Centro de Ensino Médio Setor Oeste bate o próprio recorde e aprova 56 estudantes no PAS
Apesar do ano letivo conturbado, 56 estudantes do tradicional colégio público passaram em primeira chamada na avaliação seriada
atualizado
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Os alunos da rede pública do Distrito Federal enfrentaram um ano letivo difícil. Houve atraso no início das aulas e greve no segundo semestre. Para os estudantes em fase de preparação para o vestibular, um prejuízo enorme. Todos os obstáculos, no entanto, não impediram que 56 jovens do Centro de Ensino Médio Setor Oeste, tradicional escola localizada na 912 Sul, conseguissem as sonhadas vagas na Universidade de Brasília (UnB).
A quantidade de aprovados na primeira chamada do Programa de Avaliação Seriada (PAS), divulgada na última sexta-feira (8/1), foi um recorde para a instituição de ensino.
Para a diretora, Ana Maria Gusmão, a experiência de professores e a força de vontade dos alunos foram fundamentais para atingir o sucesso da escola. “Temos uma política pedagógica voltada para as provas de admissão, como Enem e PAS. Assim, o corpo docente trabalha com foco no preparo dos estudantes para as avaliações. Tenho muito orgulho dos nossos jovens, que batalham duro mesmo com as adversidades”, comenta.
Célio Cunha, especialista em educação e professor da UnB, destaca que o resultado positivo mostra um desenvolvimento progressivo do ensino público. “Assim como existem boas escolas particulares, há também bons colégios públicos, capazes de formar os estudantes para as provas de vestibular, que, a cada ano, aumentam as exigências conceituais e de raciocínio. Não são todas as instituições de ensino, mas percebo um número crescente de estudantes oriundos da rede pública nas melhores universidades do país”, afirma.
Bianka Ferreira, 18 anos, estava entre os 430 vestibulandos do colégio em 2015. Ela foi aprovada em ciências sociais. A adolescente afirma que, além de receber auxílio dos professores, se organizou para não fazer cursinho preparatório. “Estabeleci uma rotina diária de duas horas de estudo e dei ênfase em matérias de exatas, conteúdos que tinha mais dificuldade”, conta. Bianka quer seguir os passos do antropólogo Darcy Ribeiro, um dos idealizadores da UnB. Ela se emociona ao descrever a aprovação. “Foi o dia mais feliz da minha vida. Até agora estou anestesiada de felicidade”, diz.
Melhorias
Apesar dos resultados positivos, a diretora do Setor Oeste ressalta que há muito o que melhorar na rede pública. “O ideal seria ter mais professores para que pudéssemos que cada um atuasse em uma frente de ensino. Por exemplo, em Matemática, ter um profissional para dar aulas de cálculo, outro para geometria, outro para álgebra. Como é feito nas escolas particulares. A formação dos educadores também me preocupa. Muitos docentes chegam aqui sem saber como ensinar”, relata Ana Maria Gusmão.
O especialista Célio Cunha também defende mudanças. “É preciso que políticas mais efetivas sejam implementadas. O ideal seria que os docentes atuassem sempre em prol dos estudantes, sem que os problemas da carreira do magistério atrapalhem o processo. O ensino de qualidade, inclusive, fortalece o movimento por melhorias profissionais”, pontua.