Escola de Planaltina aprova gestão compartilhada com a PM
No CED Estância III, votação contou com pais, docentes e alunos com 13 anos ou mais. Hoje, quatro unidades do DF têm a iniciativa
atualizado
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O Centro de Ensino Fundamental (CED) do Condomínio Estância III, em Planaltina, será a quinta escola do Distrito Federal a ter gestão compartilhada entre a Secretaria de Educação, a Polícia Militar (PMDF), o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) e a Secretaria de Segurança Pública. A mudança foi aprovada pela comunidade local por meio de voto secreto neste sábado (10/08/2019), e o resultado foi aferido por uma comissão montada especialmente para a ocasião. Segundo a Secretaria de Educação, os votos favoráveis correspondem a 59,69% do total; e os contrários, 40,31%.
Docentes, responsáveis e alunos do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1 do Itapoã, do CEF 19 de Taguatinga, do CEF 407 de Samambaia, do CED Gisno, na Asa Norte, e do CEF 1 do Núcleo Bandeirante também votarão sobre o tema no próximo sábado (17/08/2019). O modelo foi adotado em outras quatro escolas, englobando um universo de 7 mil estudantes: CED 1 da Estrutural; CED 308 do Recanto das Emas; CED 7 de Ceilândia; e CED 3 de Sobradinho.
A cozinheira Ana Cleide Almeida, de 37 anos, foi com o filho, Carlos Vitor Costa Silva, 12, para votar favoravelmente à iniciativa no CED Estância III. Ela afirma que a maior motivação é ter mais disciplina e segurança dentro da escola. “Um dia meu filho levou um soco na cara e o diretor não viu. Onde a diretoria não puder atuar, os policiais estarão ali”, afirma.
Tímido, o pré-adolescente apenas acenou com a cabeça ao ser perguntado se concordava com a gestão compartilhada. Pela idade, ele não teve direito a voto, mas opinou que a medida era positiva. “Não pode ter essa coisa de um aluno implicar com outro”, disse.
Operador de máquinas, Gilson Chaves, 50, também votou a favor da nova gestão compartilhada por questões de segurança. “Provavelmente, a disciplina aqui vai ficar mais rígida”, disse. Seu filho, Heicom de Abreu, 14, que estuda na unidade, se manifestou favoravelmente à mudança. Segundo o rapaz, deve haver “diminuição da sensação de insegurança”.
Sob a condição de não terem os nomes revelados, funcionárias do centro educacional conversaram com a reportagem do Metrópoles. As profissionais ressaltaram que a gestão compartilhada, com a presença da Polícia Militar na escola, ajudará a combater a violência da região.
“Temos turmas com alunos que repetiram três ou quatro vezes de ano, e já teve ameaças entre os estudantes. Existe uma situação delicada”, desabafou uma pedagoga.
Outra servidora apontou que “vários assaltos acontecem aqui perto”. Segundo ela, “praticamente todo mundo já foi vítima aqui por perto. Ter a polícia ajudará a mudar essa situação”.
A gestão pedagógica dos colégios vai seguir as diretrizes da Secretaria de Educação. A iniciativa estabelece que, com um aplicativo de celular, os pais possam a ter acesso ao que os alunos fizeram durante o período de aulas.
Uma portaria conjunta foi assinada em 31 de janeiro pelos secretários de Educação, Rafael Parente, e da Segurança, Anderson Torres, e pelo comando da PMDF. Segundo o governo, o projeto visa, por meio de ações conjuntas, proporcionar uma educação de qualidade, com a construção de estratégias voltadas ao policiamento comunitário, como forma de enfrentar a violência no ambiente escolar.
Pesquisa
Em junho, a Secretaria de Segurança Pública divulgou pesquisa realizada com 1,2 mil pessoas, sendo 962 estudantes. O balanço aponta que 75% dos professores entrevistados querem que os militares permaneçam nas escolas onde o modelo funciona. Do total, metade dos alunos e 86,9% dos servidores se mostraram a favor.
Quanto à sensação de segurança, quase 90% dos estudantes avaliaram o ambiente escolar como seguro (53,3%) ou muito seguro (36,5%). Nesse mesmo quesito, 88,8% dos professores e 98,8% dos servidores têm a mesma impressão.
De acordo com balanço da Secretaria de Educação, 55,21% dos professores entrevistados acreditam que o novo modelo “tornou as escolas um lugar melhor para se trabalhar”, e 75,6% dos educadores querem que os militares permaneçam.