Produção de alimentos orgânicos no DF movimenta R$ 30 milhões por ano
Além da saúde para consumidores, plantações orgânicas geram mais lucro para pequenos agricultores do Distrito Federal. Mercado tem crescido a um ritmo de 20% anualmente, segundo o Sebrae
atualizado
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Que os alimentos orgânicos são mais saudáveis, não há dúvidas. Mas o que nem todos sabem é que a produção sustentável, sem uso de agrotóxicos, gera mais rendimentos também para quem cultiva. No Distrito Federal, por exemplo, o mercado de orgânicos movimenta R$ 30 milhões por ano e cresce, em média, 20% anualmente.
Nas estatísticas está o casal da foto acima, Édio Christ, 67 anos, e Neli Christ, 60. Eles se mudaram de Rondônia para Brasília há sete anos. Por aqui, se estabeleceram em uma chácara no Lago Oeste, e passaram a se dedicar a uma pequena produção agrícola.No início, utilizaram métodos tradicionais, com uso de agrotóxicos para controle de pragas, mas a estratégia não deu muito certo. “Cheguei a usar um remédio que deixou um canteiro infértil por cinco anos. Além disso, o lucro era pequeno”, conta Édio.
Foi quando o agricultor teve contato com produtores orgânicos. Com consultoria de institutos, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Édio começou a converter a produção convencional em sustentável.
Por mais de um ano, mudanças foram feitas, como a troca de adubos por insumos certificados, instalação de redes de irrigação e coleta de mudas, até que a propriedade, de 20 mil m² estivesse adequada a receber o certificado de produção orgânica.
O investimento tem trazido bom retorno à família Christ. “Nosso lucro aumentou cerca de 30% e todos os dias mais clientes buscam nossos produtos. Mal conseguimos atender toda a demanda. Se tivéssemos o triplo de canteiros, ainda venderíamos tudo”, afirma Édio. Atualmente, ele e a mulher contam com a ajuda de seis funcionários e plantam quase 50 tipos diferentes de frutas, hortaliças, verduras e ervas variadas.
Os produtos são vendidos em feiras, mercados ou na própria chácara, onde muitas pessoas vão buscar os vegetais recém-colhidos. “Conseguimos agregar mais valor, e os clientes percebem a qualidade”, completa Christ.
Mercado crescente
A história de Édio não é a única de sucesso. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, o mercado está em expansão. “A população local tem se conscientizado cada vez mais sobre a sustentabilidade e os benefícios dos alimentos desse tipo. Além disso, o DF conta com bom poder aquisitivo em comparação a outras unidades da Federação”, explica o analista Leonardo Zimmer.
E o potencial de crescimento desse mercado é muito grande. Das 19 mil propriedades rurais do DF, apenas 121 contam com cadastro no Ministério da Agricultura como orgânicas. “Temos ouvido os produtores. Muitos apontam obstáculos, como a falta de técnicos, dificuldade na aquisição de insumos e pouca mão de obra especializada para a aquisição do certificado. Mas percebemos que, ainda assim, a busca para a conversão em produção orgânica tem aumentado”, afirma Zimmer.
Atualmente, ao menos 40 produtores locais estão em fase de transição para a certificação orgânica com auxílio do Sebrae, que oferece consultorias e cursos para quem busca a mudança.