A cada 10 alunos que entram na UnB, quatro abandonam o curso
Pesquisa realizada pela Universidade de Brasília revela que, em oito anos, 16.325 universitários desistiram da opção escolhida após ingressar no ensino superior. Estudo embasou a decisão de dobrar as vagas do PAS
atualizado
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O mais recente estudo sobre a trajetória acadêmica dos alunos da Universidade de Brasília (UnB), realizado pelo Decanato de Ensino de Graduação, aponta que quatro em cada 10 estudantes abandonam a instituição. Entre 2000 e 2008, 16.325 universitários desistiram de seguir no curso matriculado.
A instituição não tem dados oficiais sobre o custo dessas desistências aos cofres públicos. No entanto, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o país gasta, com cada universitário das instituições públicas, R$ 21.383 por ano. Ou seja, apenas no caso da UnB, a despesa com os abandonos no período analisado seria de, no mínimo, R$ 349 milhões.
Física lidera a lista das áreas com o maior número de desistentes. Apenas 27,64% dos alunos que ingressam no curso saem com o diploma. O “ranking da evasão” é seguido por matemática (30,24%) e enfermagem (30,83%). Na contramão, medicina (90%), arquitetura e urbanismo (85,97%) e ciências farmacêuticas (83,59%) garantem mais becas no dia da formatura.
João Victor Moreira, 18 anos, foi aprovado para física, mas, no quarto semestre, decidiu mudar para engenharia de redes. “Quando entrei, não tinha certeza de qual curso queria fazer. Achei o currículo muito engessado e percebi que poderia ter opções melhores de mercado de trabalho em engenharia”, explica.
O estudante de enfermagem Lucas de Sousa Montenegro, 20, está no processo de transição para psicologia. Ele entrou na instituição de ensino superior pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), depois de concorrer com milhares de candidatos, mas percebeu que não tinha afinidade com algumas disciplinas. “Peguei matérias no departamento de psicologia e me aproximei mais dos temas”, esclarece.
PAS
Outra análise divulgada na pesquisa é sobre a continuidade nos cursos, de acordo com a forma escolhida pelo estudante para ingressar na instituição. Os professores que realizaram o estudo notaram que a probabilidade de um estudante se graduar é maior quando o acesso se dá via PAS (65,3%), do que via vestibular (61,2%), transferência (57%) ou convênio (30,1%).
De acordo com o decano de Graduação, Mauro Rabelo, “a universidade acredita na avaliação processual do aluno, a cada ano do ensino médio”. Ainda segundo Rabelo, a mudança vai fortalecer o programa.
Metodologia
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores tiveram que dividir a análise em duas partes. A primeira se destinou aos anos 2000 a 2008. Eles perceberam que, após sete anos, todos os alunos já teriam se formado, por isso seria possível analisar questões como a evasão.
Esse mesmo dado, no entanto, não poderia ser estudado entre 2009 e 2014, já que nem todos os estudantes que entraram na universidade nesse período se formaram. Essa segunda parte, portanto, destinou-se a observar os dois primeiros semestres dos universitários.
Entre os resultados obtidos, os professores verificaram que as notas atribuídas aos alunos da UnB, ao longo do tempo, caíram sensivelmente. Isso representa um indício de que os estudantes estão levando mais tempo para se formar.