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Empresas do DF importam flores, bússolas e até sangue do exterior

Quanto às exportações, produtos agrícolas representam 80% do total. Soja é o mais exportado em quantidade: 24,3 mil toneladas só neste ano

atualizado

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Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Sangue2
1 de 1 Sangue2 - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O volume de importações e exportações no Distrito Federal, quando comparado com o restante do país, é pequeno. Nacionalmente, apenas 0,07% das vendas de produtos para outros países saem da capital. O DF aparece na 23º posição no ranking de exportações considerando todas as unidades da Federação. Mas a balança comercial de Brasília apresenta curiosidades, que vão do comércio de produtos derivados de sangue a bússolas e xales.

Em relação às importações, a participação brasiliense no panorama nacional cresce para 0,6%. A posição no ranking também sobe: 17º lugar.  As empresas do DF gastaram cerca de R$ 3,3 bilhões — conversão realizada com a cotação do dólar desta sexta-feira (04/10/2019) — em artigos importados, entre janeiro e setembro deste ano. Os números são do Ministério da Economia analisados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.

Medicamentos são os itens mais comprados. Foram gastos aproximadamente R$ 1,6 bilhão com a compra de remédios, como penicilina e amoxicilina.

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Em segundo lugar estão sangue humano e animal. De acordo com a Receita Federal, essa categoria engloba produtos farmacêuticos como vacinas, antissoros, frações de sangue preparadas como medicamentos, entre outros. As empresas da capital desembolsaram cerca de R$ 1 bilhão com esses insumos.

O Laboratório Exame — que nasceu em Brasília e hoje integra um das maiores empresas de medicina diagnóstica da América Latina, a DASA — faz parte da lista de importadores no DF. Para poder oferecer as vacinas presentes no portfólio da empresa, o Exame precisa importar. Ao todo, são 27 opções oferecidas pela empresa.

“Não conseguimos ter uma solução dentro do Brasil. A grande maioria das vacinas é internacional, trazida por multinacionais” afirma o diretor médico de análises clínicas do Laboratório Exame, Gustavo Campana. A lista de compras de fornecedores estrangeiros inclui outros itens com baixa produção brasileira, como reagentes usados para análises laboratoriais.

Uma das grandes dificuldades trazidas pela necessidade de importação dos insumos usados pela empresa é a variação cambial, aponta Campana. A do dólar, principalmente, impacta diretamente no orçamento da rede de laboratórios.

Sazonalidade

A compra — considerando quantidade e que vacinas serão adquiridas — é feita com base em análises dos especialistas. “Temos ferramentas para entender o que acreditamos que vai acontecer. Com a imunização da gripe, por exemplo, usamos o histórico do que acontece em outros locais”, explica Campana.

Há casos de surto, como aconteceu com o sarampo este ano no Brasil, que alteram a demanda dos laboratórios e, consequentemente, das compras realizadas pela empresa.

De acordo com o levantamento do (M)Dados, China, Estados Unidos, Itália, França e Alemanha são os países que mais vendem para os brasilienses. Com o Exame não é muito diferente: Estados Unidos e países europeus, como a Alemanha, estão entre os países que mais vendem para o laboratório.

Além de itens esperados, como as vacinas e medicamentos, as empresas do DF compram ainda alguns produtos curiosos. São eles bússolas, papel de cigarro e produção originais de arte estatutárias ou de escultura. Há ainda empresários que importam flores, botões, xales, cachecóis e véus.

Exportação

Por outro lado, os artigos que mais movimentam as exportações brasiliense são óleos de petróleo e carnes e miudezas de aves. As vendas desses artigos somaram aproximadamente R$ 72,6 milhões e R$ 57 milhões, respectivamente.

Ao todo, as exportações de empresas da capital somaram R$ 444 milhões. Os maiores compradores de produtos brasilienses estão nos Estados Unidos, Portugal, França, Itália e Chile.

Na lista levantada pelo (M)Dados, baseada nos valores de comercialização dos produtos, aparecem ainda ouro; e alimentos embutidos como linguiças e salames.

Quando comparada a quantidade vendida pelos empresários brasilienses, a soja aparece em primeiro lugar. Foram 24,3 mil toneladas até setembro deste ano.

O coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Brasília (UCB), Marcelo Fiche, aponta para as quedas recentes na exportação da soja produzida no DF, após redução de compras pela China.

“Os principais compradores são Estados Unidos e China. O impacto da queda é relevante na economia do DF”, explica o professor. As exportações de produtos agrícolas representam 80% do total dos insumos vendidos ao exterior.

Tecnologia como potencial de exportação

Fiche aponta que Brasília não é um exportador nato. Falta de espaço para grandes fábricas e restrições de logística para escoação da produção são alguns dos pontos destacados por Fiche que encarecem a exportação a partir do DF.

“Não vejo Brasília como um grande polo de exportação de itens manufaturados. Produtos básicos não tem mais para onde correr”, afirma o professor de economia. Ele aponta a tecnologia como um potencial para as exportações na capital, assim como o setor farmacêutico.

Telecomunicações

A empresa brasiliense Wise já investe, desde 1988, no setor destacado pelo professor de economia. Fundada por dois engenheiros e um matemático, a indústria do setor de Tecnologia da Informação exporta desde 2004 alguns dos artigos que fabrica. O recordista de vendas para o exterior é o Test Set, analisador de comunicação digital usado nas redes de telecomunicações.

Gelda Nascimento, representante da Wise, conta que a exportação surgiu de um desejo da empresa de expandir a área de atuação. Além do Brasil, de acordo com ela, os países que mais compram os produtos são México, Colômbia e Argentina.

O Chile — que entra na lista dos maiores compradores, de acordo com a análise do (M)Dados — também é um dos países em que a empresa brasiliense de telecomunicação tem clientes.

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