A ressaca de carnaval dói no bolso? Precisa de ajuda para lidar com as dívidas? Projeto aconselha os superendividados
Tribunal de Justiça do DF oferece apoio psicossocial e aconselhamento financeiro para descobrir a melhor forma de quitar os débitos
atualizado
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O carnaval passou e 2016 começa de vez após a quarta-feira de Cinzas. Com a folia apenas na memória, é hora de voltar à realidade e encarar as finanças. A crise econômica que tem assolado o Brasil nos últimos meses fez aumentar o número de pessoas inadimplentes no país. No Distrito Federal, a história não é diferente. Um em cada cinco brasilienses está endividado, segundo dados da Federação do Comércio do DF (Fecomércio-DF).
Para diminuir esses números e ensinar os consumidores a comprar de forma responsável, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) criou o Programa de Prevenção e Tratamento de consumidores Superendividados. Iniciado em janeiro de 2015, o projeto já cadastrou cerca de 1,6 mil pessoas que enfrentam dificuldades ao lidar com as dívidas, que já chegaram a R$ 26 milhões.
Segundo Rogério Machado, um dos coordenadores da iniciativa, o conceito de superendividado usado pelo programa é o de pessoa que “tem despesas maiores que suas fontes de renda mensal e, por isso, compromete o sustento da família ou até a própria dignidade”.
Depois de se inscrever no programa, os participantes passam por uma entrevista onde detalham todas as suas dívidas. Depois, assistem uma oficina de administração da renda, e podem ter sessões individuais com psicólogos e consultores financeiros. Por fim, se quiserem, o Tribunal realiza uma sessão de conciliação entre o devedor e a empresa.
Psicológico
O desespero para se livrar logo de uma dívida foi o que fez com que a funcionária pública M.S., de 49 anos, acabasse se envolvendo ainda mais em débitos. Ela chegou a dever R$ 124 mil após fazer um empréstimo em um banco. Segundo a servidora, o recebimento de salários estavam atrasados e ela teve dificuldades em pagar a dívida, que aumentava cada vez mais devido às taxas de juros.
Depois, o banco, que era o mesmo no qual ela recebia o salário, passou a consumir todos os recebimentos da servidora como compensação pelo débito. M.S. então, teve que utilizar cartões de crédito e acabou se vendo afundada em mais dívidas. “Eu já não acreditava mais que podia pagar. Estava muito frustrada e com a auto-estima baixa porque via todo o meu dinheiro ser consumido pelo banco”.
A dívida mexe com o lado emocional da pessoa. Ela acaba se sentindo pressionada e acaba fazendo empréstimos para pagar o débito. Então, as taxas de juros aumentam e tudo vira uma bola de neve. Quando colocamos todas as dívidas no papel, as pessoas se surpreendem com o quanto devem
Por isso, segundo os organizadores, é essencial fortalecer a parte psicológica dos devedores. “A gente não determina nada, mas ajudamos a pessoa a pensar de forma técnica e oferecemos um norte para a solução das dívidas”, afirma Rafael Rico, orientador financeiro da iniciativa.
Fonte das informações: TJDFT *Arte: Joelson Miranda/Metrópoles**
Conciliações
Em janeiro do ano passado, M.S. recorreu ao programa do TJDFT e afirma que foi muito bem acolhida. Depois dos aconselhamentos, a servidora decidiu não aceitar a proposta feita pelo banco durante a sessão de conciliação.
“A proposta não condizia com a minha renda mensal, e, depois de participar do programa, entendi que não preciso me desesperar para pagar tudo de uma vez. O projeto me fez perceber que não estou sozinha e passei a entender tenho que quitar meus débitos de forma responsável”, afirma. Hoje, M.S. espera resolver sua situação e se tornar voluntária do programa para Superendividados.
Como no caso de M.S., nem todos os devedores conseguem entrar em acordo com as empresas. Segundo dados do programa, das 458 audiências de conciliação realizadas, 362 terminaram em acordo, ou seja 79%. (Reportagem de Pedro Alves)
- Serviço
Quem quiser participar do Programa de Prevenção e Tratamento para Superendividados pode se inscrever pelo e-mail super@tjdft.jus.br. No texto, o interessado deve fornecer o nome completo, CPF, endereço e telefone.
Já quem quiser participar do programa como voluntário para auxiliar na organização do programa deve mandar e-mail para o reeducar$@tjdft.jus.br.