Seguro pré-pago: consumidores podem contratar planos até por minuto
Serviço vale para veículos, imóveis e celulares. Economia ao consumidor pode chegar a 15% na hora de fechar negócio
atualizado
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Quem procura por planos de seguro tem uma nova opção de vigência de contratos. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) autorizou, no último dia 29 de agosto, a customização de apólices, o que pode resultar em economia de até 15%. Na prática, a medida permite que consumidores comprem pacotes com cobertura que podem durar meses, dias, horas e até minutos. Também é possível fechar o negócio em período intermitente, ou seja, por tempo indeterminado e com a possibilidade de “ligar e desligar” a cobertura, conforme acordado com as empresas.
A nova norma vale para seguros de automóveis, imóveis, vida e objetos rastreáveis, como celulares. A startup Onsurance, nascida em Brasília, oferece o serviço sob demanda em todo o país e tem preços a partir de R$ 0,00484 o minuto. O preço varia de acordo com marca do veículo, modelo, preço da Tabela Fipe e hábitos de direção. No site, a empresa afirma que a economia em relação ao modelo tradicional de contratação de seguro é, em média, de 50%. Porém, pode chegar a 80%, dependendo do uso por parte do cliente.
Aplicativo
O título que cobre apenas automóveis na Onsurance funciona como um celular pré-pago: o usuário coloca créditos e gastos de acordo com o uso. Por meio do aplicativo Facebook Messenger, é possível desligar o seguro quando estaciona o veículo na garagem de casa, por exemplo. As recargas não expiram e devem ser de, no mínimo, R$ 299. O primeiro crédito que o usuário colocar no aplicativo deve ser de, pelo menos, R$ 999, variando de acordo com fatores como o modelo do automóvel. Após a contratação, o serviço passa a funcionar em até 24 horas, segundo a empresa.
No entanto, em Brasília – onde cerca de 1 milhão de pessoas têm seguros, de acordo com o Sindicato dos Corretores de Seguros, Empresas Corretoras, Capitalização e Previdência Privada (Sincor-DF) –, ainda é difícil encontrar o serviço. Segundo o presidente da entidade, João Pereira da Silva, as corretoras estão se adaptando à nova norma divulgada. Por enquanto, não há prazo para que a implementação ocorra por completo na capital.
A expectativa do setor no DF, de acordo com Silva, é que a contratação de planos de seguro por demanda agrade principalmente aos jovens. “O serviço não é voltado exclusivamente a esse público, mas a adesão deve ser maior”, afirma. Ele acredita ainda na queda do preço, pois é esperado um aumento no número de interessados.
Opiniões
Gilmar Miranda (foto em destaque), 52 anos, ainda não vê benefícios na mudança. “Não vejo como uma vantagem os casos em que você terá um bem por mais tempo”, aponta. Ele contrata há seis anos seguro do apartamento onde mora com a família. Para Miranda, a nova modalidade é mais vantajosa nos casos passageiros. “Se você for alugar um carro e não quer pagar o seguro da locadora, acredito que vale a pena”, avalia.
Já Carolina Cordeiro, 32, admite que pode migrar para o serviço. “Preciso do seguro do meu carro o ano inteiro. Mas, se eu fosse viajar por um tempo e pudesse economizar esses dias parados, gostaria [do serviço]”, diz.
Peças usadas
Outra medida anunciada pela Susep pode levar ao barateamento dos seguros. Não há impedimento regulatório para as seguradoras em relação à utilização de peças novas, originais ou não, nacionais ou importadas, e até mesmo usadas nos sinistros de danos parciais de seguros de automóveis.
De acordo com nota emitida pela Susep, a ação tem como objetivo ampliar a concorrência e a oferta de produtos de seguros aos consumidores. O cliente precisa autorizar o uso de peças não originais, sejam usadas pelas seguradoras ou não.
No entanto, o advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Igor Britto alerta que as seguradoras devem informar aos clientes sobre o uso das peças já usadas e a decisão do consumidor deve ser soberana.
“O Código de Defesa do Consumidor permite o uso de peças novas, mesmo não sendo originais do fabricante, no reparo. Desde que essas peças atendam as especificações técnicas do fabricante. Isso é uma garantia de bom funcionamento e segurança do produto”, sublinha o defensor.