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Veja as universidades do DF com maior número de devedores no Fies

Ao todo, são 24.205 contratos com pelo menos 90 dias de atraso, distribuídos entre 96 cursos

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1 de 1 nacional - Foto: TUNO VIEIRA/REPRODUÇÃO

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) revelam que os estudantes do Distrito Federal devem R$ 640 milhões junto ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Ao todo, são 24.205 contratos com pelo menos 90 dias de atraso, distribuídos entre 96 cursos de 44 instituições de ensino.

As informações foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pela agência Fiquem Sabendo e analisadas pelo (M)DadosOs números contabilizam todos os débitos de 2010 – quando a versão mais atual do programa foi lançada – até 7 de outubro de 2019.

A entidade com o maior número de devedores é a Universidade Paulista do DF (Unip). Quase 4 mil estudantes da faculdade devem R$ 148 milhões. Logo atrás estão 2.879 alunos do IESB, com dívida de R$ 75 milhões, e 2.039 da Faculdade Anhanguera de Brasília, com mais de R$ 53 milhões a pagar.

As estatísticas também mostram que o curso com a maior quantidade de endividados no Distrito Federal é pedagogia, com 2.728 alunos, seguido por direito, com 2.606.

De acordo com Edson Machado Filho, reitor do IESB, as universidades não têm orientação alguma do Ministério da Educação (MEC) para o controle de inadimplência, já que o empréstimo é feito entre o estudante e o governo federal. “O nosso controle acontece, em geral, com os contratos vigentes. No nosso caso, procuramos investir em simulações de entrevistas de emprego, preparação de currículo, campos de estágio. Precisamos ir para além de dar o diploma”, disse.

 

Até a publicação desta reportagem, o Ministério da Educação não havia se manifestado.

Dificuldades financeiras

Após a conclusão do curso, o estudante tem 18 meses de carência antes de começar a pagar o valor devido. Nesse período, ele quitará, a cada três meses, o valor máximo de R$ 150, referente ao pagamento de juros incidentes sobre o financiamento.

Formada em jornalismo, a moradora de Candangolândia Ana Paula Mendes, de 31 anos, conseguiu pagar o valor trimestral durante um ano e meio após a conclusão do ensino superior. No entanto, assim que precisou recompor seu orçamento, foi demitida do emprego e se viu impossibilitada de honrar o compromisso.

“Em 2016, entrei pelo Prouni [Programa Universidade para Todos] e pagava metade. Acho que na época eram R$ 650, então eu só pagava R$ 300. Quando concluí o segundo semestre, passei para o Fies, porque era meu pai quem pagava no início, e ele ficou sem condições. Ele é catador de material reciclável”, relatou.

Assim que se formou, Ana Paula pagava R$ 50 a cada três meses. Na segunda metade de 2018, quando precisou pagar R$ 150 por mês, seu contrato de um ano com a creche em que trabalhava como monitora foi encerrado. “Como sabia que iria ficar desempregada, fui lá fazer um novo contrato para tentar pagar mais à frente. Mas falaram que não tinha como, e agora consto como devedora”, lamentou.

Allane Moraes/Esp. Metrópoles
Ana Paula Mendes, 31 anos

Também endividadas por não conseguirem pagar o Fies, as irmãs Sabrina de Brito, 25 anos, e Bruna Iara de Brito, 31, ficaram com os nomes registrados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) como devedoras após concluírem a faculdade.

Gastrônoma, Sabrina ingressou no ensino superior em 2014 e se formou em 2017. Sem bolsa integral, ela ainda pagou uma mensalidade de R$ 250 durante todo o curso. Agora, já graduada, a jovem não tem salário fixo para quitar a dívida.

“Quando me formei, pagava R$ 50 a cada três meses. Mas, desde o meio do ano passado para cá, já comecei a ter dificuldade”, contou.

Atualmente, ela trabalha como confeiteira, mas depende de encomendas para juntar dinheiro ao final do mês. “Eu não tinha muita encomenda no início. Hoje, tenho que pagar R$ 250 por mês até 2025. Até agora, só devo ter pagado três ou quatro prestações.”

Sua irmã, Bruna, passa pela mesma dificuldade. Designer de moda, ela entrou na faculdade em 2010 e concluiu o curso em 2014. Precisando pagar R$ 95 por mês atualmente, a revisora de texto não tem salário fixo e relata que não sabe quando quitará a dívida com o programa. “No começo, eu estava pagando normal, só que tanto eu quanto a Sabrina não conseguimos emprego. Nós estamos trabalhando como autônomas, e o dinheiro não é certo. Tem mês que a gente não recebe nada, e ficou um gasto muito alto”, comentou.

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