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Preço da carne dispara com aumento da exportação para a China

Índice de Preços ao Produtor Amplo aponta aumento de 5% entre outubro e novembro. No DF, a variação foi de 4,51% em outubro, segundo o IBGE

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DANIEL FERREIRA/METRÓPOLES
Feira do Produtor em Vicente Pires – Brasília, DF – 15/08/2015
1 de 1 Feira do Produtor em Vicente Pires – Brasília, DF – 15/08/2015 - Foto: DANIEL FERREIRA/METRÓPOLES

Nos últimos meses, os consumidores notaram que a carne bovina está com preços mais altos nos açougues do Distrito Federal. O motivo é o aumento da demanda da China pelo alimento. Enquanto os produtores faturam, o brasileiro paga mais para ter carne na mesa.

“O aumento da demanda da China faz com que tenhamos uma pressão sobre a nossa produção interna, já que somos grandes produtores mundiais”, explica o professor da Universidade de Brasília (UnB) Pedro Henrique Zuchi da Conceição.

De acordo com o docente, o aumento na procura dos chineses pela carne bovina brasileira é resultado da peste suína africana que atinge a China. O vírus afeta apenas porcos, causando uma doença hemorrágica e quase sempre resultando na morte dos animais. Com isso, a carne de boi virou opção para os chineses.

No Distrito Federal, o preço da carne registrou crescimento de 1,41%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, divulgado pelo IBGE. O destaque foi para o contrafilé, que apresentou uma variação positiva de 4,51%.

O aumento também foi apontado no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre outubro e novembro, a variação foi de mais de 5% – de 1,08% para 6,73%.

Entre uma semana e outra, o produto chegou a variar quase 2%. A inflação calculada pelo Índices de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da FGV, registrou variação de 2,79% para 4,37% para a carne bovina entre a segunda e a terceira semanas de novembro.

Crescimento na exportação

Dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) apontam o crescimento na exportação de carne brasileira de aproximadamente 27% entre setembro e outubro deste ano, passando de 145 para 185 mil toneladas.

No mesmo período do ano passado, o Brasil exportou 161 mil toneladas – 14% a menos que o quantitativo para 2019. Já em relação à quantidade exportada em janeiro deste ano, de 123 mil toneladas, o crescimento até outubro foi de mais de 50%.

A China aparece em primeiro lugar no ranking de países que mais compram a carne brasileira. Foram 319 mil toneladas entre janeiro e outubro deste ano, somando US$ 1,6 bilhão. O número é 23% maior que o registrado no mesmo período de 2018.

Sem expectativa para a normalidade

Pedro Henrique Zuchi da Conceição afirma que ainda não há como fazer uma previsão de quando o preço da carne bovina volta a se normalizar nos açougues. “O ponto que os analistas e os produtores têm que se preocupar é se [a situação] é momentânea ou se será uma tendência”, afirma.

A partir daí, é preciso que os pecuaristas se organizem em relação à produção nacional, para que o mercado atenda a demanda. No entanto o docente indica que a tendência é que o brasileiro faça substituições na hora da compra, optando por aves, suínos e até peixes para fugir do preço mais salgado da carne bovina.

Caso a alta demanda da China perdure por mais alguns meses, Pedro Henrique Zuchi diz que outro problema pode surgir: a alta no preço de outros alimentos, como milho e soja, no país. “Vai precisar de uma complementação alimentar [dos animais] para atingir a produção”, explica ele.

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