Panetone, cookie e caderno. Brasilienses ganham dinheiro no Natal
Moradores do DF devem gastar, em média, R$ 409 com presentes. De olho nisso, empreendedores de fim de ano se mobilizam na capital
atualizado
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Para muitos, Natal é sinônimo de estar próximo de quem se ama, mesas fartas e troca de presentes. Para outros, além de todos esses significados, a época traz uma oportunidade de ganhar um dinheirinho extra e aliviar o orçamento.
As chances de venda são altas, tendo em vista que a maioria dos brasilienses tem intenção de gastar comprar presentes este ano. De acordo com pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), cerca de 65% dos entrevistados estão dispostos a adquirir algum bem.
O otimismo com o período aparece no preço médio estimado com os presentes: R$ 409,96, segundo a pesquisa da Fecomércio-DF. A cifra é maior do que a registrada no ano passado, de R$ 389,79. Para efeito de comparação, a média nacional para este ano é calculada em R$ 124,99.
De olho neste mercado de período curto, mas extremamente aquecido, Tatiane Farias, 37 anos, apostou na confecção de cookies e pães de fermentação natural.
O dinheiro arrecadado já tem destino certo. “A meta é comprar o presente de Natal das crianças”, conta a servidora pública, que tem três filhos. Passando por dificuldades financeiras, Tatiane conta, ainda, que usará a experiência para decidir se seguirá ou não com a alternativa de renda extra em 2020.
Apesar do tempo para a confecção dos produtos ser limitado, ela se esforça. “Não tenho hora para dormir, faço tudo de madrugada”, conta. Trabalhando em horário comercial e cuidando da família, ela sacrifica os fins de semana para cozinhar.
A funcionária pública acredita ainda que, futuramente, essa possa ser uma alternativa para a complementação dos proventos. “Penso em investir dinheiro em um café, com produtos artesanais. É um sonho”, afirma.
Alívio no orçamento
O panetone é um dos clássicos do Natal, que aparece em presentes, confraternizações e refeições comemorativas. Carmen Lúcia dos Santos (foto em destaque), 53, aproveita a popularidade do pão doce recheado para aliviar o orçamento.
Já faz cinco anos que a conselheira tutelar fabrica artesanalmente o produto. Ao encontrar panetones de grandes marcas com preços considerados salgados por ela, Carmen viu a oportunidade de fazer o próprio e oferecer uma opção mais barata ao consumidor.
A demanda costuma ser grande. Ela chega a vender cerca de 400 unidades até o dia 25 de dezembro de cada ano. Os alfajores também fazem sucesso. Por mês, ela calcula vender cerca de 200. Já no último mês do ano, a quantidade dobra.
Para conciliar a demanda com o trabalho e outros afazeres, Carmen mobiliza os parentes. “Trabalho madrugada adentro e a família toda ajuda”.
O rendimento adicional é bem-vindo e tem destino certo. “Geralmente é para colocar as contas em dia ou para fazer uma viagem”, conta a conselheira tutelar.
Comércio aquecido
O Natal traz otimismo econômico e é considerado por muitos empresários como uma das datas mais importantes para o comércio. No DF, a expectativa é que o crescimento nas vendas seja de 12%, segundo dados da Fecomércio-DF.
Nacionalmente, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) espera um crescimento de 5,2% no volume de vendas de Natal. Se confirmado, o avanço será o maior desde 2012 para o período e irá movimentar R$ 36,3 bilhões.
Com o comércio otimista, vale a pena aproveitar a sazonalidade e inovar em produtos diferentes daqueles vendidos em outros meses do ano. É o caso de Gabriela de Quadros. A empreendedora de 25 anos vende cadernos produzidos artesanalmente.
Em 2019, pensando no fim do ano, Gabriela desenvolveu um bloco de notas chamado “coletânea de desejos” para dar de brinde para quem comprasse seus produtos. Usando as tradicionais resoluções de fim de ano, ela procurou estimular as vendas com a novidade.
Gabriela costuma se preparar com antecedência para a época. “Quando chega no fim do ano, geralmente, eu já tenho as etapas [de produção] bem organizadas, porque eu sei que vai ficar mais apertado”, afirma.
A preparação é essencial para lidar com o aumento da demanda do período, em que ela estima vender quase o dobro. “É uma época muito boa. Outras datas específicas precisam que as pessoas estejam vivenciando aquele momento, como o dia dos namorados”, destaca. “No Natal, normalmente, todo mundo se presenteia.”
Preparação
O diretor superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira, afirma ser natural que a época traga novos serviços ou produtos ao mercado, motivado pela intenção dos consumidores em comprar. “Há um aumento do dinheiro em circulação. A época junta 13º salário, pessoas que tiram férias. É o melhor momento para o comércio.”
Além dos empresários já inseridos no mercado, Oliveira aponta que desempregados e quem sofreu mais com os impactos da última crise econômica também costumam buscar na época uma solução para aliviar as contas.
Para aproveitar ao máximo as oportunidades que épocas como o Natal trazem ao empresário ou quem quer garantir um rendimento extra, é importante se preparar.
A recomendação vale tanto para antes do período — com a preparação para o estoque que atenda a alta demanda, por exemplo — como no momento posterior. “Não adianta pensar que se vender muito em dezembro vai vender muito nos outros meses”, aponta Oliveira.
Por isso, o empreendedor deve aproveitar os lucros maiores das vendas natalinas para fazer uma reserva, pensando nos compromissos do novo ano ou para sobreviver a um momento de aperto, como nos meses em que as vendas são menores.