Arroz e óleo fazem preço da cesta básica no DF aumentar 17%, a maior variação do ano
Segundo o levantamento do Dieese, das 17 capitais pesquisadas, a maior alta de preços em novembro foi em Brasília
atualizado
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Segundo pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada nessa segunda-feira (7/12), Brasília teve a maior alta de preço da cesta básica do ano para o mês de novembro. O valor do conjunto de alimentos básicos para uma pessoa adulta chegou aos R$ 572,64, um aumento de 17,05% em relação ao preço médio calculado em outubro, que era de R$ 489,23.
Da mesma forma, a variação foi a maior registrada dentre as 17 capitais pesquisadas pela instituição. Após Brasília, aparecem Campo Grande, com aumento de 13,26%, e Vitória, com alta de 9,72%.
Consumindo 59,24% do salário mínimo atual, a compra dos itens alimentícios básicos exige que candangos e candangas trabalhem, em média, 120 horas e 34 minutos.
Confira os dados:
Os vilões: arroz e óleo
A economista e supervisora técnica do Dieese em Brasília, Mariel Angeli Lopes, explica que os produtos que impulsionaram o aumento no DF foram o arroz e o óleo de cozinha. “O arroz subiu 15,24% devido, principalmente, à baixa oferta. Já o óleo, subiu 22,66% por causa das exportações”, esclarece Angeli.
Quanto ao aumento, que a especialista descreve como “tão expressivo” em relação a outras capitais, Angeli entende que a volta de coleta de preços da cesta de forma presencial passou um panorama mais real dos valores dos produtos. Desde março, devido à pandemia do novo coronavírus, o Dieese realizava a aferição dos preços de maneira virtual.
Segundo a especialista, o aumento não deve parar por aqui. “Nos últimos meses, os preços para os produtores subiram mais que para os consumidores”, detalha. Consequentemente, as medidas de isolamento social fizeram com que o produtores não repassassem os aumentos para a população. Contudo, com a retomada das atividades comerciais e a alta demanda devido às festas de fim de ano, “é esperado que os repasses da inflação, assim como aconteceu no setor de energia, continue no setor de alimentos”.
Veja outros dados do levantamento:
A técnica do Dieese elucida que os repasses à população começaram a ocorrer durante o segundo semestre do ano. “De junho a outubro, tinha-se aumento da demanda causado pelo isolamento social combinado à maior renda disponível, por causa do auxílio emergencial, então os produtores começaram a fazer os reajustes”, aponta Angeli. “Agora, isso tá sendo combinado com uma desvalorização maior do real, por isso compensa mais exportar do que vender no mercado interno”, argumenta.
Guidborgongne Nunes, economista do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF), reforça o alerta feito pela colega de profissão, apontando para a forte demanda do mercado estrangeiro diante do real desvalorizado. “As exportações elevam os preços dos alimentos, na medida em que ficou 40% mais barato para os países importadores”, comenta.
Segundo o perito, essa alta crescente nos preços atinge, principalmente, as camadas populacionais de menor renda, para quem a aquisição de comida consome a maior parte dos recursos. “É onde a inflação é mais forte e desigual”, conclui.