metropoles.com

Empreendedorismo diferentão é aposta no DF para atrair o cliente

Lavandeira self-service e dieta personalizada para pets são algumas opções. Veja o que considerar antes de abrir um negócio

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Myke Sena/Especial para o Metrópoles
lavanderia-self-service-df-4
1 de 1 lavanderia-self-service-df-4 - Foto: Myke Sena/Especial para o Metrópoles

A rotina pesada pede praticidade. Por isso, o desejo por facilidades inspira quem deseja abrir um negócio no Distrito Federal. A capital conta com 282 mil microempreendimentos, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Pensando nas demandas atuais dos clientes, Ana Paula Santos (foto em destaque) abriu há um mês uma lavanderia self-service em Águas Claras. “Os apartamentos são cada vez menores. Contratar alguém [para cuidar da casa] é caro”, justifica.

As lavanderias “faça você mesmo” são comuns fora do país. É fácil encontrá-las em cidades europeias ou norte-americanas, por exemplo. Entretanto, no quadradinho, além da LaveYou, só há mais um negócio semelhante.

Foram meses de pesquisa para que a empresária paulista, moradora da capital há 22 anos, chegasse ao serviço que oferece hoje. Além de conversar com o dono da única outra lavanderia self-service de Brasília, Ana Paula viajou para São Paulo a fim de conhecer outros empresários do setor.

O local em que abriria a lavanderia também se tornou alvo de muita pesquisa. “Pegava a minha bicicleta para ver o ponto mais legal de Águas Claras. Queria que ficasse onde as pessoas tivessem segurança, fosse de fácil acesso e tivesse um horário diferenciado”, conta.

Depois, chegou a hora de estudar o ponto com maior potencial. “Eu observei o movimento de quem passaria em frente à loja. Fiquei um mês, todos os dias, pesquisando sobre o local.”

O negócio é 100% automatizado; não há funcionários. Ana Paula abre a loja às 7h e volta para fechar às 23h. Para realizar o pagamento, o consumidor usa fichas, liberadas com o uso de cartões de crédito ou débito.

O custo é de R$ 30 para, no máximo, 20 peças — dependendo do volume e do peso de cada uma. Em caso de dúvida, o cliente pode acionar a dona por um interfone, que o conecta diretamente ao celular dela.

Séries em dia

O ambiente foi preparado para receber quem precisa estudar ou trabalhar enquanto espera. O consumidor que quer colocar as séries em dia ou assistir a um filme também consegue: há uma televisão conectada à Netflix. Ana Paula também se preocupou em escolher uma loja perto de outros negócios que facilitem a vida do consumidor. Os vizinhos da LaveYou são academia, padaria, farmácia e salão de beleza.

A empresária conta com os próximos passos planejados. Ela espera oferecer, até o fim deste ano, o serviço de delivery para quem não quer ficar esperando. E a parceria com uma empresa que passe as roupas, para completar os serviços de lavagem e secagem oferecidos pela empresa. Até 2021, o objetivo é abrir mais duas lojas em Águas Claras.

4 imagens
O serviço ainda é pouco popular no Brasil, mas deve crescer com a pandemia de coronavírus
As fichas para lavagem e secagem são liberadas com uso de cartão de crédito ou débito
Custo é de R$ 30 para, no máximo, 20 peças
1 de 4

Ana Paula Santos abriu uma lavanderia self-service em Águas Claras há um mês

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
2 de 4

O serviço ainda é pouco popular no Brasil, mas deve crescer com a pandemia de coronavírus

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
3 de 4

As fichas para lavagem e secagem são liberadas com uso de cartão de crédito ou débito

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
4 de 4

Custo é de R$ 30 para, no máximo, 20 peças

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
Pesquisa e vocação

Valdir Oliveira, diretor superintendente do Sebrae, explica que a busca por novidades é algo característico do DF. “A escolaridade elevada [dos brasilienses] acaba atraindo, por meio do conhecimento, negócios com base na inovação. Quem conseguir juntar inovação com serviço e comércio tem um potencial maior por causa do nosso mercado”, explica.

O alto poder aquisitivo também permite que a cidade ofereça serviços pouco consumidos em outras regiões do país, de acordo com o diretor superintendente do Sebrae. A medicina alternativa é um exemplo.

Inovação não está somente no aspecto tecnológico mas também em uma nova forma de fazer algo. “Um modelo de atendimento diferenciado é uma inovação”, afirma Oliveira. No entanto, ele ressalta que é importante gostar do que vai oferecer.

“Como o pequeno empreendedor faz tudo, ele precisa se identificar enquanto vocação. Não adianta ter um petshop se não gostar de animais”, exemplifica.

Outra recomendação importante para quem quer empreender é fazer uma extensa pesquisa. “Você tem que conhecer o mercado em que você está se inserindo: quem são os clientes, os concorrentes, os funcionários”, aponta Oliveira. Escolher bem o local e a capacitação — própria e de funcionários — também é essencial.

Pesquisar torna-se importante ainda para ter certeza de que o negócio é o certo para o empreendedor. “Não é porque determinada oportunidade tem espaço no DF que qualquer um vai dar certo nela”, afirma o diretor superintendente do Sebrae.

A professora da Universidade de Brasília (UnB) Kátia Maria Belisário vê áreas com potencial para os negócios que não são, atualmente, bem exploradas na capital. As apostas dela são turismo; mercado voltado para idosos e para a necessidade da mulher, vítima frequente de violência no DF; e startups.

