Alunos do DF criam solução que facilita o ensino de robótica na escola
Destinado a alunos de 8 a 12 anos, solução promete facilitar o aprendizado, utilizando a robótica como instrumento lúdico
atualizado
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Um grupo de adolescentes apaixonados por programação desenvolveu uma ferramenta que pode revolucionar a forma como as crianças brasileiras — e de outros países — assimilam o conteúdo educacional ministrado dentro de sala de aula. O material promete facilitar o aprendizado de várias disciplinas, desde a física até a própria língua portuguesa, utilizando a robótica como instrumento lúdico.
De acordo com Mateus Berardo, de 18 anos, diretor técnico da Br.ino, uma startup brasiliense, o “ornitobrino” é um kit pedagógico que contém um hardware (componente físico de um computador) com linguagem de programação pensada para atingir o público infantil e iniciantes do mundo da robótica.
Segundo ele, o Br.ino funciona como uma espécie de tradutor de códigos utilizados para programar a Arduino, uma placa de hardware livre utilizada para o desenvolvimento de protótipos e controle de sistemas interativos domésticos e comerciais. Em paralelo, um software disponibilizado para download no site da empresa possibilita elaborar algoritmos no idioma nativo do estudante, de forma intuitiva e simples. Dessa maneira, a ferramenta substitui os termos de uma linguagem de programação por palavras-chave similares, escritas no idioma que o usuário preferir.
“Percebemos que os alunos tinham dificuldade de compreender a robótica porque a linguagem estava em inglês. E, como sabemos, apenas uma pequena parcela da nossa população compreende bem o idioma. Então, criamos um tradutor para a programação”, explica.
A ideia levou à criação da ferramenta, que torna a robótica mais acessível. Segundo Berardo, com o “ornitobrino” é possível criar desde carrinhos de controle remoto até sistemas que controlam motores e luzes (veja o que possível criar com esse tipo de aplicação).
“O kit que disponibilizamos vai possibilitar que a criança tenha liberdade criativa pra usar diversos componentes e criar, basicamente, qualquer projeto”, destaca.O grupo de desenvolvedores se conheceu durante o Ensino Médio, no colégio Leonardo da Vinci. Além de Mateus, integram a startup: Giulia Fricke, de 16 anos (CEO); Rafael Mascarenhas, de 17 anos (diretor de marketing); e os gêmeos Víctor e Gabriel Pacheco, de 18 anos (diretor financeiro e de planejamento estratégico, respectivamente).
Campus Party SP
A empresa foi uma das 80 startups selecionadas para expor seus projetos durante a Campus Party São Paulo, festival de empreendimento e inovação realizado no início de fevereiro no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Durante o evento, escolas e até a Secretaria de Educação do estado manifestaram interesse pelo Br.ino.
O professor Francisco Isidro, doutor em engenharia elétrica e curador do evento, fez questão de conhecer o projeto. Para ele, iniciativas como essa conseguem trazer o ensino convencional para o século 21.
“Se hoje a robótica ainda não é tão importante quanto o inglês, ela será. A geração atual é muito digital e se dispersa muito rápido, por isso, nós, professores, precisamos nos reinventar todos os dias”, acrescenta.
Isidro é curador Programaê, iniciativa que busca democratizar o acesso à programação. Na avaliação dele, por meio da robótica, é possível abranger em sala de aula qualquer conteúdo que envolva resolução de problemas. “Precisamos de ferramentas que tirem o estigma de que programação é algo difícil e para poucos”, complementa.