Há margem. Lucro bruto de postos com gasolina vai de R$ 0,16 a R$ 0,80 no DF

Levantamento de preços da gasolina no Distrito Federal feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) demonstra que o lucro bruto dos postos brasilienses variou de R$ 0,16 a R$ 0,80 por litro do combustível na última semana, uma variação de R$ 0,64. O estudo traz informações sobre valores de compra e venda do produto, baseadas em notas fiscais apresentadas por 22 empresas do setor. Os dados apontam que alguns estabelecimentos conseguem trabalhar com margens mais apertadas, não repassando todos os aumentos autorizados pela Petrobras ao bolso dos consumidores.

O lucro bruto, que é chamado pela ANP de “margem bruta de revenda”, desconsidera os gastos dos empresários para manter os postos, como taxas de operadores de cartão, pagamento de funcionários, manutenção, água, energia, entre outros.

O presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis do DF (Sindicombustíveis), Paulo Tavares, ressalta que cada empresário determina, conforme sua realidade, quanto vai ganhar por litro. “Vai depender da tolerância de cada um. Quem tem mais ‘bala na agulha’ consegue manter um menor lucro bruto”, afirma. Outro fator que pesa na composição do lucro, segundo Tavares, é o fato de as distribuidoras praticarem preços diferenciados, de acordo com o estabelecimento. “Se a distribuidora diminuiu para um, aumenta para o outro”, justifica.

No Distrito Federal, os postos pagam preços diferentes por litro de gasolina, mesmo quando se trata da mesma distribuidora. A BR, por exemplo, vendeu o litro entre R$ 4,387 e R$ 4,529, de acordo com a pesquisa da ANP. A variação no preço de venda da Ipiranga foi de R$ 4,37 a R$ 4,47. E a menor diferença do preço praticado foi da Raizen (Shell): entre R$ 4,439 e R$ 4,45.

O economista Ailton Lemos, especialista em microfinanças, explica que a diferença entre o lucro dos estabelecimentos por litro da gasolina é grande, abrindo margem para uma redução média no preço final ao consumidor. “O que a gente vê historicamente, no Distrito Federal, é empresários do setor ficando ricos. Justamente porque o combustível é necessário numa cidade com carência de transporte público eficiente. O consumidor paga. Não é um produto que se pode deixar de consumir”, explica.

O posto Águia de Ouro, na Asa Norte, apresentou o maior lucro bruto por litro, de R$ 0,798. Na ocasião do levantamento, o litro da gasolina era vendido a R$ 5,18, enquanto foi comprado por R$ 4,391 da BR Distribuidora. Nesta segunda (22/10), o valor continuava o mesmo. A cada tanque de 50 litros, o posto consegue ganhar R$ 39,90. Os donos do estabelecimento foram questionados pela reportagem, mas não justificaram por quais motivos têm o lucro bruto mais alto.

No outro extremo, a cada tanque de 50 litros cheio, o Posto dos Anões, na Asa Sul, conseguia lucro bruto de R$ 8, com base nos dados do levantamento. O litro da gasolina vendido pela BR Distribuidora custou R$ 4,529 ao estabelecimento, e quem abasteceu lá pagou R$ 4,689.

No entanto, nesta segunda, o valor já havia subido para R$ 4,885 no débito e dinheiro, chegando a R$ 4,995 no crédito. Uma das proprietárias do posto, Veruska Fonseca, 47 anos, explica que só foi possível segurar o preço mais baixo durante dois dias após o último aumento repassado pelas distribuidoras. “Nós somos bem justos. Eu gostaria que o preço estivesse mais baixo para o consumidor, até porque eu também sou consumidora. Eu pago a minha gasolina”, afirma a empresária.

Carga tributária
Os empresários ainda reclamam da alta carga tributária que incide sobre o combustível. A base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina no DF, por exemplo,  teve aumento de R$ 0,12 no dia 10, chegando a R$ 4,89. Sobre esse valor é aplicada a alíquota de 29% praticada pelo Governo do DF. O repasse foi feito pelas distribuidoras na semana seguinte.

Questionada sobre sua política de preços, a Petrobras Distribuidora informou que não comenta o assunto. A Raízen se manifestou da mesma forma. A Ipiranga informou que opera em regime de livre iniciativa e concorrência.

“Isso significa que a companhia atua por meio de negociações individuais com seus revendedores, estipulando a sua política de preços conforme as características da relação comercial, contratos existentes, investimentos e outros aspectos para cada revendedor, que é livre na determinação do seu preço-bomba”, destacou em nota.

Veja o lucro bruto de cada posto:

Brasal Combustíveis – Cruzeiro
Lucro bruto por litro: R$ 0,26

Auto posto Eixinho – Brasília
Lucro bruto por litro: R$ 0,17

Auto posto Ribeiro – Taguatinga
Lucro bruto por litro: R$ 0,34

Polar – Asa Sul
Lucro bruto por litro: R$ 0,24

Posto de Gasolina dos Anões – Asa Sul
Lucro bruto por litro: R$ 0,16

Jarjour – Lago Norte
Lucro bruto por litro: R$ 0,25

Jade – Asa Norte
Lucro bruto por litro: R$ 0,21

Playtime – Taguatinga
Lucro bruto por litro: R$ 0,25

Pecobral – Sobradinho
Lucro bruto por litro: R$ 0,30

Serv-car – Asa Norte
Lucro bruto por litro: R$ 0,28

GP – Planaltina
Lucro bruto por litro: R$ 0,31

JJS – Planaltina
Lucro bruto por litro: R$ 0,31

Jarjour – Planaltina
Lucro bruto por litro: R$ 0,35

Posto Park sul – Guara
Lucro bruto por litro: R$ 0,51

Auto posto Esquina – Asa Norte
Lucro bruto por litro: R$ 0,54

Quality – Taguatinga Norte
Lucro bruto por litro: R$ 0,49

Petro Rios – Santa Maria
Lucro bruto por litro: R$ 0,53

Posto MK – Asa Norte
Lucro bruto por litro: R$ 0,46

Posto Disbrave Imperial – Asa Sul
Lucro bruto por litro: R$ 0,62

Posto Águia de Ouro:
Lucro bruto por litro: R$ 0,80