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Mercado em expansão: em 15 meses, DF ganha 5 usinas de energia solar

Com a nova tecnologia, pequenos e médios empresários podem economizar até 95% na conta de luz

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O mercado de energia sustentável no Distrito Federal movimenta milhões de reais e tem feito o número de usinas fotovoltaicas na cidade crescer. Apenas nos últimos 15 meses, cinco complexos classificados pela Companhia Energética de Brasília (CEB) como os maiores da capital atualmente foram criados: Claro, Shinzen, Origem Energia, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Levvo.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula todas essas empreitadas, elas compõem um universo de 45 geradoras do chamado autoconsumo remoto em Brasília, quando existe a criação de um local em separado apenas para captar a radiação solar. Elas também integram 980 unidades abastecidas pela chamada geração distribuída de energia solar na cidade.

Além dos chamados grandes clientes, o novo sistema desperta a atenção de pequenos e médios empresários, que podem economizar até 95% na conta de luz após a instalação da tecnologia.

Energia limpa

Uma das geradoras de autoconsumo remoto pertence à empresária Laura de Oliveira Vieira, 46 anos (foto em destaque), líder do grupo Levvo e franqueada da rede de fast-food McDonald’s há cerca de 20 anos. Dona de sete restaurantes e 18 quiosques na cidade, ela opera duas usinas em um terreno de quatro hectares na divisa do DF com Goiás, próximo à DF-140, e espera colher os frutos de seu investimento em quatro anos e oito meses.

“Está difícil trabalhar no Brasil e é sempre preciso buscar alternativas sérias a fim de aumentar a lucratividade. Se você gera a própria energia, já tem um ganho”, explica. Ela ainda cita a vantagem ambiental de agredir menos o planeta como motivação para ter começado a construção.

O processo até iniciar as instalações foi moroso. Primeiro, a empresária teve de obter uma série de licenciamentos ambientais junto ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram) para atestar o baixo impacto na natureza com a construção. Além disso, ela teve que dar garantias de que caso um animal silvestre adentre as imediações e entre em contato com os painéis solares que ele não se machuque. A segunda etapa, uma vez obtida a documentação, foi entrar na fila de financiamento de bancos estatais, na tentativa de conseguir incentivo para continuar.

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Chão de brita tem função estratégica para evitar alagamentos
Painéis solares ajudam o complexo a captar 1MW por usina
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Inversores da usina da Levvo

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Chão de brita tem função estratégica para evitar alagamentos

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Painéis solares ajudam o complexo a captar 1MW por usina

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Equipamento especial é indispensável para operar o maquinário

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“Quando se mexe com energia, tem que ser tudo muito técnico. Existe estudo de topografia, incidência solar e uma série de coisas. Não dá para se aventurar. Dá certo ou não. É que nem pilotar um avião”, analisa. Segundo ela, o projeto começou antes mesmo de o dinheiro sair, o que demorou um ano entre a aprovação da linha de crédito e a anuência para ser liberado.

De acordo com a empresária, em oito meses ela transformou o espaço, que já estava em sua posse, em duas usinas — a terceira está em andamento — ao custo de R$ 9,5 milhões. Quase 80% desse valor foi por meio de aporte do Banco do Brasil, através do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste.

Ainda houve contrapartida econômica para a comunidade ao redor. Durante o processo de erguimento, as usinas contaram com mão de obra de 300 pessoas, das quais mais da metade são contratadas da Vila Jardim ABC, na divisa com Goiás.

O propósito de Laura é, nos próximos meses, conseguir abastecer mais de dois terços de sua rede com seu próprio meio de produção de energia solar. Isso deve resultar em redução no custo das contas de luz de cada unidade de 10% a 15% e, ainda, gerar uma isenção tributária pela geração energética na ordem de 25%.

‘Custos que ninguém imagina’

Apesar da intenção inicial de autoconsumo, ela e o marido, o também empresário Paulo André Lemos Vieira, 49 (foto em destaque), que coordenou as obras, admitem a possibilidade de, no futuro, com a instalação de novas usinas, transformar a geração em negócio. “No Brasil a energia é pública, então, não se vende, apenas se aluga. Já conversamos com redes de academia interessadas [em alugar] de nós”, diz.

Quando alguém instala uma usina para consumo próprio é necessário ligar tal rede à da CEB, a única responsável legal pela distribuição do recurso. Existem custos periféricos com cabeamentos e até modificações necessárias, dependendo do terreno. No caso de Laura e Paulo André, por exemplo, eles tiveram de instalar postes ao longo de uma via rural para levar a energia ao ponto de conexão com a estatal.

“Existem, também, gastos que ninguém imagina: nosso terreno não pode alagar, por exemplo, então passaram mais de 200 caminhões de brita por aqui para fazer uma camada e facilitar a infiltração da água”, esclarece o empresário.

Demais exemplos

Do mesmo modo, outras iniciativas impulsionaram o setor no DF em 2019. A operadora de telefonia Claro, em parceria com a RZK, inaugurou,  em maio, cinco usinas num terreno de 12 hectares na área rural de Ceilândia Norte, ao custo de R$ 20 milhões. A instalação tem capacidade para abastecer até cinco mil residências, mas o foco é o fornecimento a 340 estruturas operacionais, lojas e prédios da empresa no DF.

Órgãos públicos, igualmente, aderiram à prática. Desde março de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se tornou o pioneiro dentre os prédios jurídicos do DF a ser suprido por sua Usina Minigeradora Fotovoltaica. Segundo a Corte, a economia foi de R$ 655 mil nos primeiros nove meses de atividade, com um investimento de R$ 5,7 milhões pagos ao longo de seis anos.

Os custos desse tipo de instalação compreendem importação de materiais, especialmente da China, e contratação de mão de obra especializada que já é ofertada em Brasília. Outras necessidades dos projetos — como segurança no caso dos empreendimentos em zonas rurais afastadas — também fazem parte dos valores envolvidos no negócio.

Fatia dos raios

Às margens desse mercado, outros tipos de empresa têm tentado se inserir de forma mais direcionada. O grupo DCCO, de vendas de geradores, por exemplo, ingressou no mercado solar em 2018 de olho na ascensão do segmento. Paulo Henrique Campos, coordenador de negócios fotovoltaicos, afirma que o faturamento da firma no setor cresceu 30% no primeiro semestre de 2019, em comparação ao mesmo período de 2018, e a projeção é uma elevação de 130% para o próximo ano.

“A tendência nacional é que o aumento de potência instalada no Brasil cresça em 100%”, projeta. Segundo ele, um supermercado que consome energia de baixa tensão e paga R$ 0,88 por kilowatt, média de preço do DF, pode baixar uma conta de R$ 5 mil para algo entre R$ 100 e R$ 200 se instalar uma usina. “Em média, a economia gira em torno de 95% da conta de luz, pois são cobrados a taxa de iluminação urbana e os serviços de transmissão elétrica da concessionária”, detalha.

Regulamentação

A Aneel informou que uma resolução normativa de 2012 regulamentou a produção individual de energia elétrica a partir de fontes responsáveis no país. “No nosso âmbito, existe o monitoramento das reclamações dos consumidores que possuem micro e minigeração distribuídas. Também são realizadas fiscalizações específicas nas distribuidoras, que ocorrem quando há uma demanda das áreas de Regulação ou Medição, ou quando o monitoramento identifica uma quantidade elevada de reclamações e problemas na distribuidora”, informou a agência.

A CEB comunicou, por meio de sua Gerência de Projetos e Vistoria (GRPV), ser a responsável por “avaliar e aprovar os projetos de novas usinas fotovoltaicas dos consumidores interessados”.

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