Presente de ano novo. Gasolina já custa R$ 3,97 nos postos do DF. Álcool também aumentou
Expectativa era de que preços fossem ser reduzidos após operação da PF contra cartel. Mas isso não ocorreu. Ainda dá tempo de abastecer sem o aumento
atualizado
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A expectativa do brasiliense era de que depois da Operação Dubai, que em novembro do ano passado prendeu empresários do setor de combustíveis acusados de cartel, os preços da gasolina e do álcool fossem ser reduzidos nas bombas. Mas ocorreu justamente o contrário. Vários postos do Distrito Federal já estão vendendo, nesta quinta-feira (7/1), a gasolina a 3,97 o litro. O aumento de R$ 0,20, equivale a quase 6%. O álcool também foi reajustado e já custa R$ 3,39.
O reajuste nas bombas ainda não chegou a todos os postos. Quem quiser ainda pode abastecer com os valores antigos, mas a expectativa é que ao longo do dia os novos valores serão adotados pela maioria dos estabelecimentos.
Em fevereiro do ano passado, a Câmara Legislativa aprovou projeto do Executivo aumentando a alíquota do imposto pago na gasolina de 25% para 28%, e no diesel, de 12% para 15%. A mudança valeria a partir de 1º de janeiro de 2016.Outra explicação é que o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) atualizou a tabela de preços dos combustíveis que serve de base para a cobrança do ICMS nas refinarias, o que daria um reajuste de R$ 0,06 no produto.
O Confaz é formado por representantes das secretárias estaduais de Fazenda. O valor estabelecido na tabela leva em conta as características de produção e custo de transporte de cada estado. Neste valor médio, não é considerada a margem de lucro dos donos dos postos de combustíveis.
O último reajuste no preço dos combustíveis autorizado pela Petrobras foi autorizado no dia 29 de setembro do ano passado, quando o preço subiu 6% nas refinarias, e o preço da gasolina chegou a R$ 3,59.
Surpresa desagradável
O reajuste nos primeiros dias do ano pegou o consumidor de surpresa, já que o preço do petróleo está em queda no mundo. Na quarta (6), o valor do barril caiu abaixo dos US$ 35 pela primeira vez em 11 anos e meio.
A consultora Sandra Gomes (foto acima), 43 anos, ficou indignada ao abastecer o carro nesta manhã (7/1). “Acho um absurdo todo esse aumento. Parte do meu salário vai só para combustível. Infelizmente acho que a tendência é piorar”, disse. Até mesmo os funcionários de alguns postos ficaram surpresos com o reajuste. À reportagem, informaram que o preço foi colocado na tarde de quarta e, desde então, o movimento tem diminuído.
Esse horário (7h30) era para estar cheio aqui, mas olha aí, a maior parte dos carros passa direto quando vê o valor.
Frentista, que pediu para não ser identificado
Quem tem carro flex e quer saber se vale a pena abastecer com álcool ou gasolina deve multiplicar o valor do litro de gasolina por 0,7 e comparar com o valor do litro do álcool. Se o resultado for maior, compensa usar o álcool. Se for menor, a vantagem é abastecer com gasolina.
Operação Dubai
Na manhã de 24 de novembro do ano passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPDFT, a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) desarticularam o cartel de combustíveis no Distrito Federal e no Entorno. Segundo as investigações, o valor da gasolina era elevado em 20% para os consumidores.
Na operação, batizada de Dubai, foram presos José Carlos Ulhoa Fonseca, presidente do Sindicombustíveis DF; Antônio José Matias de Sousa, um dos sócios da Cascol; Cláudio José Simm, um dos sócios da Gasolline; Marcelo Dornelles Cordeiro, da rede JB; José Miguel Simas Oliveira Gomes, funcionário da Cascol; Adão do Nascimento Pereira, gerente de vendas da BR Distribuidora no DF, preso no Rio de Janeiro; e André Rodrigues Toledo, gerente de vendas da Ipiranga.
Também foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão e 24 de condução coercitiva.
Os diálogos entre donos de postos e distribuidoras de combustíveis no Distrito Federal flagrados pela investigação não deixaram dúvidas sobre o esquema de combinação de preços que existia, lesando os consumidores em até R$ 1 bilhão. Segundo cálculos da Polícia Federal, de forma simplificada, a cada vez que um consumidor enche o tanque de 50 litros o prejuízo médio é de R$ 35.
As transcrições das gravações, que servem como prova no inquérito policial que investiga o cartel, apontaram que uma das principais estratégias do grupo era aumentar o preço do álcool para torná-lo inviável ao consumidor, induzindo a preferência pela gasolina, onde a margem de lucro era maior.
Investigação continua
Em nota, o Cade destacou que os novos preços são motivados pelo reajuste no valor dos tributos realizado pelo GDF e que “não participa das decisões sobre aumento de impostos, que são tomadas pelo governo”.
O órgão diz, ainda, que “espera e incentiva que os postos, no ambiente de livre concorrência, estabeleçam seus preços de forma independente. Esse reajuste é uma oportunidade para que os revendedores precifiquem o valor cobrado por cada posto de forma não cartelizada.”
E que averiguará, após os reajustes, se permanecem indícios de comportamento coordenado entre os postos concorrentes. “Caso seja verificada a continuidade de indícios anticompetitivos, o Cade estudará junto aos demais órgãos de investigação eventuais medidas a serem tomadas”, destaca o texto.
Por meio da nota, órgão assegurou que “permanecendo os efeitos colusivos, a Superintendência-Geral do Cade reafirma o seu compromisso de estudar a proposição de medidas mais interventivas (como a venda de postos, por exemplo, a fim de desconcentrar o mercado). Algumas medidas, contudo, dependem da conclusão e julgamento do processo administrativo, que deve seguir fases legalmente estabelecidas de contraditório e ampla defesa.”