Escola interditada pela Defesa Civil no Gama será demolida
Para o órgão, o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Carlos Castello Branco não oferece segurança aos alunos
atualizado
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Mais de 570 alunos do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Carlos Castello Branco estão sem aula há mais de uma semana. A unidade, localizada na Quadra 20 do Setor Oeste do Gama, foi interditada pela Defesa Civil no dia 14 de maio, por não oferecer condições de segurança necessárias aos estudantes, e permanece sem funcionar.
De acordo com a diretora, Ieda Alves Vieira, o colégio deve ser demolido nos próximos dias e uma nova unidade será construída no local.Ieda afirma que, entre os problemas apontados pela Defesa Civil, há locais na escola com elevado risco de descargas elétricas fatais e não há condições de segurança quanto a incêndios. “O prédio está todo em risco. O Caic não comporta mais os alunos e deve ser posto abaixo logo, para a construção de uma nova unidade”, acrescentou a diretora.
Revoltados, pais e responsáveis tentam contato com a escola, mas não obtêm resposta. Eles reclamam da falta de posicionamento da direção. Sem previsão para o retorno das atividades, querem saber para onde os filhos serão transferidos.
Joice Kelly, 23 anos, é assistente administrativa e tem um filho de 2 anos que estuda na unidade. Segundo ela, no último dia 14, a direção teria telefonado, pedindo que fossem buscar a criança, pois um problema no sistema de água do colégio estaria impedindo a continuidade das aulas. “Eles me falaram que um cano quebrou e, por isso, meu filho não ia poder ficar. A escola estava sem água.”
Como Joice não tinha com quem deixar a criança, a assistente administrativa faltou ao trabalho. De acordo com ela, a interdição tem trazido inúmeros transtornos. “Fiquei mais de uma semana sem ir ao serviço. [Os patrões] me cobram o tempo todo e já ameaçaram até me demitir caso eu não vá ainda nesta semana”, diz.
Funcionários da escola que não quiseram se identificar confirmaram os problemas estruturais da unidade e definiram o episódio como “uma tragédia anunciada”. “Todos no Caic sabem que a estrutura não comporta os alunos. A escola está condenada. São rachaduras, vazamentos e problemas na distribuição de gás”, disse um dos servidores.
Estrutura antiga
Os Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente integram um programa educacional desenvolvido durante o governo de Fernando Collor de Mello à frente da Presidência da República. As escolas, construídas na década de 1990, foram idealizadas por Darcy Ribeiro. A iniciativa começou no Rio de Janeiro, durante gestão de Leonel Brizola no governo estadual, e tem projeto arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer.
De acordo com o último Censo Escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2016, a unidade no Gama conta com pelo menos 106 funcionários e 34 salas de aula, além de biblioteca, espaço de leitura, pátios, parques e refeitórios.
Transferência definida
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação confirmou que o Caic será demolido. No dia 15 de junho, será elaborado cronograma.
A pasta ainda informou que, em reunião realizada na tarde dessa terça-feira (22/5) – na qual estiveram presentes a engenharia da secretaria, professores e direção do Caic, além de representantes da Regional de Ensino do Gama –, ficou acordado: os estudantes serão transferidos para a Escola Classe 29, na Entrequadra 13/17 do Setor Sul do Gama. A regional de ensino fornecerá transporte para os estudantes, o qual sairá do estacionamento do próprio Caic.
A pasta disse ainda que serão feitas adaptações na escola para receber os alunos. “Com isso, o retorno às aulas está previsto para 4 de junho, sendo que o calendário de reposição dos 12 dias letivos perdidos será definido em conjunto com a comunidade escolar. Os 54 alunos da creche serão transferidos para os Jardins de Infância 6 e 3, próximos ao Caic”.