lista de problemas apontados por alunos, professores e servidores dos 10 campi do Instituto Federal de Brasília (IFB) é grande. Desde que foi criada, há nove anos, a instituição recebeu milhões de reais em investimentos, foi superdimensionada, mas, segundo a comunidade escolar, não opera plenamente.
O IFB tem hoje, aproximadamente, 18 mil alunos matriculados em cursos técnicos e de graduação gratuitos. Eles estão distribuídos em 10 unidades: Asa Norte, Ceilândia, Estrutural, Gama, Planaltina, São Sebastião, Samambaia, Riacho Fundo, Taguatinga e Recanto das Emas (ainda em obras).A estrutura gigantesca custou caro. Em média, foram investidos R$ 25 milhões para construir cada unidade com capacidade para atender 2,5 mil estudantes, e R$ 12 milhões naquelas que recebem até 1,5 mil alunos.
Depois de prontos, os institutos têm sofrido com sucessivos cortes. Só neste ano, perderam R$ 7,8 milhões. O orçamento caiu de R$ 29,9 milhões, em 2016, para R$ 22,1 milhões, em 2017. A tesoura afiada, segundo o IFB, limitou os gastos com manutenção e conservação da infraestrutura.
Problemas
O Metrópoles percorreu algumas unidades em Brasília e pôde constatar as falhas apontadas por alunos e servidores. “Os institutos federais estão abandonados. Muitas salas desocupadas, falta de alunos, mato alto”, dispara a estudante do curso técnico em controle ambiental do IFB de Samambaia Sabrina Gabriela Alves Carneiro, 22 anos.
Segundo ela, as paredes das unidades dão sinais de falta de manutenção, pois estão rachadas e com infiltração. “As estruturas são novas. Não era para existir isso. O ar-condicionado e projetor de vídeo de algumas salas não funcionam. Já caiu inclusive um pedaço do teto na entrada, e nada foi feito”, aponta Sabrina Carneiro.
Colega de curso de Sabrina, Lorraine Pereira da Silva, 23, também se queixa do abandono. “Há bebedouros com defeito e computadores inutilizados. Além disso, às vezes, temos eventos fora e não podemos ir porque falta gasolina para abastecer os veículos da instituição”, assegura.
Diante da situação, muitos alunos abandonam o curso antes do tempo. “Estamos concluindo o segundo semestre, e a nossa sala, que no início tinha cerca de 40 alunos, hoje tem menos da metade. Esses problemas desanimam, e as pessoas desistem mesmo. Quando procuramos a diretoria para dialogar sobre as decisões, não temos acesso”, lamenta Lorraine.
Uma professora do curso técnico em controle ambiental, ministrado em Samambaia, confirma que, no primeiro módulo, geralmente entram duas turmas de 40 alunos. “No segundo, o número de estudantes costuma cair pela metade. Já no terceiro, muitas vezes, ficam 20”, conta.
De acordo com o IFB, atualmente, a taxa de evasão escolar está na casa dos 12%, enquanto a média nacional nos outros institutos ultrapassa 20%. “A instituição segue pesquisando alternativas para diminuir ainda mais esse número”, informa.
Quanto à estrutura, o IFB destaca: “todos os campi possuem salas de aula nos padrões ABNT, lousas brancas e projetores. Contam também com equipe de suporte de Tecnologia da Informação (TI), que faz a manutenção dos equipamentos.” Sobre a falta de gasolina, assinala que o instituto tem frota própria de veículos institucionais e contrato vigente de abastecimento contínuo.
Situação grave
Uma servidora do campus de Taguatinga que não quis se identificar classificou a situação como grave. “Estamos muito preocupados. As equipes de limpeza e segurança já foram reduzidas, e não temos nenhuma certeza para o próximo ano. É complicado gastar tanto dinheiro com estruturas como essa, para depois não sabermos o que será delas no futuro”, destacou. A redução do orçamento não vai afetar as atividades acadêmicas, garante a Reitoria do IFB.
As unidades da capital contam com 1.113 servidores, sendo 563 professores. A média de 24 estudantes para cada docente está acima daquela recomendada pelo Ministério da Educação (MEC) – de 20 para cada professor. Além disso, novas nomeações estão em andamento, conforme informou a entidade, em nota.
A estudante do ensino médio com curso técnico em hospedagem Roberta Vassalo, 15, diz que vê motivos de sobra para a rede ser fortalecida. “O ensino é muito bom. Os institutos federais são de grande importância para o desenvolvimento do país, com o compromisso social de oferecer educação profissional pública, gratuita e de qualidade para nós, jovens”, ressaltou.