metropoles.com

CEB: contas de luz em atraso poderão ser parceladas em até 60 meses

Com inadimplência em alta, estatal do DF lança programa que prevê isenção de juros e correção para pagamento à vista

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Eric Zambon/Metrópoles
CEB
1 de 1 CEB - Foto: Eric Zambon/Metrópoles

A Companhia Energética de Brasília (CEB) lançou programa de recuperação de créditos para diminuir a inadimplência dos consumidores. O presidente da companhia, Edison Garcia, espera usar o dinheiro arrecadado com o pagamento de débitos de pessoas físicas e jurídicas no plano de recomposição de caixa da empresa pública. A unidade de distribuição da estatal está em via de ser privatizada.

Conforme a CEB, existem no total 240 mil consumidores aptos a integrarem o programa. Se todos aderissem, isso injetaria R$ 264 milhões nos cofres da companhia. “Temos um faturamento bruto de cerca de R$ 4 bilhões e despesas que ultrapassam isso. A conta não fecha”, destacou o presidente da CEB nesta quinta-feira (29/08/2019).

Segundo a companhia, clientes com débitos vencidos até dezembro de 2018 terão isenções de juros e multa sobre as contas atrasadas caso optem por quitar a dívida à vista ou dando uma entrada de 20% e parcelando em até 60 meses.

Quem optar pelo parcelamento, contudo, está sujeito à cobrança de juros do financiamento, que incidem de 0,5% a 1,5% ao mês se o cliente optar por dividir entre 12 e 60 vezes. Os inadimplentes que dividirem em até cinco vezes estarão isentos da taxa. Caso a opção seja por parcelar sem dar entrada de 20%, a CEB exigirá um fiador.

Existem ainda casos especiais, como uma dívida de R$ 180 milhões da Universidade de Brasília (UnB) referente, de acordo com a empresa, ao não pagamento de contas de luz por seis anos. Essa situação não entra na conta do programa de recuperação de créditos.

Segundo a CEB, uma lei distrital concedeu  isenção à universidade no período, mas foi considerada inconstitucional e a companhia entrou na Justiça para fazer a cobrança retroativa. “Vale dizer que, atualmente, a UnB está em dia com suas obrigações”, salientou o presidente.

Calote é ainda maior

O Metrópoles mostrou, no início do mês, números ainda maiores da inadimplência na estatal. Ao todo, 558 mil clientes estão em atraso. As dívidas somam hoje R$ 634.981.370,80, e uma das ações em análise pela empresa é o corte de luz dos devedores. No entanto, apesar de haver previsão federal para suspender o fornecimento, a CEB esbarra em normas locais.

De acordo com a companhia, resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permite a interrupção do serviço a partir de 15 dias após o reaviso ao cliente pela falta de pagamento. Contudo, uma lei distrital determinou que o corte só pode ocorrer 60 dias após o vencimento da fatura. “Essa é uma legislação restritiva que prejudica a atuação da companhia com maior eficiência”, explicou a empresa por meio de nota enviada ao Metrópoles.

“Hoje, nosso estoque de dívidas é de R$ 600 milhões e nossa inadimplência atinge praticamente 25% dos consumidores do DF. A respeito das dúvidas que o próprio GDF tem com a companhia, ele afirmou existir diálogo. “Temos mantido entendimento com o governo sobre os débitos dos órgãos conosco. Como temos neste ano um programa de parcelamento e redução do ICMS (para nossas operações), estamos fazendo uma compensação entre o que temos a receber e o que temos de pagar.”

Edison Garcia, presidente da CEB

Dos 558 mil devedores, cerca de 270 mil estão há mais de 30 dias em atraso com as contas. Esse é o grupo alvo da campanha lançada nesta quinta-feira (29/08/2019). A maior parte deles (53%) corresponde a unidades residenciais. Existem, ainda, órgãos públicos inadimplentes há mais de um mês que somam 18,2% da verba devida. A energia gasta em comércio vem em seguida (15,2%). Fornecimento para iluminação pública, indústrias e área rural corresponde a mais de 13% das dívidas atuais.

Se forem levados em conta os clientes inadimplentes por um período menor que 30 dias, as estatísticas sofrem alterações. As residências ainda lideram o ranking de fornecimento de energia não paga, representando 52% do total do valor devido. Em segundo lugar, o comércio aparece com 23,9%, seguido por órgãos públicos (13,5%). Imóveis localizados na área rural, iluminação pública e indústrias são responsáveis por 10,5% das faturas em atraso.

Problemas financeiros

Em julho, o Metrópoles noticiou que a CEB tenta levantar R$ 400 milhões para abater parte da dívida total, avaliada em R$ 1 bilhão, da subsidiária distribuidora de energia no Distrito Federal, a CEB Distribuição. O pagamento tem de ser realizado até o fim deste ano e trata-se de uma exigência descrita no contrato assinado em 2015.

Caso não quite o débito, ainda que parcialmente, a empresa corre o risco de perder a concessão para o fornecimento do serviço outorgado pela Aneel. Sem uma solução definitiva para a crise, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), estuda a privatização do braço deficitário da companhia.

Segundo o diretor-presidente da CEB Holding, Edison Garcia, a empresa aportou R$ 48 milhões nos primeiros seis meses de 2019 para quitar os passivos. Esse montante foi arrecadado com uso de dividendos da companhia. Para fazer o segundo pagamento, vai captar recursos de operações financeiras. Dessa forma, nem um centavo sairia do Tesouro do DF, a Fonte 100.

“Faremos esse aporte para reduzir o endividamento e melhorar índices de sustentabilidade econômica e financeira, e vamos quitar a dívida. Enfrentamos diversas faixas de endividamento e pretendemos atacar os encargos financeiros com as taxas mais elevadas”, disse Garcia.

A estatal tem usado as contas de luz dos consumidores como garantia de empréstimo. Desde junho, quem recebe em casa os boletos vê no campo “mensagens importantes” a seguinte informação: “Crédito cedido fiduciariamente”.

Recursos alternativos

Em outra vertente da busca por verbas está a venda de itens não utilizados. Recentemente, a área de administração e suprimentos da CEB Distribuição mapeou o volume de sucata de materiais descartados pela companhia que serão leiloados com o objetivo de reforçar a receita e reduzir as despesas de armazenamento. O evento está previsto para o final de agosto, e a empresa estima arrecadar de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões.

A CEB separou sucatas de transformadores sem funcionamento e de carros, cabos de cobre e de alumínio, além de centenas de postes que serão colocados à venda.

Segundo o superintendente de administração e suprimentos da companhia, Wellerson Santos, o critério para a escolha de produtos foi específico. “Aqueles transformadores, por exemplo, que sofreram um dano excessivo, ou seja, que o investimento na recuperação atingiria 50% do seu valor, viraram sucata. Esse é o critério técnico que utilizamos”, disse.

Ainda de acordo com a empresa, o valor arrecadado no leilão será investido para a melhoria do serviço aos clientes.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?