Estudantes programam abraço coletivo à Livraria do Chiquinho, para que ela não mude de endereço
Há 40 anos no mesmo ponto, o livreiro Chiquinho, famoso dentro e fora da UnB, terá de se mudar. Apesar dos apelos da comunidade, decisão da reitoria é permanente
atualizado
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No que depender dos estudantes da Universidade de Brasília (UnB), a Livraria do Chiquinho não sairá de onde está. Na noite desta quarta-feira (11/11), os alunos criaram o evento Abraço coletivo na livraria do Chiquinho #CHICOFICA, para pressionar a reitoria a desistir da ideia de mudar o endereço do comércio mais querido da UnB.
A polêmica começou nesta terça-feira (10/11), enquando Chiquinho trabalhava no ponto que ocupa há mais de 40 anos, no ICC Norte, e recebeu a visita do reitor Ivan Camargo. O livreiro, querido entre professores e alunos, famoso pela simpatia e por ser prestativo, recebeu a “autoridade” com o tom cordial de sempre. Não deu tempo nem de oferecer um cafézinho para a visita, pois o clima da conversa logo azedou. O reitor queria saber quando Chiquinho vai deixar o ponto e aceitar ser transferido para uma nova ala da UnB.
Chiquinho ficou nervoso. Não do jeito agressivo, que não combinaria com sua personalidade, mas sentiu-se aperreado com a possibilidade de ter de mudar de endereço. Não disse que sim, nem que não. O reitor logo se despediu. Chiquinho ficou na companhia da incerteza. Letícia Leal, aluna da UnB e admiradora do livreiro, logo entrou no comércio. Percebeu a inquietude do amigo e quis saber o que havia acontecido.
“Hoje, eu presenciei uma cena que me calou. Ao realizar uma visita à famosa Livraria do Chiquinho, na ala norte do ICC, me deparei com esse homem, que é sempre tão plácido, nervosíssimo. Sua mão tremia e seus olhos lacrimavam. “Você me desculpa, viu, é que eu tô nervoso”, ele me disse. A razão? Segundo ele, uma outra visita que acabara de receber da reitoria. Do reitor Ivan Camargo em pessoa, na verdade; e não, ele não estava procurando livros para alguma bibliografia. O senhor Ivan queria saber quando Chico pretende desocupar o local em que trabalha e presta seu serviço à Universidade há 40 anos”, descreveu Letícia Leal.
A estudante transformou o que viu em uma página no Facebook, a Chico Fica. Foram mais de 1,4 mil curtidas em menos de 24 horas e várias mensagens de apoio ao livreiro. O post que relatava o ocorrido teve quase 200 compartilhamentos, até a noite desta quarta-feira (11/10). A intenção dos estudantes é manter Chiquinho no mesmo local.
Olá, caríssimos e caríssimas brasilienses! Estudantes e ex-estudantes, professores/as, escritores/as, fissurados/as por…
Posted by Chico Fica on Terça, 10 de novembro de 2015
Esse desejo pode não se concretizar, no que depender do reitor. “A nossa preocupação é retomar o projeto de Niemeyer para a UnB. O espaço ocupado pelos comércios, que são puxadinhos, deveria ser vazio. Ali tem ratos, gatos e outros bichos. A Vigilância Sanitária não nos deu outra opção, a não ser realocar o comércio. Construímos uma estrutura adequada, com condições melhores”, explicou Ivan Camargo.
“A gente respeita o espaço público, ele não pode ser tratado como privado, ou a UnB se transforma numa grande invasão. A UnB não pode privatizar o espaço público”, diz o reitor.
Segundo o reitor, a negociação para que os comerciantes se mudem já dura três anos e chegou a um momento definitivo. O espaço para receber as lojas passou por reforma e está pronto. Mas, segundo Camargo, não há pressão para que Chiquinho deixe seu ponto.
Chiquinho é meu amigo querido. É um patrimônio da UnB. Não existe a menor possibilidade de ele sair da UnB. Ele vai se mudar quando quiser, quando concordar com um lugar adequado para ser seu novo endereço
Ivan Camargo, reitor da UnB