Salões de beleza do DF fazem atendimento em casa e vendem “vales”
Com as portas fechadas, setor de beleza é um dos que mais sofrem com a pandemia. Veja exemplos de soluções criativas para driblar a crise
atualizado
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A crise na economia mundial provocada pelo novo coronavírus levou empreendedores de todos os ramos a investir em serviços de delivery e vendas antecipadas. Com os salões de beleza do Distrito Federal não tem sido diferente.
Diante da quarentena orientada por órgãos de Saúde e da limitação do funcionamento do comércio, empresas do setor de beleza e estética da capital se adaptaram à realidade e apostam nas estratégias que tentam amenizar prejuízos e evitar demissões.
O Metrópoles ouviu profissionais que dizem aliar, além da criatividade para manter os clientes, todos os cuidados necessários para evitar a propagação da Covid-19 (veja os relatos nos vídeos).
Uma delas é Michelle Miranda Cristino, 32 anos, proprietária do Espaço Quoris Beleza e Bem-Estar, situado na Rua 12 de Vicente Pires. Para manter os salários dos funcionários e as despesas em dia, mesmo com as portas fechadas, ela resolveu ofertar aos clientes os serviços do salão em domicílio.
“Colocamos à disposição: unha, selante, progressiva, escova, corte e pintura de raiz. Vamos até a casa dos clientes com todo o cuidado devido e higienização necessária”, comentou.
Manter-se em movimento é uma aposta para que, quando tudo se normalizar, o salão dela esteja cheio de novo, logo nos primeiros dias de reabertura.
“Tenho cinco funcionários e apenas um deles tem veículo próprio. Tento marcar de dois a três clientes por dia e passo na casa dos meus colaboradores para levá-los até a residência da pessoa que solicitou algo do Espaço Quoris”, esclareceu.
Segundo ela, a produção e, consequentemente, o faturamento do negócio caíram cerca de 70%. “Estamos tentando de qualquer forma manter uma fonte de renda. Está bem difícil.”
Interessados encontram a empresa através do @espacoquoris, ou pelo telefone de Michelle (61) 98452-7696.
A sócia-proprietária da Fast Escova Asa Sul, Dannyara Lima de Oliveira (foto de destaque), empresa especializada no atendimento de escovas e maquiagens, está entre os salões que buscam se reinventar.
A empresa de Danny, como é chamada, tem menos de seis meses de funcionamento e fica localizada na 308 Sul. “Nós, da Fast Escova, apoiamos o consumo no mercado local neste período e acreditamos que nosso país não pode parar. Não queremos nem podemos demitir nenhum colaborador, porque em breve nossa vida voltará ao normal”, disse a empresária.
“Pensando nisso, nesta relação do ‘ganha-ganha’, tivemos a ideia de algo que fique bom para nossas clientes e para os nossos profissionais. Estamos fazendo a venda antecipada de pacotes especiais”, acrescentou.
O experimento começou na última semana. São quatro pacotes e opções que variam de R$ 225 a R$ 400, com direito a cinco serviços cada. A cliente escolhe o valor que quer pagar e depois troca o tíquete pelo serviço quando o comércio voltar a funcionar. Se quiser compartilhar com alguém, também pode.
“O pagamento pode ser feito em casa. Nós mandamos o link do cartão ou pode ser por transferência bancária. Se a cliente preferir, podemos ir até o local para passar o cartão”, explicou Dannyara.
Quem tiver interesse, pode entrar em contato pelo Instagram da empresa @fastescova.brasilia. A aquisição dos vouchers também pode ser feita pelo telefone (61) 99664-9797.
Extensão de cílios
A situação da empresária Carol Guimarães, especialista em extensão de cílios fio a fio e volume russo, também é complicada. Ela tem um estúdio no Hotel Lake Side que está fechado há três semanas.
“Quando começou o decreto, eu entrei em pânico. Eu tinha uma reserva da época do Carnaval que deu para pagar as contas de abril. Os demais meses, eu não sei como vou me virar”, lamentou.
“Por isso, resolvi manter contato com as minhas clientes para mostrar que estou disponível. A ideia é dar o ar da graça para não cair no esquecimento e algumas já me pediram para atendê-las”, conta.
Até então, Carol realizou atendimento para três clientes. “Ainda é pouco. Estamos enfrentando essa crise e espero que possamos passar logo por essa fase difícil.” Para entrar em contato com Carol, basta acessar o Instagram @carolguimaraescilios ou ligar no (61) 99528-5009.
Redes sociais
Nas redes sociais, também há diversas opções de soluções criativas para ajudar estabelecimentos de beleza a amenizar os prejuízos. Veja algumas iniciativas encontradas pela reportagem com publicações abertas, que vendem vouchers e oferecem descontos:
Infectologista dá conselhos
De acordo com Werciley Júnior, infectologista e coordenador de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, as atividades em domicílio podem ser realizadas, desde que as profissionais tomem todas as precauções. “Tem de estar ciente que precisa usar a máscara durante todo o tempo do atendimento, e saber usá-la. Além de fazer a higiene das mãos de forma coerente”, explicou.
“Dessa forma, diminui a exposição das pessoas. Mas, se fizerem as orientações erradas, também podem ser vetores da doença para as clientes”, completou.
O cuidado com os equipamentos, no entanto, precisa ser redobrado. “Já que se propõem a fazer isso, que saibam higienizar bem os equipamentos utilizados para realizar os serviços. É importante ressaltar que é necessário tomar muito cuidado e que as pessoas devem ter a mínima instrução para usar as proteções corretamente. Aqueles profissionais que estiverem com sintomas, não devem ir trabalhar”, aconselhou.
Simbeleza
De acordo com o presidente do Sindicato dos Salões, Institutos e Centros de Beleza, Estética e Profissionais Autônomos do Distrito Federal (Simbeleza), Célio Ferreira de Paiva, a categoria busca medidas para amenizar os danos dos profissionais do setor durante a pandemia. Mas isso não significa lucro para os empreendedores.
“A tendência é a de que comece a piorar ainda mais a situação nos próximos dias. Nós temos, de conhecimento do sindicato, cinco empresas que declararam que não reabrirão mais as portas após o período de isolamento e vão demitir os funcionários.”
O sindicalista é dono da empresa de podologia Pronto-Pé, tem cinco unidades no DF e comenta que já demitiu cinco profissionais. Os demais estão de férias coletivas.
“Temos, em todo o DF, cerca de 30 mil profissionais autônomos que não estão trabalhando e sem possibilidade de obter receita. A maioria dos clientes não aceita pagar para ter o serviço no futuro. Não tem tanto interesse nessa modalidade, nem adesão. Não está sendo suficiente para bancar os caixas”, lamentou.
Paiva defende a criação de novas estratégias. “Estamos buscando ajuda junto à Federação do Comércio (Fecomércio-DF), para tentar incluir também os cabeleireiros no projeto que vai pagar R$ 600 mensais aos trabalhadores autônomos. A situação do setor é crítica e está entrando em calamidade. Nós não estamos sendo vistos e o governo não faz nada para ajudar.”