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Aumenta procura por matrículas em escolas militarizadas do DF

No CED 1 da Estrutural, diretoria disse que “turmas estão lotadas e professores se sentem mais seguros”. Modelo funciona em quatro unidades

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Escola da Estrutural
1 de 1 Escola da Estrutural - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Após votações conturbadas, com direito a bate-boca entre policiais militares e integrantes do Sindicato dos Professores (Sinpro), quatro escolas públicas do Distrito Federal vivem dias de transição e tentam se adequar ao modelo de gestão compartilhada com a Polícia Militar. O regimento traz consigo novidades que, gradualmente, são inseridas no cotidiano dos colégios. Embora ainda seja cedo para se avaliar o impacto em questões como desempenho escolar, alguns efeitos já são sentidos. Em todas as unidades, aumentou a procura por matrículas.

No Centro Educacional 1 (CED 1), na Estrutual, a capacidade máxima já foi atingida, de 1,4 mil estudantes. Com aumento da procura por uma oportunidade no centro de ensino, os que desejam entrar aguardam por uma vaga de alguém que deixar a escola.

Nas outras unidades onde o novo modelo foi implantado, o número de alunos matriculados cresceu de forma acentuada. No Recanto das Emas, no CED 308, pais e alunos dormiram na fila em busca de vagas remanescentes. Segundo dados da Secretaria de Educação, após o período aberto para preencher as vagas ainda existentes, o número de alunos aumentou de 880 para 950.

O maior crescimento, contudo, foi em Ceilândia, no CED 7. A quantidade de estudantes aumentou de 1,6 mil para 2 mil. Não há mais vagas. Estão abertas oportunidades apenas no CED 3 de Sobradinho: são 5 oportunidades restantes para quem ainda deseja se inscrever. No local, foram abertas mais duas turmas para comportar a demanda. Eram 1,6 mil estudantes. Hoje, são atendidos 1.680.

No CED 1, a diretora Estela Accioly conta que a lista de espera de matrícula “aumentou muito” desde a chegada dos militares. “Ainda é a segunda semana de aula, mas já é possível observar muita diferença. São poucos pais insatisfeitos com a gestão compartilhada. As turmas estão lotadas, os professores se sentem mais seguros. Os próprios alunos veem os policiais como companheiros agora e estão muito mais calmos”, afirma Estela.

 

O primeiro-tenente Araújo é o responsável pela formação disciplinar dos alunos no turno da tarde. Ele explica que o papel dos policiais não interfere na questão pedagógica. “Trata-se de uma gestão compartilhada, não militarizada. Estamos aqui para dar mais segurança e facilitar o trabalho da educação”, disse.

Na formação de entrada, os policiais ficam responsáveis por organizar os alunos. Além disso, conforme conta o tenente Araújo, os PMs colaboram reforçando conceitos de cidadania, ética e postura. Algumas regras podem ser observadas: todos devem utilizar calças – nunca short ou saia; as meninas devem usar coque no cabelo e os meninos precisam apresentar um corte padrão.

São cerca de 700 estudantes, em três turnos, para sete policiais. O projeto, no entanto, segundo a PM, é que fiquem de 20 a 25 militares em cada escola, a princípio, voluntários. “Esperamos uma verdadeira transformação tanto da educação quanto da comunidade em que eles vivem, em questão de convivência e valores”, resume o tenente.

“Xerife”
Uma das novidades mais curiosas nos colégios é a criação de uma espécie de “xerife” em cada sala de aula. Com funções e responsabilidades semelhantes às de um representante de turma, o aluno escolhido irá desempenhar papel fundamental em questões disciplinares, incluindo o controle de presença dos colegas de classe.

“Ele que irá fazer uma relação informando aos professores se determinado colega faltou ou foi embora mais cedo, sem ser notado”, explicou o major Lobato Marques, um dos PMs responsáveis pela parte disciplinar do CED 1 da Estrutural.

Conforme Lobato explica, por enquanto os “xerifes” têm recebido todo auxílio dos militares e professores, mas ele estima que em até três meses estejam aptos para desempenharem as funções sozinhos. “Queremos adotar o modelo da autogestão, e a ideia é ter a máquina andando por si só dentro deste prazo. Nosso objetivo essencial é permitir que o professor consiga dar aula e não perca tempo com questões disciplinares”, completou.

As punições aos alunos faltosos ainda não foram definidas, mas devem seguir o modelo adotado anteriormente, no qual o estudante inicialmente receberá uma advertência. Se mantiver o comportamento, os pais serão comunicados e, caso continue faltando, o Conselho Tutelar também será informado. O aluno que não comparece à escola em 31 dias é desligado da unidade.

Veja vídeos:


Secretário de Educação do DF, Rafael Parente vê com bons olhos os dias de adaptação dos colégios. “O processo está andando muito bem e estamos prevendo uma fase de transição que dure até dois meses. O projeto de lei está com a parte jurídica e passa por análise interna ainda”, disse ao Metrópoles.

Pontualidade
Outra novidade é a rigidez quanto à pontualidade dos alunos. No CED 1 da Estrutural, por exemplo, as aulas do turno vespertino têm início às 13h, e a tolerância é de 50 minutos. Excedido o limite de tempo, os atrasados não poderão entrar na unidade.

De acordo com Lobato, a rigidez faz parte do regimento disciplinar militar e evita que se prejudique o andamento das aulas e atividades previstas para o horário, incluindo o momento quando os alunos são postos “em forma”. O procedimento militar tradicional consiste em enfileirar os estudantes antes do início das aulas.

A previsão é que o procedimento seja repetido de segunda a sexta-feira, pelo menos três vezes ao dia: entrada, intervalo e saída. Os estudantes, por enquanto, não usam farda e ainda não aderiram à uniformização dos cortes de cabelo, mas as medidas estão previstas no novo regimento, conforme informou o major.

Outras unidades
Além do CED 1 da Estrutural, os centros educacionais 3, de Sobradinho, e 308, do Recanto das Emas, já funcionam com o esquema de gestão compartilhada com a PM. Nos próximos dias, o governo promete encaminhar à Câmara Legislativa o projeto que formaliza o modelo por meio de lei. O objetivo é ampliar a iniciativa para 20 instituições ainda neste primeiro semestre e terminar o ano com 40 sob essa nova forma de gestão.

O modelo é inédito na capital. As escolas passaram a ser denominadas de Colégio da Polícia Militar do Distrito Federal (CPMDF). Os PMs e bombeiros que vão atuar nos centros de ensino são responsáveis pelas atividades burocráticas e de segurança, como controle de entrada e saída, horários, filas, além de darem aulas de musicalização, ética e cidadania no contraturno. Orientadores, coordenadores e professores permanecerão encarregados do conteúdo pedagógico das classes.

Metodologia
Segundo o secretário de Segurança do Distrito Federal, inicialmente deve ser elaborada uma metodologia de seleção para levar a militarização às outras unidades. “Fomos muito procurados por pais e alunos sedentos pelo projeto. Estamos fazendo estudos para ampliar”, ressaltou Anderson Torres.

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