Durante poda, trator destrói horto comunitário no DF e causa revolta
Plantação no Lago Norte, responsável pela primeira destilação pública de óleos essenciais do DF, tinha inúmeras espécies de ervas medicinais
atualizado
Compartilhar notícia
Um horto comunitário do Lago Norte teve parte da vegetação destruída por um trator. O local, que fica dentro da unidade básica de saúde da cidade, abriga diversas plantas medicinais utilizadas em fitoterapia, tanto por pacientes da unidade quanto pela comunidade local.
O caso ocorreu na tarde dessa quinta-feira (6/8). De acordo com a Secretaria de Saúde, o acidente aconteceu durante o trabalho de poda anual feita nas proximidades pela administração regional. O motorista do trator não teria diferenciado a área de limpeza, importante para a dizimação de pragas, e avançou para a plantação.
Para quem usava a área, sobrou o desapontamento e a revolta. Carlo Henrique Zanetti, professor doutor de saúde coletiva pela Universidade de Brasília (UnB) e um dos responsáveis pelo local, ressaltou que recebeu a notícia como uma “violência contra o esforço coletivo”. E que o horto recebeu mais de R$ 5 mil em doações.
“Além das incalculáveis horas de investimento de pessoas altamente capacitadas”, acrescentou o especialista. No espaço antes destinado às plantas, o aluno de ciências ambientais Alencar Kos, 25 anos, lastimou o resultado da ação: “Tinha vida e agora só sobrou a poeira”.
Criado no início do 2019, o espaço foi cultivado como iniciativa da Secretaria da Saúde (SES/DF) para promoção de práticas integrativas e na produção de plantas em sistema agroflorestal. Ainda no ano passado, foi possível a realização da primeira destilação pública de óleos essenciais, usados em aromaterapia, do DF. Além disso, a comunidade discente da UnB também utiliza o local para prática de estágio.
Novo plantio
Médico e superintendente substituto da região central de Brasília, assim como responsável pelo posto de saúde do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Ricardo Monteiro esclareceu que cerca de 20% da área foi danificada, mas o solo será “repreparado” para novo plantio, e ainda que o horto receberá cercas para que o episódio não se repita.
Monteiro aproveitou também para reiterar a importância do projeto, que conta “com participação de várias organizações ambientais e proteção da natureza”.
A Administração Regional do Lago Norte não havia se pronunciado sobre o caso até a última atualização desta reportagem.