metropoles.com

Crise hídrica do DF encarece a salada que chega à mesa do brasiliense

Estiagem afeta do produtor ao consumidor. Preços do chuchu e do pepino, por exemplo, mais que dobraram desde o início da seca, em maio

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Giovanna Bembom/Metrópoles
plantação agricultura agricola alface
1 de 1 plantação agricultura agricola alface - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

A míngua nos principais reservatórios hídricos do Distrito Federal – Descoberto e Santa Maria – afeta os dois extremos da cadeia de agricultura: cultivo e consumo. Por causa da falta de água, pequenos e médios produtores reduzem a área de lavoura e irrigação e, assim, perdem espaço para concorrentes de outros estados, o que impacta, diretamente, o bolso do comprador. Prova disso é o encarecimento de alguns dos principais componentes da salada — os preços de alguns itens mais que dobraram desde o início da seca.

O chuchu encabeça a lista de variação desde maio deste ano, quando se iniciou a estiagem no DF. O legume, à época, custava em média R$ 1,24 o quilo, segundo dados das Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa). Porém, de acordo com o último levantamento, em setembro o alimento estava cotado quase três vezes mais caro (alta de 175%), a R$ 3,42/kg — o maior salto ocorreu de agosto (R$ 1,78) para o mês seguinte.

O pepino, por sua vez, apresenta a segunda maior variação desde maio. O legume, antes precificado em R$ 1/kg, custava, em setembro, R$ 2,24/kg (124% mais caro). O alimento é seguido pelo quiabo, cujo preço pulou de R$ 3,48 para R$ 5,13 (alta de 47%).

Veja outros itens que ficaram mais caros durante a seca

 

5 imagens
O valor do pepino, por sua vez, subiu 124%, de R$ 1/kg para R$ 2,24/kg
O quiabo é o terceiro da lista: houve aumento de 47% (R$ 3,48/kg para R$ 5,13/kg)
O preço do milho verde cresceu 46%, de R$ 2,28/kg para R$ 3,33/kg
O repolho é a única hortaliça entre os produtos que variaram mais. O valor da folhosa saltou 6%, de R$ 1,10/kg para R$ 1,17/kg
1 de 5

Desde o início da seca, em maio, o preço do chuchu variou 175%, de R$ 1,24/kg para R$ 3,42/kg

Divulgação
2 de 5

O valor do pepino, por sua vez, subiu 124%, de R$ 1/kg para R$ 2,24/kg

3 de 5

O quiabo é o terceiro da lista: houve aumento de 47% (R$ 3,48/kg para R$ 5,13/kg)

4 de 5

O preço do milho verde cresceu 46%, de R$ 2,28/kg para R$ 3,33/kg

5 de 5

O repolho é a única hortaliça entre os produtos que variaram mais. O valor da folhosa saltou 6%, de R$ 1,10/kg para R$ 1,17/kg

Diretor executivo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), o engenheiro agrônomo Rodrigo Marques explica que os produtores também estão sujeitos ao racionamento de água iniciado no último 16 de janeiro. Ele afirma que o baixo índice pluviométrico (falta de chuvas) e a economia de água reduziram a irrigação e forçaram a queda da produção agrícola em 30% no Distrito Federal, desde maio.

“Quem cultivava em dois hectares, por exemplo, passou a utilizar somente um, por causa da falta de água”, exemplifica. Marques alerta que, se as chuvas não retornarem rapidamente, haverá maior baixa na produção.

Hortaliças e legumes
Chefe da Seção de Estatística da Ceasa, Fernando Santos avalia que a estiagem ainda não representou ameaça para o cultivo de ao menos um tipo de produto: as hortaliças. “Apesar da seca, a característica do inverno no DF favorece o maior crescimento das folhas. Ou seja, não houve ainda tanta queda de produção. Por isso, não tiveram forte elevação de preço, mesmo com a redução da área plantada.”

Os legumes, por sua vez, não escaparam impunes da crise hídrica. “O alto índice de insolação, por exemplo, foi desfavorável a vegetais como chuchu, quiabo, vagem e repolho. E mais: há pressão inflacionária porque aumentou a importação desses produtos vindos de outros estados”, diz o especialista.

Santos afirma ainda que os produtores mais afetados se concentram nas regiões de Brazlândia, Ceilândia, Vargem Bonita, Pipiripau e Planaltina, além dos núcleos rurais Alexandre Gusmão e Taquara. Ele acrescenta que grandes produtores não sentiram tanto os efeitos da estiagem quanto os pequenos e médios, pois detêm maior estrutura de irrigação.

Racionamento
A Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) afirmou ao Metrópoles que não descarta a possibilidade de ampliação do rodízio de água para dois dias. E acrescentou que qualquer medida será divulgada com antecedência. Segundo as previsões das curvas de acompanhamento, o nível do Descoberto deve voltar a subir em novembro. Já o de Santa Maria começará a recuperar o volume útil a partir de dezembro.

Na segunda-feira (16), o volume do Descoberto atingiu o menor nível histórico: 11,7%. O valor de referência do reservatório para este mês, estipulado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), é de 9%. Já o índice registrado em Santa Maria ficou em 26%, e a expectativa da Adasa é a de que a bacia encerre outubro com 23% de água.

A Caesb afirmou que, para haver diferença nos níveis dos reservatórios, é preciso que as chuvas sejam volumosas e duradouras e ocorram por vários dias. Mas, de acordo com previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as precipitações devem voltar somente a partir do próximo dia 28. Até essa data, as temperaturas ficarão acima dos 32ºC.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?