Medidas anticrise. Shoppings da cidade investem em campanhas natalinas para atrair o brasiliense

Sorteio de carros, prêmio de R$ 1 milhão, vale-compras… Diante da crise econômica que assola o país e vem tornando placas de “aluga-se” comuns em áreas comerciais do Distrito Federal, os shoppings da cidade tentam encontrar maneiras de convencer os brasilienses a abrirem a carteira no período natalino. Embora todas as projeções apontem para o sentido oposto, com quedas consecutivas de vendas nos últimos 10 meses, os centros comerciais vão intensificar as promoções na tentativa de atrair clientes.

Segundo levantamento feito por Metrópoles com 10 shoppings brasilienses, foram confirmados investimentos entre R$ 950 mil e R$ 3 milhões em decorações de Natal e premiações aos consumidores. Com essas campanhas, os empresários esperam registrar um aumento de até 20% nas vendas.

O Pátio Brasil, por exemplo, no Setor Hoteleiro Sul, desponta como o principal entusiasta do Natal. Com investimento de R$ 3 milhões, o shopping aposta em ornamentações ainda mais rebuscadas para comemorar a data, além de realizar uma massiva divulgação e oferecer prêmio de R$ 1 milhão aos consumidores — o dobro do ano passado. 

Carros importados
Fora do Plano Piloto, os centros também já se movimentam. No Taguatinga Shopping, que investiu R$ 1,4 milhão entre decoração, pessoal temporário e brindes, ainda haverá o sorteio de um Audi, modelo A3 Sedan. “Em compras acima de R$ 400, o cliente ganha uma garrafa de espumante Brut Lidio Carraro 375ml”, diz a superintendente do centro, Eliza Ferreira.

No Alameda (foto maior), na mesma cidade, a atração também será o sorteio de um carro importado: um Mitsubishi ASX. “Nossos clientes se tornaram mais exigentes. Para gastar, querem ser mimados com prêmios luxuosos e decorações finas”, explica Bruno Prudente, gerente de marketing do espaço. No JK Shopping, também em Taguatinga, o prêmio é um vale-compras de R$ 50 mil.

Outros centros comerciais bastante movimentados do DF, como Iguatemi, ParkShopping e Conjunto Nacional, não deram números exatos sobre as campanhas natalinas, mas afirmam esperar um aumento de público no fim do ano.

Contraste
O otimismo dos grandes centros comerciais da cidade contrasta com a perspectiva dos comerciantes das entrequadras de Brasília. A explicação, segundo o economista do Centro Universitário UniCeub Mauro Castro, está na própria dinâmica da crise. 

Com a economia em recessão, muitos potenciais consumidores pararam de adquirir produtos fora do país e passaram a concentrar os gastos dentro dos shoppings em vez do comércio de rua. Além disso, as pessoas começam a fazer compras em locais que se sentem mais confortáveis e seguras. “Como passam uma imagem de estabilidade e confiança, os shoppings serão os últimos a sentirem a recessão”, afirma . 

Desse modo, os grandes centros comerciais se veem motivados em gastar com promoções, apesar da instabilidade nacional. “Insistimos em afirmar que não tem crise aqui dentro”, diz Maíra Garcia, gerente de marketing do Brasília Shopping — que investiu R$ 1,7 milhão em decoração.

A época também ajuda. “Mesmo em clima de retração econômica, o Natal costuma ser o melhor momento para o setor”, analisa Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF).

Servidores
A instituição acredita que, apesar das pesquisas mostrando sucessivas quedas no comércio ao longo do ano, é comum que haja um pico de vendas entre os meses de novembro e dezembro. A realidade local também é peculiar, uma vez que há milhares de servidores públicos, com cargos e salários estáveis, o que ajuda a mitigar os efeitos da crise econômica no DF.