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Bancas de jornal do DF se reinventam para sobreviver à crise

Preocupados com a baixa demanda por jornais e revistas, jornaleiros repensam modelo de negócio e passam a oferecer serviços diversificados

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Felipe Menezes/Metrópoles
Bancas de jornal
1 de 1 Bancas de jornal - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Não tem jeito. A turbulência econômica vai demorar para dar uma folga aos brasileiros. Para quem ainda tem emprego ou um pequeno negócio, o jeito é se reinventar. E os donos das quase mil banquinhas de jornal do Distrito Federal já estão acostumados. Com uma média de quatro estabelecimentos indo à falência todo ano, segundo o Sindicato dos Jornaleiros do DF (SindjorDF), eles têm apostado na criatividade para garantir o sustento e sobreviver à crise do papel.

Para se ter uma ideia, no Brasil, o volume de vendas no varejo do segmento “livros, jornais, revistas e papelaria” segue em baixa contínua desde fevereiro de 2014, na comparação com os anos anteriores. Em maio de 2016, o índice atingiu a queda mais acentuada da série histórica, chegando a um percentual de 24,4%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o presidente do SindjorDF, José Maria Cunha, as bancas foram um negócio lucrativo de 1970 até o fim da década de 1980. “Mas logo depois, veio o advento da internet e a venda de jornais e revistas em panificadoras e supermercados. Isso deu uma rasteira violenta na gente. A modernidade está vindo e temos de nos adequar a ela”, diz.

Outros produtos
As bancas têm permissão por Lei Distrital  – nº 324/1992 e nº 19.883/1998 – para vender outros produtos além de jornais e revistas, contanto que o espaço destinado à venda de artigos extras não ocupe mais que um terço do local. Salgados, sucos, cigarros e artigos de papelaria são permitidos, assim como serviços de xerox e o funcionamento de uma mini-lanchonete.

Em Taguatinga Norte, a Banca Alternativa é famosa pelos pães de queijo congelados e pelo atendimento VIP dado aos clientes. Eles recebem mensagens de WhatsApp assim que as publicações preferidas chegam às mãos da jornaleira Maria Vilma da Costa, 44 anos. Ela ainda publica fotos de produtos no Facebook e vende lingeries por catálogo.

“Quando chega um produto, já vou tirando foto, enviando para o cliente e reservando. Foi uma das formas que encontrei de conquistar o consumidor, além do pão de queijo. Não ganho daqui, mas ganho dali”, diz a empreendedora, que há 18 anos depende da banca como fonte de renda da família.

Para sobreviver à crise, Maria Vilma passou a aceitar cartões de débito e crédito e a revezar o atendimento com os filhos, Carolline, 23, e Vinícius, 17. Mas ela conta que já chegou a ter dois funcionários. “Está dando para levar. A gente não tem como pagar funcionário, então, vamos nos virando.” Segundo o sindicato da categoria, cada banquinha chegava a gerar de três a cinco empregos diretos.

Felipe Menezes/Metrópoles
Irmãos e chefes de cozinha, Clayton (esquerda) e Branco Queiroz preparam sanduíches, açaís, saladas e massas na banca da 303 Sul: “As vendas de jornal e revista devem representar 4% do nosso rendimento”, diz Clayton.

Em alguns casos, investir em outros nichos virou prioridade do estabelecimento. É o caso da banca Avenida 07, localizada na 303 Sul. Gerenciado desde 2014 pelos irmãos e chefes de cozinha Clayton Queiroz, 45, e Branco, de 43, o comércio está ganhando fama pelos wraps recheados, e quase não é mais lembrado como banca de revistas e conveniência.

“Há um ano e meio, incluímos massas e saladas no cardápio. Hoje, fazemos tele-entrega e estamos em um aplicativo de comidas e nas redes sociais. Recebemos muitos pedidos na hora do almoço”, diz Clayton.

No Plano Piloto, a maioria está de portas fechadas. Hoje, a notícia chega muito rápido pela internet e ninguém mais compra jornal. As vendas de revista e jornal devem representar 4% do nosso rendimento

Clayton Queiroz
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A Banca da Conceição, na quadra-modelo 308 Sul, aposta em eventos culturais para atrair o público: “Os eventos mantêm a banca. Eles são uma isca porque trazem pessoas que acabam comprando livros e objetos”.

 

Eventos culturais também viram solução para atrair público e gerar consumo nesses pontos de vendas. Na Banca da Conceição, na quadra-modelo 308 Sul, encontros, exposições e apresentações musicais acontecem com frequência desde a inauguração, há um ano e cinco meses. “Os eventos mantêm a banca. Eles são uma isca e me dão mais rentabilidade porque trazem pessoas para cá, que acabam comprando livros e objetos”, explica a jornalista e empreendedora Conceição Freitas, 58.

Quem vai à lojinha especializada em livros e publicações sobre Brasília e arquitetura encontra mais de 300 títulos à disposição. “Em alguns momentos, a crise bateu feio na banca. Desde março de 2016, veio uma sequência de melhora, mas janeiro e fevereiro de 2017 foram os dois piores meses”, conta Conceição.

Veja como outros jornaleiros enfrentam a crise:

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Há 33 anos na 106 Norte, a tradicional Banca do Brito reúne fãs de álbuns de figurinhas todos os sábados. O aposentado Humberto Leite (direita), 75 anos, não perde um encontro e sempre consome alguma coisa. "A história das figurinhas começou em 1998 e é o que mantém a banca viva. Por causa delas, consegui aumentar minhas vendas em 30%", diz José Brito (esquerda), 52, no comando da banca desde os 19 anos.
João Alberto Bandeira (esquerda), 38 anos, e a turma do choro se reúnem todo sábado na Copacabanca (208 Sul), a partir das 10h30. O comerciante Carlos Valença, 64, também organiza encontro de poetas e registra no Facebook: "Essa roda é o que chama a atenção e acabo vendendo mais um pouquinho pagar o aluguel da concessão. Se a roda acabar, vou ter prejuízo".
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Meire de Freitas, 41 anos, comanda a lanchonete A Barraca, na QE 30 do Guará II, onde cuscuzes e tapiocas de carne de sol com nata fazem grande sucesso. Da antiga banca, só sobrou a venda de jornais: "As pessoas vêm por causa do lanche. O horário mais cheio é a partir das 16h e se estende até as 23h".

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Há 33 anos na 106 Norte, a tradicional Banca do Brito reúne fãs de álbuns de figurinhas todos os sábados. O aposentado Humberto Leite (direita), 75 anos, não perde um encontro e sempre consome alguma coisa. "A história das figurinhas começou em 1998 e é o que mantém a banca viva. Por causa delas, consegui aumentar minhas vendas em 30%", diz José Brito (esquerda), 52, no comando da banca desde os 19 anos.

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João Alberto Bandeira (esquerda), 38 anos, e a turma do choro se reúnem todo sábado na Copacabanca (208 Sul), a partir das 10h30. O comerciante Carlos Valença, 64, também organiza encontro de poetas e registra no Facebook: "Essa roda é o que chama a atenção e acabo vendendo mais um pouquinho pagar o aluguel da concessão. Se a roda acabar, vou ter prejuízo".

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Saiba mais
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) disponibiliza on-line e gratuitamente a cartilha Como montar uma banca de revistas, com dicas para diversificar o negócio, além de cursos sobre Criatividade e Inovação.

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