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Ensino à distância cresce, mas não na educação básica

Para consultor, modalidade não pode substituir aulas presenciais pois prejudicaria formação integral de crianças e adolescentes

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atualizado

Tendência crescente no ensino superior, os cursos oferecidos na modalidade de ensino a distância ganharam ainda mais adeptos nos últimos anos. De 2019 para 2020, a modalidade registrou crescimento de 26,8% das matrículas, segundo o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2022, produzido pelo Instituto Semesp, entidade que representa mantenedoras do ensino superior.  

Hoje 35,8% das matrículas no ensino superior do Brasil são de cursos a distância. Em números absolutos, esse percentual representa mais de 3 milhões de alunos, sendo mais de 90% concentrados na rede privada. 

No ensino superior, a modalidade remota pode ocorrer em aulas síncronas (ao vivo) ou assíncronas (gravadas), em que o estudante acessa no período em que desejar. Em ambos os casos, há possibilidade de interação com o professor, embora no primeiro exemplo ocorra em tempo real.

Não à toa essa modalidade atrai estudantes mais velhos, se comparado ao perfil daqueles que procuram os cursos presenciais. A cada 100 ingressantes de cursos de ensino a distância, 27,3% possuem até 24 anos. Em cursos presenciais, esse percentual é de 67,9%. 

‘Aprendizado não está só nos livros’

Na educação básica, o ensino remoto foi alternativa, em caráter de emergência, para o período da pandemia de Covid-19, em 2020, quando as escolas tiveram de se manter fechadas. O projeto de Lei 2979/20 permitiu a substituição do ensino presencial pelo remoto por conta da situação extrema necessidade imposta pela circulação do coronavírus.

A medida foi permitida pelo Conselho Nacional de Educação, e os órgãos estaduais, por sua vez, criaram normas complementares para suas regiões. 

Atualmente o novo ensino médio, garantido pela Lei nº 13.415/2017, admite que 10% da jornada de 1.400 horas, a serem aplicadas no máximo em cinco anos, possa ocorrer de forma remota. O que abre possibilidade para que as escolas adotem o ensino híbrido, ministrado parte de forma presencial e parte a distância. 

O sociólogo e consultor em educação Cesar Callegari, não aprova a substituição das aulas presenciais pelas mediadas pela tecnologia.

“O ensino a distância foi importante na pandemia para que os alunos pudessem manter algum contato com as escolas. Mas sou contrário à substituição do ensino a distância pelo presencial na educação básica porque as relações presenciais no ambiente escolar são muito importantes. A construção de valores como tolerância, respeito às desigualdades e diferenças só podem ser garantidas na vivência interpessoal”, reforça Callegari, que é presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada (IBSA) e foi um dos coordenadores do grupo de transição na Educação do presidente Lula. 

Callegari explica que não é contra a utilização dos recursos tecnológicos e não está os “satanizando”, mas enfatiza que a formação integral de uma criança passa pela convivência escolar e esta não pode ser feita por meio de telas.

“Muitas das coisas que aprendemos não estão nos livros ou nos conteúdos, estão na interação com alunos e professores. São muitas experiências que não podem ser garantidas por processos ou sistemas a distância”.

Cesar Callegari

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