metropoles.com

Em grave crise financeira, UnB estuda demissões e redução de subsídios

Medidas polêmicas como corte de estagiários e terceirizados, além do aumento dos preços do Restaurante Universitário (RU), estão a caminho

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Felipe Menezes/Metrópoles
ICC
1 de 1 ICC - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

A Universidade de Brasília (UnB) atravessa uma das piores crises financeiras da história. As contas não fecham e a estimativa é de que o rombo de 2018 fique em R$ 92,3 milhões. Para tentar equilibrar as finanças, a instituição já fez os cálculos de quanto vai precisar cortar em despesas: R$ 39,8 milhões. Em contrapartida, terá de aumentar a receita em R$ 50,8 milhões, o que inclui remanejamentos orçamentários.

Algumas medidas polêmicas, como o aumento dos preços praticados pelo Restaurante Universitário (RU), o corte de estagiários e terceirizados, estão a caminho. Em nota, a universidade admitiu o ajuste nos contratos de prestação de serviços, “que estão muito além da real capacidade de pagamento”. Isso envolve demissões e é motivo de protestos.

Nessa segunda (26) trabalhadores da limpeza da universidade cruzaram os braços e fizeram uma manifestação contra o provável desligamento de 242 funcionários da RCA Serviços. De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Maurício Rocha, a quantidade representa 55% do efetivo da categoria. “Nós achamos que mesmo com um corte no orçamento, é possível negociar, evitar as demissões”, disse o sindicalista.

O Sintfub denuncia que, desde o segundo semestre de 2016, cerca de 1.500 empregados da UnB foram desligados. Além dos trabalhadores da limpeza, vigilantes, copeiros e motoristas também estão ameaçados. “Vamos exigir uma mesa de negociação com a reitora”, diz Maurício Rocha.

A estimativa do Tesouro para as despesas de manutenção, neste ano, é de R$ 137 milhões, e os contratos somam R$ 214 milhões. Em 2017, o valor repassado foi o mesmo. Mas no ano anterior, a universidade recebeu cerca de R$ 217 milhões do Tesouro, o que mostra o corte substancial nos períodos subsequentes.

“O orçamento para custeio vindo da fonte do Tesouro, ou seja, para manutenção da universidade, vem sendo reduzido pelo governo, inclusive não contemplando a recomposição da inflação. As dificuldades desse corte são dramáticas e afetam desde a qualidade da limpeza nas instalações até a oferta de estágios aos estudantes”, destacou a instituição, por meio de nota.

A UnB garante estar dialogando com professores, técnicos e estudantes, informando sobre a situação orçamentária – agravada em todas as universidades federais devido à emenda constitucional que limitou os gastos públicos. A tesoura alcançou não só as verbas de custeio como de investimentos.

“A longo prazo, isso prejudica o desenvolvimento de qualquer instituição de ensino, pois há risco de ter laboratórios e bibliotecas defasados, com consequências dramáticas para a realização de pesquisas e a formação de estudantes”, afirmou a UnB.

Sobre as demissões, a administração informou que “se solidariza com a situação dos trabalhadores e reitera que conta com o apoio de toda a comunidade para enfrentar este momento de dificuldades”.

Na última sexta-feira (23), foi realizada reunião com diretores e gestores da instituição, com o objetivo de alertá-los acerca da delicada situação orçamentária que a universidade enfrenta. Para a próxima quinta (29), está prevista uma apresentação pública detalhando os problemas da universidade.

Parcerias e união
A crise, claro, preocupa toda a comunidade universitária. O presidente da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB), Virgílio Arraes, disse, em nota, que “a despeito dos baixos salários e de outras condições insatisfatórias, o professorado tem mantido seu compromisso com ensino, pesquisa e extensão, componentes essenciais da cidadania”.

Por sua vez, o presidente da Associação dos Servidores da Fundação Universidade de Brasília (Asfub), Herbet Mota, defende que, inicialmente, caso o corte de funcionários terceirizados de fato ocorra, o impacto gerado não deverá atrapalhar o andamento dos trabalhos do órgão.

“Nossa arrecadação deverá ser reduzida entre 12% e 15%. Pessoalmente, acredito que falta iniciativa por parte da administração para tentar buscar parcerias e atrair investimentos, permitindo a melhoria dos serviços ofertados pela UnB”, pondera Mota.

A universidade também rediscute a política de subsídios do Restaurante Universitário. Com isso, o preço do bandejão pode ficar mais salgado. A decisão será tomada pelo Conselho de Administração.

“Fizemos um ato e a reitoria parece ter recuado nessa ideia. Compreendemos que não é culpa exclusivamente da administração, mas não vamos aceitar que ocorram esses cortes que prejudicam toda a comunidade acadêmica”, relatou a coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Katty Ellen da Costa.

Em relação aos estagiários, a UnB explicou, também por meio de nota, que vai descentralizar os contratos. Em vez de serem bancados pela administração, passarão a ser geridos pelas unidades acadêmicas.

No ano passado, as contas da universidade também ficaram no vermelho. O repasse do Tesouro foi de R$ 105,9 milhões, 43,7% a menos do que em 2016 (R$ 188 milhões). A UnB é uma das instituições públicas de ensino superior mais importantes do país: tem 38.364 alunos, 157 cursos de graduação e 154 de pós-graduação.

Por enquanto, os cortes não devem alcançar o funcionamento dos cursos. “A UnB vem negociando ajustes e mudanças de forma a preservar a manutenção das atividades-fim da instituição: o ensino, a pesquisa e a extensão de qualidade”, informa a instituição, por meio de nota.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?