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Bibliotecas públicas farão aulões para pessoas 60+ ingressarem na UnB

A Biblioteca Nacional de Brasília e a Biblioteca da Ceilândia vão oferecer aulões de redação para os vestibulandos a partir de 60 anos

atualizado

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1 de 1 UnB - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto / Metrópoles

Após a realização de aulões gratuitos para jovens participarem do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB), as maiores bibliotecas públicas do DF também cederão os espaços para pessoas com 60 ou mais que tenham o sonho de ingressar em uma universidade federal. A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) e a Biblioteca Pública da Ceilândia vão oferecer aulões de redação para os vestibulandos, que concorrerão a 136 vagas em 37 cursos de graduação distribuídos pelos quatro campi naUnB.

O aulão de redação inicia no dia 19 de janeiro, das 14h30 às 17h na Biblioteca Nacional de Brasília e nos dias 17 e 18 de janeiro, das 19h30 as 22h, na Biblioteca Pública de Ceilândia. “Vamos dar uma aula mais voltada para a redação nos moldes do vestibular da UnB”, explica a professora e dona de cursinho, Paula Monteiro, formada em Letras na universidade criada por Darcy Ribeiro.

Segundo Paula, as aulas serão prioritariamente voltadas ao texto dissertativo-argumentativo. “A redação precisa ter coesão, coerência e um bom planejamento estratégico. Saber como organizar as ideias do vestibulando será o principal objetivo da aula. Aprender a se organizar antes de escrever”, adianta ela.

Com ingresso já no primeiro semestre do próximo ano, a iniciativa faz parte da “Política do Envelhecer Saudável”, resolução da Câmara de Direitos Humanos da UnB. O fornecimento das vagas será feito por meio de prova de redação em português, em caráter classificatório e eliminatório. A prova está marcada para o dia 28 de janeiro, um domingo.

A diretora da BNB, Marmenha Rosário ressalta a importância do projeto. “Formei-me na UnB, e essa iniciativa me enche de orgulho. Nosso apoio ao público idoso não poderia faltar. Trata-se de uma ação inclusiva do maior mérito”, disse.

A Professora e recursista Kássia Braga, que ministrará as aulas na Biblioteca Pública da Ceilândia é especialista em Língua Portuguesa, com atuação em cursos preparatórios para concursos.

Sonho

Marluce da Silva Franklin, 60, moradora de Sobradinho II, agente da Mala do Livro, programa de extensão do GDF de empréstimos de obras literárias e de livros didáticos nas regiões administrativas e entorno, foi vítima de violência doméstica e conta que vai superar os problemas tentando uma vaga em biblioteconomia.

“Cursar Biblioteconomia na UnB sempre foi um sonho, mas não dava tempo de estudar porque eu tinha que correr atrás dos alimentos, passar valores e educar meus filhos”, conta Marluce, que conseguiu se separar do ex-marido e ficou com os seis filhos do casal, ilustrando o triste destaque do DF em agressões a mulheres.

Com os filhos hoje criados, Marluce agora enfrenta um novo obstáculo, o câncer, mas garante que a doença também será derrotada. “Essa notícia do vestibular me fez muito bem. Me deu uma animada. Estou muito grata à UnB e à BNB, que vai nos proporcionar o curso de redação”.

Natural do Rio de Janeiro e acolhida em Brasília, Marluce começou a emprestar obras pela Mala do Livro em 1993, três anos depois do surgimento do programa. Marluce conta que o programa a ajudou a mudar a realidade de onde vivia. “Sobradinho II era um local extremamente violento. Muitos jovens, muitos adolescentes morriam, às vezes todos os dias. Me incomodava, me entristecia muito. Queria fazer algo que ajudasse de alguma maneira a evitar uma morte. Eu sabia que a leitura e o conhecimento têm esse poder”, relatou.

“Tenho 60 anos, estou cheia de netos, e meus sonhos não morreram, continuam aqui, no meu coração. Estou irradiando alegria”, declara. Essa alegria também decorre de ela ter lançado na recente Feira do Livro de Brasília, em sua 37ª edição, seu trabalho “Breno, um garoto muito sonhador”, completou Marluce.

Produção independente, o livro conta a história de uma criança que achou alento na imaginação para superar sua realidade de vulnerabilidade. Um grupo de amigos se reuniu para fazer uma tiragem de 100 exemplares, com direito a venda e sessão de autógrafos.

Com informações da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

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