Bem-estar animal

Depois de começar a alimentar os próprios cães de maneira natural, sem o uso de rações industrializadas, Kleber Felizola viu a oportunidade de abrir um negócio pouco usual na capital. “Na faculdade, a gente não estuda nutrição de cães. Então, resolvi fazer uma pesquisa e descobri esse mundo de alimentação natural”, conta o veterinário.

Quem ficava com os filhotes dos mascotes de Kleber queria seguir com a alimentação natural. Assim, pedia para que ele continuasse cozinhando as refeições.

“Comecei a perceber que existia um nicho de mercado novo que podia ser explorado. As pessoas estão mais preocupadas com a saúde e transferem isso para os cães”, explica.

Kleber seguiu com as etapas necessárias antes de iniciar o negócio, como a elaboração de um plano de negócio. Ele precisou ainda pedir autorização junto ao Ministério da Saúde. O empreendimento Pet’s Kitchen era tão incomum que demorou cinco meses para ser autorizado e sair do papel. “Eles não entendiam. A legislação que trata de alimentação animal era só sobre ração.”

Recepção positiva

Os consumidores candangos receberam bem a novidade oferecida por Kleber . “Por incrível que pareça, a dificuldade maior veio dos colegas veterinários, por falta de conhecimento”, lembra. No entanto, a mentalidade passou a ser outra, e muitos profissionais procuram a Pet’s Kitchen para o acompanhamento dos animais.

O serviço funciona de duas maneiras: uma dieta padrão destinada a animais saudáveis e outra personalizada a cães e gatos com algum problema de saúde, como doenças renais, de pele e diabetes. Essa avaliação é feita pelos veterinários.

Os preços variam de acordo com a quantidade de mantimentos que o animal terá que comer, também determinada pelos profissionais. A alimentação crua custa R$ 22,50 o quilo, e a cozida, R$ 33,80 o quilo. Por mês, a Pet’s Kitchen chega a vender duas toneladas de comida saudável para pets.

Seguindo a linha de produtos pouco comuns na capital, a empresa lançou, em julho deste ano, o próprio suplemento vitamínico para acrescentar na comida dos animais de estimação.

“Antes, a gente comprava em São Paulo. Depois de uma parceria com uma professora da Universidade de Lavras [Minas Gerais], lançamos o nosso. Agora, fornecemos para todo o país”, conta Kleber. O consumidor candango também tem acesso ao produto.

Perfil das empresas

Apesar das inovações, a maioria dos negócios da capital oferece serviços que são velhos conhecidos dos brasilienses. Em primeiro lugar, estão cabeleireiro, manicure e pedicure: são 15,7 mil lojas. Em seguida, estão as vendas de artigos de vestuário, com 15,3 mil empreendimentos. Lanchonetes, casas de chá e de sucos fecham o pódio, somando 8 mil lojas.

Serviço e comércio têm os números mais expressivos no DF, de acordo com Valdir Oliveira. Indústria e agronegócio, apesar de estarem presentes, são vistos em menor quantidade. Segundo dados do Sebrae, a indústria representa 7,9% das pequenas empresas da capital. Já o agronegócio soma apenas 0,23%.

Os microempreendedores individuais lideram, com 159 mil casos — número que representa 56,3% do total de pequenas empresas da capital. Já as microempresas somam 92 mil, contabilizando 32,4%. Em seguida, estão as empresas de pequeno porte, com 14 mil empreendedores.

No Brasil, os pequenos negócios representam 27% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, sendo responsáveis por 55% no total de empregos formais no país, segundo dados dos Sebrae. Só em setembro, os pequenos negócios geraram 119 mil empregos formais, representando 75% das novas vagas para o mês.

Também em âmbito nacional, das 14 milhões de empresas no país, 60% são MEI; 30% são microempresas; e 8%, empresas de pequeno porte. Desse total, 23% não sobrevivem aos dois primeiros anos, também de acordo com o Sebrae.

Facilidade em abrir

O ranking Doing Business, do Banco Mundial, que avalia a facilidade de fazer negócios em 190 países, coloca o Brasil em 124º lugar. Os dados, divulgados na última quarta-feira (24/10/2019), consideram o período entre junho de 2018 e maio de 2019 — parte da gestão do ex-presidente Michel Temer e os cinco primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro.

O resultado apresenta uma piora em relação ao último relatório, do ano passado, em que o Brasil aparecia na 109º posição. O ranking deste ano se assemelha ao de 2017, quando o país era o 125º da lista.

Mesmo com a queda de posições, a pontuação brasileira melhorou, subindo de 58,6 em 2018 para 59,1 neste ano. Dois quesitos foram responsáveis pelo crescimento: as melhoras nos registro de comércio e de propriedade, conforme análises feitas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Por outro lado, enquanto o menor tempo para abrir um negócio é de meio dia, na Nova Zelândia, o brasileiro precisa de, em média, 17 dias para fazer o mesmo, segundo o relatório.

No entanto, no fim do ano passado, um balanço da Receita Federal apontou que o tempo médio para abrir uma empresa no Brasil caiu de 7 dias e 16 horas para 5 dias e 7 horas, no quarto trimestre de 2018. Isso veio a partir do uso da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim).

Ainda de acordo com o relatório do Banco Mundial, o empreendedor brasileiro precisa trabalhar, em média, 1,5 mil horas — aproximadamente 62 dias — para conseguir pagar todos os impostos. O número é quase cinco vezes a média mundial, de 317 horas (cerca de 13 dias), e o maior para todos os 190 países pesquisados.

Arte/Metrópoles

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?