Refeições mais caras nos restaurantes comunitários do DF diminuem clientela
O preço triplicado faz parte do pacote de medidas anunciado pelo governador Rodrigo Rollemberg para aumentar a arrecadação e tentar diminuir o rombo nos cofres públicos
atualizado
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O atendimento nos 13 restaurantes comunitários do Governo do Distrito Federal (GDF) caiu pela metade depois que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) aumentou o preço das refeições. A medida, que passou a valer em 1° de outubro, subiu de R$ 1 para R$ 3 o valor do prato. Desde então, a média de vendas diárias caiu de 29 mil refeições para 14 mil.
Um funcionário do Restaurante Comunitário da Estrutural que pediu para não ser identificado confirma a queda no movimento. “O nosso pico sempre ocorre nas sextas-feiras. Para se ter uma ideia, na última antes do aumento, vendemos quase 3,2 mil refeições. Nessa sexta (16/10), foram apenas 976.”
Pacote
A mudança é parte do pacote de medidas anunciado pelo governador Rodrigo Rollemberg em setembro com o objetivo de tirar o DF da crise financeira. O socialista precisa alcançar novamente o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ultrapassado no segundo quadrimestre de 2015.
A justificativa do Executivo para a mudança é que, além do valor nunca ter sido reajustado, o custo de cada refeição é de R$ 6,75 — o que deixava R$ 5,75 para o GDF subsidiar. Para economizar, a opção foi dividir a conta: R$ 3 vão ser pagos pelos consumidores, e o restante (R$ 3,75), pelo governo.
Para a dona de casa Rosa Ferreira, 57 anos, quem sofre é a população. “Não posso mais vir todos os dias, como eu fazia. Quando estou sozinha, é mais fácil, mas com três filhos e marido, fica muito caro, impossível”, disse.
Na Câmara Legislativa, já tramita um projeto de decreto legislativo, de autoria da deputada Liliane Roriz (PRTB), para barrar o aumento nos restaurantes. “É lamentável que o governo tenha optado por isso. Poderia ter tirado de outras fontes, mas não sobrecarregar a classe mais pobre”, disse a parlamentar.
Histórico
O primeiro restaurante comunitário do DF foi inaugurado em Samambaia, em 2001, no governo de Joaquim Roriz. O objetivo era garantir aos trabalhadores de baixa renda e à população em situação de vulnerabilidade social acesso a alimentação adequada a preço baixo. O valor de R$ 1 foi estipulado naquele ano e nunca havia sido reajustado.