Inflação, gastos públicos e orçamento: o que Tebet diz sobre economia
Durante a posse, Simone Tebet reiterou que os ministérios da Fazenda e do Planejamento conciliarão austeridade com prioridade social
atualizado
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A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), indicou, nesta quinta-feira (5/1), que o novo governo irá cuidar do orçamento com austeridade, mas conciliando com as necessidades sociais. Tebet também destacou a inflação como “maior problema da economia”, afetando as camadas mais pobres, deteriorando poder de compra e atrapalhando a criação de empregos.
“Nós vamos cuidar dos gastos públicos. Aí se verá o nosso lado firme, austero, mas conciliador. Conciliaremos as necessidades e prioridades estabelecidas por cada ministério, dentro de suas respectivas atribuições, com os recursos disponíveis”, disse a emedebista.
A fala ocorreu durante a cerimonia que a oficializou no comando da pasta, realizada pela manhã no Palácio do Planalto.
De acordo com a ministra, o “cobertor é curto” e por isso não há margem para desperdícios ou erros. “Definidas as prioridades por cada ministério, caberá ao Ministério do Planejamento, em decisão técnica e política com as demais pastas econômicas e com o presidente Lula, o papel de enquadrá-las dentro das possibilidades orçamentárias”, explicou.
Além disso, Simone Tebet declarou que compartilha da mesma visão ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a necessidade do cuidado permanente dos gastos e reiterou a necessidade de uma reforma tributária. “Precisamos aprovar urgentemente uma reforma tributária, para garantirmos menos tributos sobre o consumo, um sistema tributário menos regressivo, com simplificação e justiça tributária”, disse.
Simone ainda elogiou a escolha de Haddad por Bernard Appy como secretário especial para a reforma tributária. “No Ministério da Fazenda, essa reforma não poderia estar em melhores mãos que as de Bernard Appy. Essas mesmas mãos caminharão dadas com as nossas, dos técnicos do nosso ministério e dos demais ministérios afins, assim como do Congresso Nacional”, afirmou.
Inflação
No discurso, Tebet alertou sobre o impacto que a inflação causa aos mais pobres, afetando a criação de empregos.
“Não há problema maior em uma economia do que a inflação, porque ela atinge, principalmente, as camadas mais pobres. O trabalhador não emite moeda. Mesmo que empregado, vê seu poder de compra cada vez mais deteriorado pelo aumento de preços. A inflação também encarece investimentos, atrapalha a criação de empregos e cria uma ciranda negativa”, pontuou a ministra, deixando claro que um dos objetivos é recuperar a confiança do setor produtivo.
“Na contramão dessa ciranda negativa, precisamos e vamos recuperar a confiança do setor produtivo e dos investidores, com um orçamento transparente e factível, dentro das metas estabelecidas; com políticas públicas eficazes, avaliadas, monitoradas e revistas permanentemente”.
Tebet assume o cargo após uma série de impasses e negociações sobre o destino da senadora na nova gestão presidencial.
Trajetória até a Esplanada
Apesar da demora sobre a definição, sua participação no ministeriado do petista era esperada desde o fim das eleições de 2022. A então candidata a presidente ficou em terceiro lugar na disputa, desbancando políticos tradicionais, como Ciro Gomes (PDT).
No segundo turno, a emedebista migrou para o lado de Lula e teve papel essencial na campanha do petista ao segundo turno do pleito. Desde então, em razão da atuação durante as eleições, a ex-senadora sempre teve o nome entre os cotados pelo novo governo para chefiar um eventual ministério.
Agora, Tebet assume uma pasta com alta relevância na Esplanada dos Ministérios e mira ascensão política. Cabe ao Ministério do Planejamento traçar a organização de custos do novo governo, além de analisar e viabilizar projetos e controle de orçamentos, com a liberação de fundos.
Protagonismo
À frente do Planejamento, Simone Tebet terá atuação próxima a Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda. As duas pastas são um desmembramento do antigo Ministério da Economia de Jair Bolsonaro (PL).
Após ser anunciada como chefe do órgão, a senadora afirmou que a parceria com Haddad “não tem como dar errado”.
“Nós já começamos tendo três identidades: somos professores universitários, ele tem parentes no meu estado [Mato Grosso do Sul], somos amigos em comum e ele me deu a terceira, que nós somos de origem libanesa. Então não tem como dar errado [a parceria]”, disse a parlamentar após o anúncio.