Mulheres são maioria entre desempregados no Distrito Federal
Segundo pesquisa, 151 mil terminaram 2016 sem emprego. Mesmo com maior taxa de escolaridade que os homens, elas também ganham menos
atualizado
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As brasilienses não têm muito a comemorar no Dia Internacional da Mulher, celebrado sempre na data de 8 de março. As moradoras do Distrito Federal foram as mais afetadas pela crise econômica. Para 151 mil mulheres, o ano de 2016 acabou sem emprego. Elas são responsáveis por 54,4% da massa de desempregados na capital da República. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (7) pela Companhia de Planejamento (Codeplan) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O desempenho é resultado da redução na ocupação feminina (menos 8 mil postos de trabalho) e ao ingresso de 30 mil mulheres no mercado de trabalho em 2016. Ou seja, mais pessoas do sexo feminino passaram a procurar trabalho no DF.
Para os homens, o aumento de 33 mil desempregados decorreu da diminuição de 15 mil postos de trabalho e a entrada de 18 mil homens na força de trabalho. Do total de desempregados, 277 mil pessoas, as mulheres eram 54,4% e os homens 45,6%.
Além de serem maioria entre os sem-emprego, as brasilienses ganham menos do que os homens. Mesmo com maior taxa de escolaridade que os homens — 36,2% delas têm ensino superior completo, contra 30,5% deles —, as mulheres ganham menos: os rendimentos das trabalhadoras representam 79,6% dos rendimentos dos homens.Também aumentou a média de tempo de procura por emprego de 42 para 47 semanas, enquanto no caso dos homens saltou de 34 para 40. Isso por a mulher se candidatar a vagas mais perto de casa e que permitam conciliar emprego e responsabilidades domésticas. “É uma questão de desigualdade na divisão das tarefas dentro de casa. A mulher ainda é a responsável por tomar a frente nos cuidados com os filhos”, ressalta a coordenadora do Dieese, Adalgisa Lara.
Maior participação
Mas nem todas as notícias são negativas. A taxa de participação feminina no mercado de trabalho cresceu de 58,2% em 2015 para 59,1% em 2016. O aumento na taxa de participação foi mais intenso entre jovens de 16 a 24 anos (3,2%), entre as responsáveis pela família (3,1%) e entre as mulheres negras (1,8%).
Normalmente, as mulheres demoram mais para se inserir no mercado de trabalho. Elas estudam mais e se capacitam para a função. No entanto, com o aumento da taxa de desemprego e da perda de rendimento das famílias, as mulheres, em especial as mais jovens, vão para o mercado.
Adalgisa Lara, Dieese
Investir na melhor capacitação desse perfil de trabalhadoras é fundamental para que elas tenham acesso a melhores postos de trabalho, de acordo com a secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Raissa Rossiter. “Temos de assegurar a educação das jovens negras para que elas cheguem aos postos de trabalho que exigem melhor qualificação”, disse.
A área de serviços ainda é a que mais agrega mulheres. Das ocupadas, 80,6% atuam no setor, enquanto 15,1% estão no comércio. As mulheres estão inseridas, principalmente, no setor privado, com carteira de trabalho assinada: 40,5%. No setor público, o número também é relevante, de 23,2%. Domésticas e autônomas representam 12,2% e 10,1%, respectivamente.
Investir em áreas em que a mulher tem mais facilidade de inserção é importante para melhorar a condição das trabalhadoras e também pode colaborar para a superação da crise econômica, acredita o presidente da Codeplan, Lucio Rennó.
“Em 2015, os setores da economia que mais empregaram foram os propensos à inserção da mulher no mercado de trabalho, como saúde e educação”, disse. Segundo ele, apesar de a desigualdade ter arrefecido nesse contexto de crise, porque os homens perderam mais que as mulheres, é possível orientar o desenvolvimento econômico para essas áreas. “Aí, sim, teremos redução positiva da desigualdade”, argumentou.