Preço da gasolina comum diminui R$ 0,08 em alguns postos do Distrito Federal. Já a aditivada e o etanol…
Rede Cascol confirmou a redução dos valores e afirmou que medida cumpre acordo firmado com o MPDFT
atualizado
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O desmantelamento do cartel dos combustíveis que comanda o mercado no Distrito Federal teve seu primeiro efeito prático nesta segunda-feira (1°/2). Os brasilienses que abasteceram o carro e prestaram atenção na bomba perceberam que houve redução, ainda que modesta, no preço do litro da gasolina comum. Em muitos postos, o valor estava em R$ 3,89 o litro, contra os R$ 3,97 verificados até o domingo (31/1). A redução de R$ 0,08 corresponde a 2%. Ainda é pouco para a cidade que tem uma das revendas mais caras do país.
Em 25 de janeiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciou uma intervenção na Rede Cascol, do Grupo Gasol. No mesmo dia, a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor (Prodecon) e a empresa assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Por meio do documento, ficou decidido que a Cascol se limitaria a aumentar o percentual máximo de 15,87% sobre o preço da compra da gasolina tipo C (comum). O TAC tem validade de seis meses, sob pena de multa de R$ 50 mil a cada situação de descumprimento.
A Cascol, então, se comprometeu a executar a decisão no prazo máximo de 10 dias. Em nota, a rede explicou, nesta segunda (1º), “que realmente reduziu os preços de combustíveis automotivos e afirmou que cumprirá o acordo firmado com o Prodecon”.
A queda dos valores, no entanto, não ocorreu apenas nos estabelecimentos ligados ao grupo.
Nos sete postos visitados pelo Metrópoles nesta segunda (1º) — três da rede Cascol e quatro de outros grupos —, cinco cobravam R$ 3,89 pelo litro da gasolina comum e dois ainda estavam com o valor antigo, de R$ 3,97.
Teve até endereço fazendo propaganda em rede social. O Posto 214 Sul anunciou, em sua página do Facebook, que, no crédito ou no débito, o combustível sairia por R$ 3,89 o litro, mas a empresa alertou: “Aproveite. Prazo indeterminado”.
Para o Cade, é preciso um período maior de avaliação dos preços para se chegar à conclusão de que o comportamento decorre das medidas tomadas pelo Conselho ou se reflete uma situação do próprio mercado. O conselheiro Gilvandro Araújo será o relator de recurso interposto pela Cascol no Cade. O processo foi distribuído em reunião nesta segunda-feira (1°).
Abaixou de um lado. Do outro…
O reajuste, contudo, foi feito apenas nas bombas de gasolina. O valor do etanol, por exemplo, subiu em algumas redes. Em muitos postos, o combustível era comercializado por R$ 3,56 o litro. O subgerente do Posto BR na 112 Sul, Baltazar Rodrigues, contou que recebeu uma ligação do dono do local na manhã desta segunda: “Pediram para baixar o preço da gasolina comum e subir o restante. Só não explicaram o porquê”.
O Metrópoles procurou o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicombustíveis) para falar sobre o assunto, mas a entidade não havia retornado as ligações até a última atualização desta reportagem.
Cartel
Em 24 de novembro de 2015, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPDFT, a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deflagraram a Operação Dubai. Donos e funcionários das principais redes locais, como Cascol, BR Distribuidora, Ipiranga e Gasolline foram levados para a Superintendência da PF.
Segundo as investigações, o valor da gasolina era elevado em 20% para os consumidores. Além disso, o preço do álcool era aumentado para inviabilizar o consumo desse combustível nos postos da capital federal. Ainda de acordo com os investigadores, o prejuízo que apenas uma das redes causou para os brasilienses chegou a R$ 1 bilhão por ano.