“Caso isolado”, diz diretora sobre aluno que desmaiou em escola do DF
De acordo com a educadora Luciana Araújo, alunos que reclamam de fome recebem suporte da escola. Criança que passou mal está com o pai
atualizado
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Após a repercussão do caso de um menino de 8 anos que passou mal de fome na Escola Classe 8, no Cruzeiro, há uma semana, a diretora do colégio, Luciana Araújo, comentou o episódio nesta segunda (20/11). “Este é um caso pontual. Nunca presenciamos desmaios por causa de fome. Às vezes, alguns alunos dizem que não comeram em casa. Mas sempre há biscoitinhos disponíveis até o horário da refeição”, defende a educadora.
“Ele estava fraco e desfalecido, mas não chegou a desmaiar na nossa presença. A professora o trouxe nos braços, da sala de aula até a direção. Acionamos o Samu, que prestou o primeiro atendimento e viu que ele estava com todos os sinais vitais restabelecidos. Após o socorro, o entregamos ao responsável”, afirma.Luciana Araújo afirma que, no dia do incidente, o garoto relatou uma forte dor no peito e disse que estava sem comer. A escola acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e chamou o pai do menino, que buscou a criança.
Três dos cinco irmãos do menino também estudam na Escola Classe 8 do Cruzeiro. Chamados pela diretoria do colégio após o caso, as crianças relataram que tinham se alimentado em casa, mas o irmão teria recusado a refeição. Por telefone, a mãe do garoto teria confirmado a versão dos filhos para a diretora.
A família mora no Paranoá Parque e, todos os dias, as crianças viajam cerca de 30km para chegar à escola no Cruzeiro, já que não existem instituições de ensino públicas na região em que habitam. Nesta segunda-feira (20), o Metrópoles fez o mesmo trajeto dos estudantes.
No mesmo ônibus em que o menino estava no dia do episódio, 30 crianças se deslocavam até a Escola Classe 8 no Cruzeiro. O veículo passou nas paradas do Paranoá Parque por volta das 12h50 e chegou ao colégio às 13h30.
Desde o dia 13, após o mal-estar, o menino está morando com o pai, no Cruzeiro, e não utiliza mais os ônibus oferecidos pelo GDF. O Conselho Tutelar do Paranoá acompanha o caso. De acordo com o GDF, a família da criança está incluída em dois programas sociais: o Bolsa Família e o DF Sem Miséria, que totalizam R$ 920 mensais, conforme a apuração do Conselho Tutelar.
Alimentação na escola
Segundo Luciana Araújo, no dia do incidente, a escola serviu arroz, farofa de feijão e isca de peixe. A instituição afirma que refeições como essa são servidas três vezes, durante a semana: na segunda, na quarta e na sexta-feira. Já nas terças e nas quinta-feiras, os alunos recebem biscoito com suco e frutas.
De acordo com Ari Alves Correa, funcionário da cantina da escola, sempre que crianças chegam com fome, os servidores oferecem um complemento à alimentação, como biscoitos. “A gente fica arrasado quando ouve que não damos comida aos meninos. Temos compromisso e cumprimos o cardápio sugerido pela Secretaria de Educação”, afirma. Nesta segunda (20), segundo o funcionário, os estudantes comeram arroz com estrogonofe de frango.
Repercussão
Após a divulgação do caso na última sexta-feira (17), o governador Rodrigo Rollemberg afirmou ter determinado à Secretaria de Educação a criação de uma escola para atender as regiões do Paranoá Parque e do Itapoã. A pasta deve alugar um prédio para estabelecer o centro de ensino enquanto um local definitivo não for construído.
A deputada Celina Leão (PPS) também apresentou um projeto de lei com o objetivo de complementar a alimentação de estudantes que precisam viajar longas distâncias entre a casa onde moram e a escola.